Sugestão de missão para o PAN no Novo Ano

No Natal sugeri ao PAN uma política de habitação para os bernardos-eremitas sem abrigo.

No último dia do ano faço outra sugestão: corrigir a imensa vergonha que é Portugal nem sequer ter atribuído um Animal Protection Index.  Podia não ser excelente como o do Reino Unido, podia ser fraquito como o de Espanha, ou, em desespero, podia mesmo ser mau como o do Irão. Mas zero, nada, niente, nihil, nothing, rien, nichts?

"Eleições faz de conta". Transferências de voto

Há várias diferenças nas sondagens do Observador/TVI/Pitagórica em relação às da Intercampus para o Correio da Manhã que comentei aqui. O PS e o PSD têm mais intenções de voto, o BE e o PC caiem ainda mais, ao contrário do Chega que sobe e surge claramente como o terceiro maior partido. O pouco verosímil resultado do IL (4,5%) aparece agora mais razoável (2,4%).

Entretanto, o estudo do Observador inclui estimativas das transferências de votos relativamente às últimas eleições (atenção: não inclui a distribuição de indecisos).


Destaco os aspectos que me parecem mais significativos:
  • O crescimento do PS faz-se muito à custa da transferência de votos do BE;
  • O voto do CDS que se transforma numa espécie de abono de família para vários partidos, nomeadamente para o Chega;
  • A CDU que continua com eleitorado muito fiel ainda que evanescente;
  • O Chega que mobilizou eleitores que votaram branco ou nulo ou se abstiveram nas eleições anteriores, ou seja eleitores que não se sentiam representados pelos partidos existentes e que agora representam mais de um quinto das intenções de voto do Chega.

29/12/2020

CASE STUDY: Trumpologia (72) - That's the end. Yes, it is

Mais trumpologia.

Não, a derrota de Donald Trump não se consumou com as últimas contagens, nem nem com a decisão dos tribunais, incluindo do Supremo Tribunal, de não reconhecer legitimidade às alegações de fraude eleitoral, nem com a votação do Colégio Eleitoral de 306 contra 232. A derrota consumou-se com as palavras do Czar Vladimir Putin numa mensagem a Joseph Robinette Biden Jr. : «Со своей стороны готов к взаимодействию и контактам с вами».

Para que não houvessem dúvidas, num raro voto bipartidário a Câmara anulou ontem o veto do presidente Trump ao projecto de lei militar anual.

28/12/2020

Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (65) - Em tempo de vírus (XLII)

Avarias da geringonça e do país seguidas de asfixias

«É verdade: os portugueses foram enganados»

Desta vez é oficial. Foi S. Ex.ª que o disse a propósito da vacina para a gripe, mas poderia tê-lo dito a propósito de qualquer outra coisa. Ressalvo que não foram todos os portugueses, há excepções de portugueses, muitos em número e poucos em percentagem, que anteciparam os resultados da governação do Dr. Costa em sociedade com a trupe de estalinistas, trotskistas, maoistas and all that jazz, todos eles adoradores do Estado que não apreciam a liberdade e detestam o que chamam "os privados".

TAP, uma companhia de bandeira socialista com uma estratégia pedronunista

O Dr. Pedro Nuno Santos parece pensar que ficaria bem num operador de aviação um CEO mediático. Ele ficaria satisfeito com um apparatchik socialista a quem pudesse comandar, mas alguém lhe deve ter dito que isso seria meio caminho para apressar o desastre, em qualquer caso inevitável. Ora acontece que um CEO de nível internacional, além de não estar para aturar os tiques do pedronunismo, não deverá estar ansioso por entrar a bordo de um operador com má reputação de um país periférico, arriscando o fim da sua carreira, a não ser que já esteja no fim dela, mas, ainda assim, exigirá um salário incomportável para os padrões portugueses. Em boa verdade, seria provavelmente um desperdício de dinheiro e talvez por isso, o Dr. Pedro Nuno Santos, como até agora não conseguiu um cordeiro sacrificial, mandou avançar a reestruturação, não lhe ocorrendo a ideia de que um CEO seria sobretudo importante para a reestruturação.

Quem se mete com o PS leva

Refrescando a memória: quando foi conhecida a morte do cidadão ucraniano às mãos do SEF, o agitprop socialista fez circular a ideia de que a certidão de óbito referia causas naturais. Uma grosseira mentira, como se veio a saber mais tarde graças ao médico legista Carlos Durão que ligou em Março para a Polícia Judiciária «a dizer que Ihor Homeniuk tinha sido vítima de homicídio». Foi agora despedido com o pretexto de ter publicado um estudo sem proteger a identidade do cadáver.

Boa Nova


«Enquanto ainda estamos a executar o PT2020 já temos o PT2030» e «em novembro, o emprego voltou a crescer», anunciou entre outros amanhãs que cantam o Dr. Siza Vieira que vai perdendo o siso que em tempos lhe atribuí.

Choque da Boa Nova com a realidade

Segundo o Expresso, chegaram menos de 10 mil doses que só serão suficientes para vacinar um quarto dos profissionais de saúde.

Segundo o INE, «a informação disponível para novembro revela uma interrupção da recuperação parcial da atividade económica observada desde maio, com um ritmo mais lento em setembro e outubro». Segundo a Segurança Social, «o número de beneficiários de prestações de desemprego cresceu 40,3% em Novembro, face ao período homólogo, e 2,3% em comparação com Outubro, para 228.215» (Público)

27/12/2020

De volta à Covid-19. Colocando a ameaça em perspectiva (47) - Qual a letalidade da Covid-19? (7) Ainda o caso de Portugal

Este post faz parte da série De volta à Covid-19. Colocando a ameaça em perspectiva e é uma continuação de Qual a letalidade da Covid-19? (6) O caso de Portugal

Recordando a distinção entre taxa de letalidade, que relaciona o número de óbitos com o número de infectados, e a taxa de mortalidade que relaciona o número de óbitos causados por uma epidemia com a população, num caso e noutro com referência a uma determinada área (mundo, pais, região, cidade, etc.).

Recordando também algumas das patetices que os mídia foram publicando (ver aqui alguns exemplos dos dislates produzidos), confundindo mortalidade com letalidade e não percebendo que, sendo o número de infectados testados e conhecidos sempre inferior ao número total de infectados, à medida que são feitos mais testes o denominador aumenta mais rapidamente do que o numerador.

No passado dia 3, na reunião do Infarmed de ponto de situação da pandemia, Henrique Barros, o presidente do Conselho Nacional de Saúde, citado pelo Expresso, afirmou «que neste momento haverá já um milhão de pessoas que teve contacto» com o vírus e «entre 15% a 20% da população já estará imunizada, por contacto com vírus. Se estará eficazmente protegida é uma das faces desta incerteza que temos».

Poderia parece estranho a quem não conheça os mídia portugueses que a contradição entre um milhão que teve contacto e 1,5 a 2 milhões que estará imunizada por contacto tenha passado em claro sem uma referência.

Já não parece tão estranho que se um milhão - o menor daqueles números de pessoas que tiveram contacto com o vírus - tiver fundamento nos dados reais, nesse caso a taxa de letalidade correspondente aos actuais menos de 7 mil óbitos atribuídos ao vírus seria ao redor dos 0,7%, ou seja menos de metade do 1,7% que resulta da comparação desses 7 mil óbitos com os cerca de 400 mil infectados detectados nos testes até hoje, e ainda uma fracção muito menor do que as letalidades que vêm sendo referidas pelos mídia.

Um Serviço de Desenvolvimento de Identidade de Género pode ser uma espécie de clínica do Dr. Mengele

A Tavistock and Portman NHS Foundation, uma organização inspirada na ideologia da identidade de género, gere uma clínica "transgénero" dedicada à mudança de sexo em Inglaterra e Gales que durante dez anos administrou "supressores de puberdade", um coquetel hormonal para travar o desenvolvimento normal da sexualidade, a milhares de crianças e adolescentes com disforia sexual (ver gráfico aqui ao lado).

Algumas dessas crianças arrependeram-se anos mais tarde de ter mudado de sexo e quiseram reverter essa mudança que geralmente tem consequências irreversíveis.

Um ser humano comum (normal no sentido gaussiano) verá essas práticas de mudança de sexo como algo patológico, sobretudo quando têm como objecto crianças sem maturidade para escolher um percurso académico quanto mais decidir sobre o seu sexo. Infelizmente, os exemplares desta espécie de Dr. Mengele que praticam essas barbaridades estão possuídos pelo culto da identidade de género que faz parte da religião do politicamente correcto e não são assaltados por essas dúvidas.

Felizmente, no dia 1 de Dezembro três juízes que julgaram a acção de Quincy Bell, uma das vítimas, contra Tavistock and Portman NHS Trust tomaram a uma decisão histórica que vem limitar estas práticas. Vale a pena lei o sumário da decisão (tradução semiautomática):

«1. Este pedido de revisão judicial dizia respeito à legalidade da prática do Tavistock and Portman NHS Trust, por meio do seu Gender Identity Development Service (GIDS), que prescreve medicamentos supressores da puberdade para crianças que sofrem de disforia de género. Disforia de género é uma condição em que as pessoas experimentam angústia por causa de uma incompatibilidade entre sua identidade percebida e seu sexo natal, isto é, o seu sexo no nascimento. Essas pessoas têm um forte desejo de viver de acordo com sua identidade percebida, em vez do que seu sexo natal. As drogas supressoras da puberdade foram prescritas para crianças a partir dos 10 anos para interromper a processo da puberdade, ou seja, os processos biológicos que, de outra forma, ocorreriam e levariam ao desenvolvimento das características sexuais primárias e secundárias.

2. Havia dois requerentes. Quincy Bell nasceu mulher e, por volta dos 15 anos, foram-lhe prescritas drogas 
supressoras da puberdade para interromper o processo de desenvolvimento das características sexuais femininas. No final ela mudou para um homem tendo tomado hormonas de sexo cruzado para promover as características masculinas e foi depois submetida a cirurgia. "A" é mãe de uma menina de 15 anos. "A" está preocupada que sua filha possa ser encaminhada ao Gender Identity Development Service e lhe possam ser prescritos supressores da puberdade. Os reclamantes alegaram que a prática de prescrever drogas supressoras da puberdade para crianças menores de 18 anos era ilegal, pois elas não tinham competência para dar consentimento válido ao tratamento. 

3. O tribunal  neste caso concentrou-se nos requisitos legais para obter o consentimento para a realização de tratamento médico. O tribunal não pretendeu decidir se havia benefícios ou desvantagens no tratamento de crianças com disforia de género com drogas 
supressoras da puberdade. A questão legal no caso dizia respeito à identificação das circunstâncias em que uma criança era competente por lei para dar consentimento válido para o tratamento.

4. O tribunal considerou que, para que uma criança ser competente para dar um consentimento válido, a criança teria de compreender, reter e pesar as seguintes informações: (i) as consequências imediatas do tratamento em termos físicos e psicológicos; (ii) o facto de que a grande maioria dos pacientes a quem são administradas drogas de bloqueio da puberdade passam a tomar hormonas do sexo cruzado e estão, portanto, num processo para intervenções médicas mais profundas; (iii) a relação entre a ingestão de hormonas sexuais cruzadas e a cirurgia subsequente, com as implicações de tal cirurgia; (iv) o facto de que as hormonas do sexo cruzado podem conduzir a uma perda de fertilidade; (v) o impacto das hormonas do sexo cruzado na função sexual; (vi) o impacto que esse passo no processo de tratamento pode ter em relacionamentos futuros e ao longo da vida; (vii) as consequências físicas desconhecidas de tomar drogas 
supressoras da puberdade; e (viii) o facto de que a base de evidências para esse tratamento ainda é altamente incerta. 

5. O tribunal considerou que era altamente improvável que uma criança de 13 anos ou menos fosse competente para dar consentimento à administração de drogas 
supressoras da puberdade. Também era duvidoso que uma criança de 14 ou 15 anos poderia compreender e pesar os riscos e consequências a longo prazo da administração de drogas supressores da puberdade. 

6. No que diz respeito aos jovens com 16 anos ou mais, a situação legal é que existe na lei presunção de que eles têm a capacidade de consentir o tratamento médico. Dadas as consequências de longo prazo das intervenções clínicas em questão neste caso, e dado que o tratamento ainda é inovador e experimental, o tribunal reconheceu que os médicos devem considerar estes como casos em que deve ser pedida a autorização do tribunal antes de iniciar o tratamento com drogas 
supressoras da puberdade.»

26/12/2020

SERVIÇO PÚBLICO: A verdade só é como o azeite com uma imprensa livre e gente independente, uma e outra em risco na democracia asmática do PS

Porque teria o governo do Dr. Costa optado por usar apenas o financiamento a fundo perdido do Fundo de Recuperação (a bazuca) não utilizando o empréstimo em condições vantajosas? Estranhamente a comentadoria do regime ignorou, por razões que não são estranhas, esta opção do governo. Lembrando-me vagamente de já ter lido uma explicação plausível, fui procurar e aqui está a explicação de Daniel Bessa, um ex-ministro da Economia de Guterres durante cinco meses (saltou do comboio socialista, logo que percebeu para onde ia).

«Na hora de apresentar aos portugueses um primeiro esboço do programa de utilização dos €26,1 mil milhões, que terá de ser submetido à Comissão Europeia até ao próximo dia 15 de outubro, António Costa referiu-se apenas a €15,3 mil milhões, deixando escapar, quase entredentes, que Portugal não se candidataria aos €10,8 mil milhões que nos foram atribuídos a título de empréstimo. Portugal não quer empréstimos, só aceita fundo perdido. Razão invocada: a dívida pública portuguesa já é muito elevada. (...)

O primeiro-ministro de Portugal congratulou-se com os €750 mil milhões do Fundo de Recuperação mas, na hora de nos dizer de quanto dinheiro dispúnhamos, nunca incluiu os €10,8 mil milhões deste Fundo que nos foram atribuídos a título de empréstimo. Não mentiu. Tardou apenas algum tempo, e deu algum trabalho para que se tornasse claro. (...)

Com as contas mais equilibradas, o problema do excesso de dívida pública não desapareceu, vendo-se agora subitamente agravado pela crise económica e social provocada pela pandemia. O défice público está de regresso, e apenas em 2020 e em 2021, fazendo fé nas contas e nas projeções do Governo, o Estado Português terá dois défices que, somados, rondarão os €27 mil milhões, aumentando no mesmo montante a dívida pública. O Governo português recusa €10,8 mil milhões de empréstimo da UE porque está muito endividado, mas vai endividar-se, no mesmo período, em €27 mil milhões. Porquê? Porque os primeiros teriam de financiar investimento público e privado, acompanhado de reformas, enquanto os segundos financiarão consumo público, mesmo na parte em que este se vai ver aumentado, pese embora a enorme redução de receita. Algum deste aumento do consumo público não é estritamente indispensável e, em matéria de reformas, não haverá nenhuma.»

A verdade, como o azeite...Daniel Bessa

25/12/2020

Sugestão de Natal para o PAN: uma política de habitação para os bernardos-eremitas sem abrigo

Recentemente, na Tailândia foi lançado um apelo público para a recolha de conchas para abrigar os bernardos-eremitas que nas praias desertas de turistas se multiplicaram rapidamente criando uma escassez de conchas.

Espero que o grupo parlamentar do PAN apresente um projecto de lei para proporcionar conchas para Paguroidea, espécie vulgarmente conhecida por caranguejo-eremita ou bernardo-eremita.

Se acha que, por não existiram bernardos-eremitas nas praias portuguesas, seria um projecto de lei lunático, pense duas vezes e veja as mais de 300 iniciativas apresentadas pelo agora deputado único do PAN ou pela deputada dissidente, como o grupo de trabalho para resolver conflitos entre gaivotas e humanos.

24/12/2020

Draining the swamp

«President Trump issued 26 more pardons on Wednesday, granting clemency to individuals including former campaign chairman Paul Manafort, longtime adviser Roger Stone and Charles Kushner, his son-in-law’s father.

Mr. Trump, who used the clemency power only sparingly early in his term, appears to be freely exercising it in his final weeks in office to grant reprieves to allies and associates in his political orbit. In addition to the acts of clemency announced this week, last month he pardoned his former national-security adviser Mike Flynn, who had pleaded guilty to lying to the Federal Bureau of Investigation.

Messrs. Stone and Manafort played instrumental roles in the president’s political rise, with Mr. Manafort serving as his campaign chairman in 2016 and Mr. Stone acting as a longtime political confidant. Both men were charged as part of former special counsel Robert Mueller’s investigation of Russian interference in the 2016 election. The elder Mr. Kushner was sentenced to two years in prison on charges related to witness tampering during a federal investigation of his business more than a decade ago.

An analysis by Harvard Law professor and former Justice Department official Jack Goldsmith found that 60 of the 65 pardons Mr. Trump granted before Wednesday went to individuals with personal or political connections to the president. Mr. Trump has bypassed the normal Justice Department process for reviewing pardons, frequently hearing appeals for clemency directly from celebrities or other friends, business associates or political allies

Wall Street Journal 

Mitos (309) - O contrário do dogma do aquecimento global (XXV)

Outros posts desta série

Em retrospectiva: que o debate sobre o aquecimento global, principalmente sobre o papel da intervenção humana, é muito mais um debate ideológico do que um debate científico é algo cada vez mais claro. Que nesse debate as posições tendam a extremar-se entre os defensores do aquecimento global como obra humana – normalmente gente de esquerda – e os negacionistas – normalmente gente de direita – existindo muito pouco espaço para dúvida, ou seja para uma abordagem científica, é apenas uma consequência da deslocação da discussão do campo científico, onde predomina a racionalidade, para o campo ideológico e inevitavelmente político, onde predomina a crença.

As mudanças climáticas são tratadas nos mídia quase sempre com um fervor religioso incompatível uma abordagem racional, já não digo científica. É raro encontrar uma alma que aborde a coisa com o cepticismo, o equilíbrio e a dúvida cartesiana que o tema exige, como se faz João M. A. Soares no artigo As alterações climáticas e a escala temporal do homem no universo de onde respigo o excerto seguinte:

«Mas façamos agora o mesmo exercício – porque é o Homem, “esse malvado”, que nos interessa aqui – e imaginemos um segundo relógio virtual que tem o seu momento “zero horas” aquando do início da Terra (há 4,5 mil milhões de anos) e o seu momento “24 horas” agora, neste exacto dia e neste preciso momento em que lê este texto:

- O relógio começou pois a contar o tempo quando o Universo se formou e só às 6h00 da manhã se terá verificado o início da fotossíntese;
- Às 13h18 começou a formar-se uma atmosfera rica em oxigénio;
- Só às 21h12 se regista a primeira vida (unicelular) sobre o planeta;
- Às 22h00 regista-se o aparecimento dos primeiros vertebrados terrestres;
- Às 22h54, fruto de milhões de anos de movimentos telúricos, do resultado da fotossíntese e do correspondente desenvolvimento da vida vegetal, ocorre a “idade das florestas de carvão”;
- Às 23h05 (estamos quase na meia-noite !!!) surgem os precursores dos hominídeos (grandes primatas);
- Às 23h18 terá existido e proliferado o Austrolophitecus, uma diferenciada variedade dos hominídeos;
- Às 23h37 ter-se-á diferenciado o Homo habilis (“primo” afastado dos primatas que conhecemos), já capaz de fabricar instrumentos e utensílios rudimentares, enquanto evolui simultaneamente o Homo erectus, já capaz de usar e dominar o fogo;
- Às 23h55 (há 200 mil anos) os primeiros humanos começam a distinguir-se dos restantes primatas. Repare-se que foi apenas há cinco minutos !!! (em relação ao momento actual);
- Às 23h59 minutos (há apenas um minuto!!!) concretiza-se a extinção impõe-se o Homo sapiens…!

E para não continuar, pode concluir-se que Cristo nasceu há… 0,04 segundos!!!!

Tudo isto afinal para dizer que é de uma enorme soberba e jactância que os “sábios”, com os seus (indiscutivelmente) sofisticados computadores e modelos matemáticos da evolução do Planeta (usando apenas 150 anos de dados estatísticos), os activistas de agendas totalitárias e os políticos oportunistas, nos venham “garantir” que é preciso “salvar” o Planeta e que são os 7,8 mil milhões de humanos os PRINCIPAIS responsáveis por mudanças cósmicas tão complexas como as alterações climáticas.»

23/12/2020

Profissões perigosas na Rússia do Czar Vladimir: político da oposição, jornalista e médico

Já se sabia que na Rússia do Czar Vladimir ser político da oposição ou jornalista são profissões perigosas com anormal propensão a acidentes, envenenamentos e suicídios. Desde a pandemia há uma outra profissão com perigosidade semelhante. 

Desta vez são médicos que caiem das janelas de hospitais vítimas da Covid. Não, não morrem por Covid ou com Covid, morrem talvez porque estão relacionados com a Covid, ou porque são críticos das medidas contra a pandemia, ou porque trabalham numa vacina, como o mais recente que foi esfaqueado e caiu de uma janela - foi o sexto este ano.

Temei as paixões socialistas, sobretudo as da educação

Ricardo Reis, um economista e professor no departamento de economia da London School of Economics, com uma coluna semanal no Expresso, confessou que em 2013 escreveu «claro que a paixão socialista pelo ensino foi um sucesso». Sete anos depois, já devidamente instruído pelos resultados da paixão socialista, faz um balanço realista do desastre e escreve A paixão morreu, de onde respigo o excerto seguinte:

«António Costa chegou ao Governo em 2015. Começou escolhendo Tiago Brandão Rodrigues para ministro. A sua experiência no sector era tão reduzida que os jornais só conseguiam realçar que ele tinha sido voluntário durante uns meses nos Jogos Olímpicos de Londres. Enquanto a maio­ria dos ministros da Educação até então tinha currículos académicos extensos, recheados de publicações, cátedras e reito­rias, Rodrigues era ainda apenas um investigador associado de um laboratório. O spin do PS na altura vendeu a sua carreira como de enorme distinção científica, na calha para um prémio Nobel, quando ele não fazia sequer parte do quadro de professores de um departamento.

A imprensa deu-lhe justamente o benefício da dúvida, tendo em conta a sua juventude. Hoje, cinco anos depois, podemos cobrar. Durante a maior parte do seu mandato, Rodrigues não se deu sequer ao trabalho de nomear administradores para a Parque Escolar. Os edifícios deterioram-se. Depois do que sofreram Marçal Grilo, Oliveira Martins ou David Justino para impor o bem-estar dos alunos ao sindicato nas negociações com a Fenprof, Rodrigues cedeu quase sempre. Os exames no 4º ano foram cancelados e a prioridade mudou da excelência para a inclusividade. Os ganhos continuam ilusórios, mas a perda de excelência já é clara nos números, com uma redução nas notas dos alunos nos testes internacionais. Ainda muitos se lembram, com aprovação ou reprovação, da visão obstinada e da determinação de Lurdes Rodrigues ou Nuno Crato. Ao ministro da Educação Rodrigues, que está há mais tempo continuamente em funções do que qualquer outro no pós-25 de Abril, é difícil apontar uma ideia clara, um objetivo orientador ou uma visão para a educação em Portugal, para além de culpar o Governo anterior sempre que corre algo mal.

No ensino superior, tem sido penoso ver o ministro Manuel Heitor, ao longo dos anos, defender ideias e anunciar medidas com bom senso (algumas melhores e outras piores) para depois realizar muito pouco, porque as verbas ficaram cativadas. Na ciência, a cada ano que passa crescem na comunidade de investigadores as críticas à FCT, em parte pelas suas decisões erráticas e procedimentos atrasados, em parte pela exiguidade de fundos. Onde houve progresso nestes anos, ele partiu quase sempre da iniciativa de uma ou outra universidade.»

22/12/2020

"Eleições faz de conta". Pequenas alterações para os grandes e grandes alterações para os pequenos

Mais sondagens da Intercampus para o Correio da Manhã e o Jornal de Negócios (citadas pelo Observador), com resultados próximos das anteriores no que respeita aos maiores partidos (PS 39%, 38%), PSD (25%, 23,6%), mas com outras diferenças assinaláveis:
  • O Bloco de Esquerda desce de 8% para 7,3% e fica abaixo do Chega que sobe de 7% para 7,7%;
  • O CDS e o PAN melhoram de 2% para 3,2% e de 2% para 3,4%, respectivamente
  • A maior subida (pouco verosímil) é do IL de 1% para 4,5%
  • A maior descida é a da CDU dos comunistas de 7% para 5,4%.
Se as oscilações nos partidos mais pequenos não têm grande significado, dada a dimensão das amostras e o peso relativo de cada um deles, já os resultados no que respeita ao PS versus PSD são mais verosímeis e vão no mesmo sentido que é o PSD de Rui Rio continuar a afundar-se e PS apresentar-se imunizado das consequências da sua péssima governação, o que parece ser um fenómeno verificado em vários países durante a pandemia em relação aos partidos que governam.

21/12/2020

Proposta Modesta para Fomentar a Consolidação Fiscal do Estado Sucial e Torná-lo Cada Vez mais Sulidário

Em 1729 Jonathan Swift publicou um panfleto satírico com o título longo e insólito A Modest Proposal: For Preventing the Children of Poor People in Ireland from Being a Burden to Their Parents or Country, and for Making Them Beneficial to the Public.

Desde então, inúmeras Propostas foram baptizadas de «Proposta Modesta». O (Im)pertinências, com quase quatro séculos de atraso, apresentou já várias Propostas Modestas, três delas Para Evitar que os Áctivistas Desperdicem Acções e Indignações.

Chegou agora a vez de uma outra Proposta Modesta, desta vez a ressurreição da Licença Anual para Uso de Acendedores e Isqueiros, inspirada na taxinha inventada nos anos 30 pelo Estado Novo para proteger a indústria dos fósforos.

Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (64) - Em tempo de vírus (XLI)

Avarias da geringonça e do país seguidas de asfixias

O socialismo faz nacionalizações que começam por não custar nada

O paradigma é a nacionalização do BPN anunciada pelo saudoso Dr. Teixeira dos Santos como não custando nada e saudada com entusiasmo pelo Querido Líder Dr. Louçã. Na última vez que o nada foi estimado, o Tribunal de Contas chegou a 6.200.000.000 € .

Quem diz nacionalizações diz intervenções em várias modalidades que na banca desde 2008 já vão em 21 mil milhões.

TAP, uma companhia de bandeira socialista ou de como os Drs. Costa e Nuno Santos são uns génios da aviação e os governantes de outros países são imbecis

Primeiro o governo deu uma prenda ao Sr. Neeleman, livrando-o de se enterrar na TAP e ainda lhe ofereceu 59 milhões, de seguida o Dr. Pedro Nuno anunciou impante que depois da injecção de dinheiro dos contribuintes o «Estado ficará com 90 e muitos por cento». Uma TAP que tem mais 20% de pilotos por avião e quase mais 30% de tripulantes, pilotos cujo custo médio aumentou quase 40% em três anos e que têm salários muito mais elevados do que a Iberia.

Entretanto, talvez alguém tenha dito ao Dr. Pedro Nuno que, apesar dele ser um génio da aviação, a TAP teria virtualidades de o engolir como já engoliu no passado muitos outros. Por isso ou por outra razão qualquer, o Dr. Pedro Nuno baixou a farronca começou a ficar com as perninhas a tremer e, depois de todas as borradas que fez ou prometeu fazer, anunciou querer a Lufthansa como sócio. É mais um entrada de Pedro Nuno e uma saída de Santos, o que é demais até para um ignorante presumido, como o Dr. Pedro Nuno Santos.

Quanto dariam Alemanha, Áustria, Bélgica, Espanha, França, Irlanda, Países Baixos, Reino Unido, Suíça, entre outros países que não têm "companhias de bandeira" públicas para disporem de génios da aviação como os nossos Drs. Costa e Nuno Santos, não apenas os melhores dos melhores mas os únicos.

O PS já está a trabalhar para nos manter na cauda da Óropa na próxima década

Tenho às vezes dúvidas se a próxima geração de apparatchiks socialistas estará capacitada para ocupar e engordar o Estado Sucial e afogar a iniciativa empresarial com o mesmo empenho e eficácia da geração actual e da anterior. Entretanto, despertou-me a atenção o discurso (via AHC, no Observador) do SG da Juventude Socialista Dr. Miguel Matos, onde o Dr. Costa dos Pequeninos proclama indignado que «o capitalismo desenfreado, a acumulação de riqueza e a ganância do lucro têm mesmo de ter um fim» e, para lhe dar fim, nada melhor do que «um Estado interventivo e forte».

Já não tenho dúvidas. O futuro socialista está assegurado e tenho uma boa notícia para o jovem socialista: a missão dele está muito facilitada, porque o capitalismo do Portugal dos Pequeninos nunca foi desenfreado e o Estado nunca deixou ser interventivo. Os amanhãs que cantam, cantarão como cantaram nos últimos dez anos que nos fizeram nos recuar de 83,1% do PIB per capita ppc médio da Zona Euro em 2009 para 79,2% em 2019, atrás de vários países sobreviventes do colapso do comunismo, também designado por "socialismo real".

20/12/2020

O sonho húmido de um empresário do regime é o "condicionamento industrial"

«É possível proteger o mercado sem violar a legislação europeia?

Se em Espanha o conseguem proteger sem violar a lei, nós também o deveríamos fazer

Entrevista ao empresário António Mota, presidente da Mota-Engil no Expresso

[Para quem se tenha esquecido: o Estado Novo - uma espécie de Estado sucial em que a imprensa também era quase toda boa imprensa, com a diferença que os oposicionistas podiam ser presos, e no Estado sucial ainda não - adoptou uma política designada  por "condicionamento industrial" que só autorizava a criação de novas empresas com a concordância dos incumbentes, e que nas colónias impunha a compra de produtos fabricados na metrópole]

O Natal é como eles quiserem e democratas e republicanos querem Natais diferentes


É claro que a diferença não é só, nem principalmente, em relação ao Natal. A diferença é em relação à pandemia, ou, talvez melhor, a diferença são culturas diferentes.

19/12/2020

"Eleições faz de conta" continuam a mostrar várias coisas e a esconder outras

A sondagem do ISCTE-ICS para o Expresso, mostra o PSD a perder 2 pontos percentuais de intenções de voto e a ficar a uma distância de 14 pp do PS. Mostra, por outras palavras, um Rui Rio a não segurar o eleitorado tradicional do PSD que se transfere para o Chega e o IL e, provavelmente, para a abstenção. E a avaliação dos líderes, com Costa a subir 0,3 e Rio a descer 0,5, confirma a sua falta de crédito.

E, supondo que estas sondagens merecem um módico de credibilidade, como explicar que, apesar uma governação miserável por um governo que começa a parecer um saco de gatos, o PS com 39% de intenções de voto tenha subido quase 3 pp em relação às últimas legislativas em Outubro do ano passado e quase 7 pp em relação às legislativas de 2015? Ou como explicar que PSD+CDS tenham perdido quase 12 pp desde as legislativas de 2015? Ou como compreender que o papagaio-mor do reino tenha subido uma vez mais na avaliação e tenha intenções de voto de quase 70%?

É claro que o controlo dos mídia pela esquerdalhada em geral e pelos poderes fácticos socialistas em particular, a sedução que S. Ex.ª exerce sobre as redacções e a quase inexistência de jornalismo independente, explicam muita coisa, mas não explicam tudo. Talvez o resultado das eleições e das sondagens traduza, afinal, as preferências informadas dos portugueses, informadas pela informação que os portugueses preferem.

Se for assim, o modelo de negócio do Dr. Costa assente no Partido do Estado, como Medina Carreira sagazmente percebeu, com a sua clientela de funcionários públicos, reformados, empresários amigos e outros dependentes do Estado Sucial, e financiado pela Óropa, é perfeito para o PS se eternizar no poder, enquanto não acabar o dinheiro, como aconteceu no passado várias vezes, a última das quais em 2011.

ACREDITE SE QUISER: O animal feroz faleceu e ressuscitou no corpo de um Sr. Eng. Sócrates que promove o jornalismo independente

Quem se recordar das tentativas de interferência do Eng. José Sócrates nos mídia, desde os ridículos telefonemas para directores e jornalistas até ao projecto Aljubarrota de arregimentação dos dinheiros da empresa pública PT para comprar a TVI, e de caminho calar a voz de Manuela Moura Guedes, pode ter dificuldade em acreditar na sua recente conversão à independência da impresa.

A conversão deu-se num artigo publicado na revista brasileira Carta Capital (citado pelo jornal i) de ataque do animal feroz ao Dr. Costa e ao Dr. Marcelo pelas suas reacções (ou, mais exactamente, pela falta delas) ao assassinato de Ihor Homenyuk nas instalações do SEF pelo seu pessoal, onde acusa que «a certidão de óbito foi falsificada, a morte foi dada como natural e o assassinato foi encoberto», aponta o dedo ao controlo da agência e faz uma declaração de amor ao jornalismo independente: 
«O tenebroso assunto foi mantido a custo no espaço público por algumas jornalistas da imprensa escrita - o resto, a indústria televisiva que domina a agenda política e que, na prática, decide o que existe e não existe, não viu no caso motivo de indignação, com a virtuosa exceção de uma delas que deu a notícia.»

Fiquei comovido.

18/12/2020

Dúvidas (298) - Se não identificarmos os "géneros", como lutaremos pela igualdade entre eles?

Admitindo, como fazem Vadim M. Shteyler, M.D., Jessica A. Clarke, J.D., e Eli Y. Adashi, M.D. que as certidões de nascimento deveriam omitir o sexo do recém-nascido para evitar traumatizar as pessoas intersexo ou transgénero, nesse caso seria politicamente mais correcto o paper referir que se propunha evitar traumatizar 110 géneros, ou seja os 112 "géneros" já identificados menos os "géneros" masculino e feminino. 

Chegados aqui, ficaríamos com pelo menos um problema novo: como iríamos promover a igualdade das mulheres se não saberíamos quem são elas? Para exemplificar o dilema, que outro título colocaria no seu artigo A CNE quer um Presidente, mas eu quero uma Presidente, uma progressista como a Dr.ª Susana Peralta que protesta porque «a CNE produziu uma campanha de apelo à participação eleitoral centrada na figura do Presidente macho»?

É preciso pensar nestas coisas com antecedência ou então optar pelo único género «Verangender: a gender that seems to shift/change the moment it is identified

CAMINHO PARA A INSOLVÊNCIA: Se um conservador pensa como um socialista e adopta políticas socialistas, então é um socialista

«It is clearly not sustainable to borrow at these levels. I don’t think morally, economically or politically it would be right,’ he says. ‘Running a structural deficit years into the future, with debt rising? That’s not building up the resilience you need to deal with the future shock that will come along, and someone else will be sitting in my chair. We now have had two of these things in a decade: who knows what the next shock will look like?

If we [Tories] think borrowing is the answer to everything, that debt rising is fine, then there’s not much difference between us and the Labour party.»

Rishi Sunak, ministro inglês das Finanças que deveria residir oficialmente no n.º 10 Downing Street e não no n.º 11, em entrevista à Spectator.

17/12/2020

Dúvidas (297) - E os conflitos entre Tartaranhões-pálidos e humanos? Não interessam?

Expresso

Solução: começar com uma reserva para gaivotas numa faixa litoral de meia dúzia de km, proibida a humanos; reservar o Ribatejo para os Tartaranhões-pálidos (Circus macrourus) e continuar com o resto da passarada.

16/12/2020

CASE STUDY: Trumpologia (72) - That's the end

Mais trumpologia.

Não, a derrota de Donald Trump não se consumou com as últimas contagens, nem nem com a decisão dos tribunais, incluindo do Supremo Tribunal, de não reconhecer legitimidade às alegações de fraude eleitoral, nem com a votação do Colégio Eleitoral de 306 contra 232. A derrota consumou-se com as palavras do Czar Vladimir Putin numa mensagem a Joseph Robinette Biden Jr. : «Со своей стороны готов к взаимодействию и контактам с вами».

Pro memoria (408) – a nacionalização do BPN não custou nada e o nada vai já em ? mil milhões (XIV)

Posts anteriores (I), (II), (III), (IV), (V), (VI), (VII), (VIII), (IX), (X), (XI), (XII) e (XIII)

Em retrospectiva: Teixeira dos Santos, co-autor com José Sócrates do desastre da nacionalização de um banco que valia 2% do mercado, ainda em 2012, decorridos 4 anos da sua decisão fatídica, justificava a inevitabilidade da decisão porque não custaria nada e a falência do BNP, segundo ele, levaria à quebra do PIB em 4%.

Recordemos ainda que a nacionalização do BPN foi entusiasticamente apoiada pelo Berloque na pessoa do seu Querido Líder Louçã, agora semi-aposentado, o que não impediu sete anos depois a sua sucessora Querida Líder Catarina Martins dizer com grande descaro que o Novo Banco «é cada vez mais o novo buraco (...) e cada vez lembra mais o BPN».

De vez em quando, são tornadas públicas estimativas de quanto já custou e de quanto ainda vai custar a nacionalização do BPN. Nesta altura, estou a imaginar-vos a perguntar: quanto já custou? estimativas? Então as contas não são do passado e as estimativas para futuro? Sim, respondo, num país normal; num país que não sofresse da maldição da tabuada. Em Portugal fazem-se estimativas para o passado e palpites para o futuro.

Fast forward: segundo a aritmética do Tribunal de Contas no parecer à Conta Geral do Estado, o BPN custou aos contribuintes «4,9 mil milhões de euros entre 2011 e 2018» e no final deste último ano «as garantias prestadas pelo Estado às sociedades veículo do ex-BPN totalizavam 1.377 milhões», significando 6,2 mil milhões de euros de perdas estão garantidas.

Não falando do Animal Feroz que é um caso patológico, se Teixeira dos Santos tivesse um pingo de vergonha, por esta e por muitas outras razões, teria recusado ser condecorado em 2015 ou, pelo menos, deveria fazer como o conde do poema de O'Neill «que cora ao ser condecorado».

Actualização:

«Tribunal de Contas estima em 6.200 milhões de euros o custo do BPN para o Estado desde que o banco foi nacionalizado em 2008. A conta ainda não está fechada, mas já dá uma ideia do valor final.» (Observador)

Sendo o PIB de 2009, ano em que foi nacionalizado o BPN, de 175 mil milhões (base 2016) os 4% que segundo Teixeira dos Santos custaria a falência corresponderiam a 7 mil milhões. Ora como o custo da nacionalização já vai em 6,2 mil milhões and counting, poderemos dizer que a nacionalização é uma espécie de falência que nunca acaba.    

Moral da estória que não tem moral, como diz o lema de estimação do (Im)pertinências: O socialismo não acaba enquanto não acabar o dinheiro dos contribuintes dos países frugais.

15/12/2020

NOVA ENTRADA PARA O GLOSSÁRIO DAS IMPERTINÊNCIAS: Força de segurança humanista

 Força de segurança humanista 

Uma força de segurança em que doze dos seus membros torturam e assassinam um cidadão estrangeiro à sua guarda.

Como na definição que o Sindicato da Carreira de Investigação e Fiscalização do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras faz do corpo policial responsável pelo assassinato por tortura no Aeroporto da Portela do ucraniano Ihor Homenyuk:
«Não há nenhuma outra força de segurança, não há nenhuma outra polícia, cujos membros se tenham esforçado tanto para merecer o título de mais moderna, mais eficiente, mais competente e mais humanista das forças e serviços de segurança que existem em Portugal».

De volta à Covid-19. Colocando a ameaça em perspectiva (46) - Experiências fora da caixa (4) - O caso do Japão

Este post faz parte da série De volta à Covid-19. Colocando a ameaça em perspectiva e é uma continuação de Experiências fora da caixa (1)(2), (3) e (4), em particular do primeiro dedicado post dedicado ao Japão.

«Quando o Diamond Princess, um navio de cruzeiro com um surto de Covid-19, chegou ao Japão em Fevereiro, parecia um golpe de má sorte. Uma placa de Petri flutuante ameaçava transformar o arquipélago japonês em numa grande placa. Em retrospectiva, no entanto, a exposição precoce ensinou às autoridades lições que ajudaram a tornar a epidemia do Japão a mais branda entre as grandes economias do mundo, apesar do recente surto de infecções. No total, 2.487 pessoas morreram de coronavírus no Japão, pouco mais da metade do número na China e menos pessoas do que em um único dia na América várias vezes na semana passada. O Japão sofreu apenas 18 mortes por milhão de pessoas, uma taxa mais alta do que na China, mas de longe a mais baixa do G7, um clube de grandes democracias industrializadas. (A Alemanha vem em segundo lugar, com 239.) O mais impressionante é que o Japão alcançou esse sucesso sem bloqueios rígidos ou testes em massa - as principais armas na batalha contra a covid-19 em outros lugares. (...)

Em vez disso, o governo tentou aplicar as lições da Princesa Diamante. Depois de oficiais de quarentena treinados e enfermeiras terem sido infectados a bordo do navio, apesar de seguirem os protocolos para vírus que se espalham por meio de gotículas, a equipe de Oshitani concluiu que o vírus espalhou-se pelo ar. Já em março, as autoridades japonesas começaram a alertar os cidadãos para evitar o san-mitsu ou “3Cs”: espaços fechados (confined and enclosed spasces), lugares lotados (crowded places) e locais de contato próximo (close-contact settings). (...)

Evidentemente que essas percepções teriam sido em vão se as pessoas comuns as tivessem ignorado. Mas os japoneses acataram o conselho do governo de ficarem em casa e de entrarem em quarentena caso apresentassem quaisquer sintomas do coronavírus, embora essas advertências não tivessem força legal. “Às vezes somos criticados por sermos uma sociedade excessivamente homogénea, mas acho que desta vez desempenhou um papel positivo”, diz Nishimura. E o Japão já impecável se tornou ainda mais meticuloso quanto à higiene. Enquanto os americanos discutiam se as máscaras eram um ataque à liberdade pessoal, os japoneses fizeram fila do lado de fora da Uniqlo para o lançamento de sua nova linha de máscaras. Durante as primeiras dez semanas da temporada de gripe neste Outono, o Japão teve apenas 148 casos de gripe comum, ou menos de 1% da média de cinco anos para o mesmo período (17.000).

Melhor ainda, embora a população do Japão seja desproporcionalmente idosa e, portanto, potencialmente mais vulnerável à Covid-19, ela também é muito saudável. Apenas 4,2% dos japoneses adultos são obesos, uma condição conhecida por tornar a doença mais letal. Essa é a taxa mais baixa da OCDE e um décimo da dos Estados Unidos. O Japão também tem um bom sistema de saúde, com cobertura universal e muitos hospitais bem equipados. Ela ainda tinha muitos rastreadores de contato já treinados, parte de uma rede de saúde pública estabelecida que datava da década de 1930.

Essas vantagens claramente têm os seus limites. O vírus espalhou-se rapidamente nas últimas semanas, atingindo níveis recordes em termos de casos diários e mortes diárias. O governo teve de enviar pessoal médico das Forças de Autodefesa para apoiar hospitais nos locais mais atingidos. Mas, ao mesmo tempo, desencoraja a cautela com um esquema que subsidia o turismo doméstico e refeições fora, em um esforço para ajudar a economia. Embora isso pareça ter contribuído para a disseminação recente da covid-19, o governo apenas o conteve, em vez de descartá-lo. E o tempo frio agora está empurrando as pessoas para os espaços 3C , como tem acontecido no hemisfério norte. Mas no Japão, pelo menos, o recente crescimento no número de casos começou de uma base dramaticamente menor.»

(The Japanese authorities understood covid-19 better than most)

Senado americano - a bolsa ou o partido

Estão prestes a ser conhecidos os resultados das eleições de Novembro para o Senado americano nos dois Estados ainda em disputa (situação actual: 48 democratas contra 50 republicanos). No novo Senado parece ser mais provável que o partido Republicano fique em maioria. Que diferença isso pode fazer em relação aos "pobres" e aos "ricos".

Num estudo (The Party or the Purse? Unequal Representation in the US Senate) realizado o ano passado, Jeffrey Lax e Justin Phillips, da Universidade de Columbia e Adam Zelizer, da Universidade de Chicago concluíram que em cada Estado os "ricos" (definidos como os eleitores do quintil de rendimento mais alto) comparativamente com os "pobres" (definidos como os eleitores do quintil de rendimento mais baixo) têm muito menos influência no Senado do que se supunha.

O estudo foi baseado nos dados de 49 votações do Senado em questões económicas, sociais e de política externa entre 2001 e 2015 e em dados de inquéritos nacionais Gallup e Pew. As conclusões foram sintetizadas graficamente pela Economist no diagrama seguinte.

Economist

Os "ricos" conseguiram o que queriam dos seus senadores 60% das vezes contra 55% dos "pobres". Quando esses dois grupos tinham interesses opostos, os "ricos" conseguiram as suas pretensões 63% das vezes, e a mesma percentagem quando em confronto com a "classe média", isto é os 60% de eleitores entre os 20% de "ricos" e os 20% de "pobres".

Contudo, as diferenças são mais significativas entre os partidos. Quando os interesses dos dois grupos de eleitores se opõem numa determinada votação, os senadores democratas votam em 35% das vezes do lado dos "ricos" e os senadores republicanos fazem-no 86% das vezes.

14/12/2020

Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (63) - Em tempo de vírus (XL)

Avarias da geringonça e do país seguidas de asfixias

Dedicatória

Este número da crónica é dedicado ao Dr. Pedro Nuno Santos, ministro das Infraestruturas e da Habitação, líder do pedronunismo e putativo futuro secretário-geral do PS, que desde a puberdade tem os aviões como seu brinquedo predilecto.


TAP, uma companhia de bandeira socialista

Não é um, não são dois, não são três mil milhões, é o que for preciso para manter no ar (ou em terra) o brinquedo do Dr. Pedro Nuno Santos, muito preocupado com custos «descontrolados e imprevisíveis» que resultariam da falência da TAP, sem perceber que, por muito elevados que fossem, nunca chegariam aos custos controlados e previsíveis que resultarão de a manter. É coisa de ricos, porque, por exemplo, o governo da pobre Noruega, com a sua dívida de 1/3 da portuguesa e o seu PIB per capita ppp quase o dobro do português, recusou o resgate da Norwegian Air Shuttle, a terceira low-cost europeia, por «não ser o melhor uso do dinheiro do contribuinte». De onde podemos concluir que o Dr. Pedro Nuno Santos teria talvez um futuro radioso como governante no Burundi, mas não na Noruega.

Entradas de Pedro Nuno e saídas de Santos

Primeiro, o Dr. Pedro Nuno Santos, quando começou a suspeitar que estaria a ser absorvido por um buraco negro, tentou chutar a coisa para a CE dizendo que foi esta que impôs o plano de resgate da TAP, uma redonda mentira de imediato desmentida pela CE. Falhado este expediente e receando ficar sozinho na jangada da TAP, o Dr. Pedro Nuno Santos pensou meter mais náufragos a bordo e tentou convencer o Dr. Costa para levar ao parlamento o seu plano para torrar quatro mil milhões na TAP. O Dr. Costa. que nestas coisas da manobra raramente se engana, deixou-o sozinho na jangada esperando que se afunde e com isso deixe livre o caminho para o seu afilhado Dr. Medina lhe suceder quanto ele for para a Óropa.

O choque da realidade com a Boa Nova

No Verão do ano passado o Dr. Pedro Nuno Santos, ainda sem os aviões da TAP para brincar, lançou o Programa Arrendamento Acessível. Passado mais de um ano, o resultado foram 250 contratos de arrendamento. 250 contratos? Como é possível? O rapaz que fazia tremer as perninhas dos banqueiros alemães só consegue 6% do programa Mercado Social de Arrendamento lançado pelo governo de Passos Coelho em 2012 de onde resultaram 4.400 casas no valor de 360 milhões para arrendamento habitacional.

13/12/2020

Lost in translation (344) - «Deixar desaparecer a TAP era como deixar desaparecer a Autoeuropa ou pior»

Disse no parlamento o Dr. Siza Vieira, ministro da Economia e uma das poucas pessoas no governo a quem ainda restava um módico de siso. Mas porquê seria como ou pior, se, como o próprio ministro reconheceu, a Autoeuropa facturou 3,7 mil milhões e foi o maior exportador e a TAP facturou 3.4 milhões?

Sem esquecer, o que ele esqueceu, que a Autoeuropa anda por cá a exportar há 25 anos com um investimento alemão e até hoje os contribuintes não foram esportulados para lhe injectar dinheiro, ao contrário da TAP que apresenta um resultado positivo em cada dez anos, e esquecendo as injecções de capital do passado, vai absorver, na melhor hipótese uns 4 mil milhões de dinheiro dos contribuintes nos próximos anos.

Perante a dificuldade de interpretar o pensamento do Dr. Siza Vieira, fiz o que aqui em casa costumamos fazer com as traduções difíceis e submeti a coisa ao nosso web bot de AI com machine learning baseada numa Neural Network com acesso a servidores de Big Data. Eis o resultado:
«Se a TAP desaparecesse teríamos de tirar o brinquedo ao Pedro Nuno - desde pequenino ele tem uma fixação em aviões - e o rapaz ficaria frustrado e com tempo disponível para conspirar full time contra o António nas distritais e concelhias. O que nunca aconteceria com o desaparecimento da Autoeuropa porque jamais os alemães deixariam que o rapaz lá pusesse as mãozitas.»
Já agora, ocorre-me que as preocupações do Dr. Pedro Nuno Santos, partilhadas por S. Ex.ª, um e outro melhores dos melhores na aviação mundial, quanto às consequências de deixar falir a TAP, segundo eles catastróficas, se enquadram no que no (Im)pertinências chamamos o efeito Lockheed TriStar.

QUEM SÓ TEM UM MARTELO VÊ TODOS OS PROBLEMAS COMO PREGOS: O alívio quantitativo aliviará? (68) Unintended consequences (XXII)

Outras marteladas.

Em retrospectiva:

Têm-se multiplicado as advertências sobre os efeitos das políticas não convencionais dos bancos centrais poderem desencadear a próxima crise financeira, algo para o qual temos vindo à chamar a atenção há vários anos, pelo menos desde este post de 2012 (duas semanas antes do «whatever it takes» de Draghi): «ainda não saímos de uma e já estamos a trabalhar para criar a próxima. Vai acabar mal.»

Se há conjunturas em que faz sentido injectar dinheiro na economia durante um período limitado é durante uma crise de pandemia que afecta simultaneamente a oferta e a procura. O problema é que a bazuca incrementada, que parece estar prestes a chegar inundando vários países com dinheiro fabricado do nada, cai em cima de 12 anos de quantitative easing e, no caso de Portugal, em cima de uma dívida pantagruélica (a 4.ª maior da OCDE) e em crescimento acelerado que pode nos próximos anos chegar a 150% do PIB. 

O artigo seguinte de Rana Foroohar colunista e editora associada do Financial Times, já tem algum tempo mas continua perfeitamente actual e trata de um dos efeitos colaterais destas políticas dos bancos centrais, políticas que não têm em conta o comportamento totalmente diferente dos preços dos bens e dos activos, principalmente dos imóveis para habitação e dos perigos de uma nova bolha nos mercados imobiliários. Veja-se o caso português que, apesar de uma economia periférica e deprimida, num conjuntura recessiva e sem inflação, vê os preços dos imóveis já de si historicamente elevados, continuarem a subir.
  

«Loose monetary policy has buoyed assets but did not create meaningful supply

Hyman Minsky would have had a field day with last week’s US inflation numbers. One of the key points in the late, great economist’s Financial Instability Hypothesis was that there are two kinds of prices — prices for goods and services, and asset prices. Inflation in the two areas should, as a result, differ. And indeed they have, quite markedly. The latest Consumer Price Index figures show that almost all core inflation, which was weaker than expected, was in rent or the owner’s equivalent of rent (up 0.3 per cent). Core goods inflation, meanwhile, was down 0.2 per cent.

Very simply, this means that the housing market is once again completely out of sync with the rest of the economy. A decade on from the subprime bubble, housing, which is not only shelter but also the biggest financial asset for most Americans, is the only major component of the CPI with a national inflation rate that is consistently above the overall number.

Why is this? Because, just as Minsky would have predicted, loose monetary policy over the past several years buoyed assets, but didn’t create meaningful new supply or, consequently, enough demand in construction and other home-related areas. The point is illustrated in an academic paper, “What the Federal Reserve got totally wrong about inflation and interest rate policy” from the Mario Einaudi Center for International Studies at Cornell University. As its author Daniel Alpert says: “What we have now is a form of inflation that’s never been seen before — it’s all concentrated in housing.”

Over the past decade, the cost of shelter has risen sharply compared with everything else, the report notes. It hit a historic high of 81 per cent of core inflation in the summer of 2017 and remains “the lion’s share”.

12/12/2020

Portugal dos Pequeninos, um Estado Sucial, uma democracia asmática, uma economia descapitalizada e endividada, uma produtividade medíocre. Como se fosse pouco, uma demografia moribunda

«Em 2019, 42,2% das mulheres dos 18 aos 49 anos e 53,9% dos homens dos 18 aos 54 anos não tinham filhos. Em 2013 aquelas percentagens eram bastante menores: 35,3% e 41,5%, respetivamente. O número médio de filhos, de mulheres e homens, passou de 1,03 em 2013 para 0,86 em 2019. 

Em 2019, 93,4% das mulheres e 97,6% dos homens do escalão etário mais jovem (dos 18 aos 29 anos) não tinham filhos e mais de metade (54,6%) dos homens dos 30 aos 39 anos encontravam-se na mesma situação. 

O número médio de filhos que as pessoas já tinham era crescente com a idade e com o número de irmãos e maior para as mulheres, para os que possuíam um nível de escolaridade completo correspondente, no máximo, ao 3º ciclo do ensino básico, para as pessoas com cônjuge ou companheira/o e para os homens empregados. 

Questionados sobre a intenção de ter filhos, 55,1% das mulheres e 47,3% dos homens indicaram não tencionar ter ou ter mais filhos. Perto de 10% das pessoas, (8,4% das mulheres e 11,0% dos homens, 9,7% no total) não tinham nem tencionavam ter filhos. Para estas pessoas, os principais motivos assinalados foram a vontade própria e o facto de a maternidade ou paternidade não fazerem parte do seu projeto de vida. 

Considerando os filhos que as pessoas já tiveram e aqueles que ainda tencionavam vir a ter, espera-se que, em média, tenham 1,69 filhos (1,78 em 2013).»

Ser de esquerda é... (13)

... esportular aos cidadãos pelo menos 3 ou 4 mil milhões para torrar em cima de muitos outros milhares de milhão já torrados no passado na TAP, uma "companhia de bandeira" com reputação medíocre, representando apenas 4% dos voos para Faro e 20% dos voos para o Porto, com os alegados propósitos de defesa do interesse nacional e de salvar empregos, salvação que consistirá na redução de 3.600 empregos, dos quais 2.000 despedimentos e 1.600 não renovações, tudo protagonizado por um político que quer fazer figura tosquiando os contribuintes e acabará tosquiado, mas impune.

11/12/2020

Um dia como os outros na vida do estado sucial (43) - Nos ucranianos pode-se malhar, nas cadelas é que não

O cidadão ucraniano Ihor Homenyuk foi assassinado por tortura no Aeroporto da Portela por doze inspectores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, durante nove meses não acontece nada e só agora a directora do SEF se demite por decisão própria. Entretanto, o ministro aprovou um regulamento que cria um botão de pânico (se non è vero è ben trovato) no aeroporto e acha que não se deve demitir. O sindicato do pessoal do SEF, a que pertenciam os assassinos, entende que o «episódio sinistro» não se deve aos seus sócios, que sempre respeitaram «princípios humanistas, civilistas e democráticos», mas à falta «há muito tempo» de uma reorganização.

Enquanto isso, um fedelho com 18 anos matou uma cadela à pancada com um chinelo e três anos mais tarde é condenado a 13 meses de prisão, tendo o tribunal relevado a «falta de empatia e compaixão». 

Porquê esta diferença? Porque em relação aos animais o seu estatuto jurídico reconhece «a sua natureza de seres vivos dotados de sensibilidade», enquanto quanto aos ucranianos não há nenhum estatuto jurídico que lhes reconheça essa natureza.

O balão de hidrogénio do Dr. Galamba ou mais um elefante branco a caminho (4) - Há uma diferença grande entre um visionário e um lunático, por vezes só visível depois de uma soma grande de dinheiro

Outros balões de hidrogénio.

«Em 2019, a Comissão Europeia definiu, no âmbito do Pacto Ecológico Europeu, o hidrogénio como uma das suas apostas para a descarbonização energética da União Europeia até 2050. Nesse contexto, Portugal apressou-se a entrar na corrida e apresentou a Estratégia Nacional para o Hidrogénio (EN-H2) para aceder aos fundos europeus, supostamente para fomentar a criação de emprego e contribuir para o caminho da descarbonização.

Mas a estratégia para o hidrogénio verde terá custos económicos e vários obstáculos.

A EN-H2 propõe um financiamento público de 900 milhões de euros, prevendo que a produção de hidrogénio se reparta em 2030 no consumo interno e à exportação e que seja competitivo em termos financeiros no futuro.

Aqui deparamo-nos com o primeiro obstáculo. Não existe qualquer garantia que o hidrogénio verde seja competitivo num futuro próximo. A Agência Internacional de Energia (AIE) emitiu um relatório que prevê que o hidrogénio apenas seja competitivo a partir de 2050. Isto significa, na perspectiva mais optimista, que Portugal poderá daqui a três décadas vender hidrogénio verde a preços ligeiramente mais competitivos que o hidrogénio produzido com gás natural.

Neste cenário, o megaprojeto de Sines como estandarte na estratégia do Governo soa a mais uma aposta de risco devido ao gigantesco esforço financeiro e a um retorno a longo prazo incerto. (...)

Por último, no atual momento social e económico, com a economia paralisada, desemprego a galope, quebra do PIB superior a 12%, défice público a subir em flecha e muitos anos de recuperação pela frente, não é compreensível que o Governo continue com a estratégia do hidrogénio verde a alimentar um negócio de risco.

Analisando outras economias mais robustas de países desenvolvidos e mais empenhadas no processo de descarbonização que Portugal, é interessante constatar que nenhuma deu ao hidrogénio tanto protagonismo. As dúvidas suscitadas, custo e risco altíssimo, podem explicar essa falta de entusiasmo e investimento.
»

Excerto de Hidrogénio, necessidade ou ilusão? por Sofia Afonso Ferreira

10/12/2020

ARTIGO DEFUNTO: Isto diz mais sobre o jornalismo praticado no Portugal dos Pequeninos do que sobre S. Ex.ª

A jornalista Maria João Avillez, que conhece muito bem o Dr. Marcelo Rebelo de Sousa e o jornalismo que se pratica neste país, confirma no Observador o que uma criatura atenta infere da leitura dos mídia do Portugal dos Pequeninos:

«Já se notou: é farta a quantidade de estafetas que o Presidente da República tem na “media” a correr por ele. A troco de um pedaço de açúcar — um poderoso telemóvel que zumbe de Belém, um elogio que mesmo que nunca sentido é “distinção” inesquecível; um convite para almoçar que do dia para a noite, transfigura um jornalista num comensal do Palácio, etc. Não sabemos quantos se desvanecem isto, suspeitamos que muitos, mas sabemos porém que foram poucos os que se aperceberam da ocorrência de dois factos desagradavelmente inabituais, assinados por Belém.»

E por falar no jornalismo que se pratica neste país, recordo uma vez mais (*) os célebres e desaparecidos Papéis do Panamá que permitiriam identificar os jornalistas que faziam parte da lista dos "avençados" do GES, uma espécie de serventuários do Dono Disto Tudo que durante anos publicaram "notícias positivas" sobre o bando ES.

(*) Ver a série A lista de Salgado (1), (2), (3), (4) , (5) e (6).

Dúvidas (296) – Irá o Brexit consumar-se? (XX) - O que começa por equívoco acaba por equívoco



Era inescapável.  Uma decisão tomada por razões equívocas tem consequências equívocas. A decisão do governo conservador britânico de David Cameron submeter a um referendo a saída da UE tinha um propósito e uma premissa. 

O propósito era não perder as eleições por erosão do seu eleitorado para o UKIP de Nigel Farage que fazia uma campanha para a saída fundada na demagogia e na distorção dos factos e dos números. A premissa era que o eleitorado britânico acabaria por recusar a saída. O propósito foi conseguido mas a premissa não se verificou.

Depois de quatro anos, quase esgotado o prazo para negociar os termos acordo de saída, Boris Johnson, que entretanto parece já ter deixado cair as cláusulas ilegais face ao direito internacional, foi a Bruxelas jantar com Ursula von Der Leyen. Ainda não sei o resultado do repasto mas tenho dúvidas que tenha sido fechado o acordo, o que é irrelevante para confirmar as consequências equívocas do Brexit.  

Recorde-se, que a saída foi aprovada em Junho de 2016 por 52% dos eleitores e rejeitada por 48% e veja-se no gráfico seguinte da NatCen (Non-partisan information on UK attitudes to the EU before and since the EU Referendum) a evolução da opinião dos eleitores acerca do Brexit entre 21-02-2012 e 18-11-2020.

Desde a primeira sondagem em 21-02-2012 em que o Leave valia 48% e o Remain 30% , os valores inverteram-se por voltas de Maio de 2017 em que as percentagens eram iguais, e desde então e Leave veio decrescendo 38% atingindo em 18-11-2020 contra 47% do Remain, e 15% dos eleitores não sabem responder ou não declararam não votar. Em conclusão, se o referendo fosse agora, não haveria Brexit. Quereis um resultado mais equívoco?

09/12/2020

ACREDITE SE QUISER: Ela disse que era social-democrata. Não se riam já. Talvez ela quisesse parecer uma espécie de Rosa Luxemburgo com um século de atraso

«Eu sou uma social-democrata (...) haverá diferentes graduações, eu não sou uma social-democrata na mesma graduação que Marcelo Rebelo de Sousa (...)», disse Marisa Matias, eurodeputada e dirigente do Bloco de Esquerda em entrevista à TVI24.

Talvez Marisa Matias que, recorde-se, foi para Bruxelas fazer companhia ao falecido Miguel Portas, se visse como uma Rosa Luxemburgo serôdia, uma revolucionária polaca fuzilada em Berlim em 1919, que entre outras filiações foi também membro do Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD). 

Entretanto, Francisco Ramos, secretário de Estado de cinco governos do PS e Coordenador do plano nacional de vacinação para a covid-19, protagonista nesta última qualidade dos momentos mais hilariantes do Isto é Gozar com Quem Trabalha do dia 6 (ver o vídeo a partir de 4:46), talvez impressionado pela social-democracia de Marisa, declarou-lhe o seu apoio.

Maldição da tabuada (55) - Ele diz que é culpa do governo PSD. Não é, mas percebe-se. Ele não sabe fazer contas

Citando Filipe Oliveira

«O TIMSS (Trends in International Mathematics and Science Study) é uma avaliação internacional organizada de quatro em quatro anos pela International Association for the Evaluation of Educational Achievement, IEA. A aplicação de testes estandardizados – com conteúdos e graus de complexidade e de dificuldade equivalentes entre as diferentes edições – permite comparar o desempenho dos alunos portugueses com o dos alunos oriundos dos outros países participantes. Permite igualmente, a nível nacional, seguir a evolução da qualidade da aprendizagem e, de forma mais lata, do sistema educativo nacional. Os testes são concebidos após uma análise detalhada dos currículos do 4.º ano dos diferentes países, centrando-se nos conteúdos comuns previstos para esse ano de escolaridade. Os resultados agora alcançados pelos alunos portugueses no TIMSS 2019 evidenciam um enorme retrocesso relativamente a 2015.
 
(...) será seguro afirmar que estes dois grupos de alunos, avaliados no seu 4.º ano pelo TIMSS 2015 e pelo TIMSS 2019, fizeram percursos escolares totalmente distintos, nunca se tendo verificado em Portugal uma rutura tão drástica e radical do nosso sistema educativo como no período que separou estas duas edições. Na verdade, mais do que os alunos, foram avaliadas duas conceções inconciliáveis de Currículo e de Escola.»

Sabendo-se que:
  • O governo do Dr. Costa apoiado pela geringonça tomou posse em 26 de Novembro de 2015;
  • Os deputados da geringonça aprovaram no dia seguinte o projecto de lei do BE que suprimiu os exames finais dos 1.º e 2.º ciclos;
  • Desde então foram introduzidas várias outras alterações visando fazer os professores e os alunos felizes; 
  • Ao governo do Dr. Costa sucedeu-lhe outro em 26 de Outubro de 2019, apoiado pelo BE e do PCP;
  • A avaliação do TIMSS 2019 foi dos alunos que frequentaram o 1.º ciclo do ensino básico nos anos lectivos de 2016-17 a 2019-20 durante os governos do Dr. Costa;
  • Os resultados da avaliação do TIMSS 2019 pioraram em relação ao TIMSS 2015.  
Pergunta-se: de quem é a responsabilidade pela degradação dos resultados entre 2015 e 2019? 

Resposta do SE Adjunto e da Educação do Dr. Costa: a responsabilidade é das políticas educativas aplicadas pelo ex-ministro Nuno Crato do governo PSD-CDS.

Conclusão: o SE Adjunto é mais uma vítima da maldição da tabuada.

08/12/2020

DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: Os melhores dos melhores (diz S. Ex.ª), caíram três posições e ficaram um poucochinho menos melhores

IMD World Talent Ranking 2020

De 2019 para 2020, Portugal desceu três posições de 23.º para 26.º no IMD World Talent Ranking (*).

(*) «O IMD World Talent Ranking (WTR) avalia o status e o desenvolvimento das competências necessárias às empresas e à economia para a criação de valor a longo prazo, usando um conjunto de indicadores que medir o desenvolvimento, retenção e atracção de uma força de trabalho altamente qualificada nacional e internacional.».

Dúvidas (295) - Alguém sabe o que é feito do plano do Dr. Costa e Silva e qual será o próximo coelho a sair da cartola do Dr. Costa?

No dia 21 de Julho o Dr. Costa e Silva apresentou a proposta de Visão Estratégica para o Plano de Recuperação Económica de Portugal 2020-2030 que fez correr bastante tinta e muita saliva durante uns dois ou três meses. 

Parece ter terminado o seu prazo de validade mediática porque os planos são como os circos: sem dinheiro não há palhaços e sem palhaços não há circo. No caso dos planos é mais a falta da bazuca.

Aguarda-se o próximo coelho que o Dr. Costa irá tirar da sua inesgotável cartola.

07/12/2020

Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (62) - Em tempo de vírus (XXXIX)

Avarias da geringonça e do país seguidas de asfixias

Temos estes princípios. Se não gostarem temos outros

Depois ter tentado sem sucesso seduzir o grupo de Visegrado para não travarem a bazuca em troca da neutralidade face aos atropelos ao Estado de direito na Hungria e na Polónia, o Dr. Costa fez mais uma das suas acrobáticas cambalhotas e passou a admitir a exclusão desses países, com grande felicidade do Sr. Macron a quem o Dr. Costa parece pretender cortejar com o propósito de «realizar as suas ambições para um papel político de relevo em Bruxelas», especula o Wall Street Journal que lhe dedica um artigo («Germany Won’t Take Portugal’s EU Split». Deixar cair os princípios para apostar no cavalo errado, significa que, além da já conhecida falta deles, também não mostra a "habilidade" que lhe têm atribuído.

«Os portugueses não perdoam oportunismos»? Olhe que sim Dr. Costa. Olhe que sim

O Dr. Costa não perdoa aos berloquistas - na circunstância por terem votado contra o OE2021 - e imagina que os portugueses também não. Está completamente equivocado. A ser assim, não se compreenderia que ainda há pouco dias só 27% dos portugueses ainda não perdoaram ao Dr. Costa ter perdido as eleições e formar governo com aqueles a quem acusa agora de oportunismo.

Quem se mete com o PS leva

O chef Stanisic, residindo há anos no Portugal dos Pequeninos, ainda não percebeu como as coisas funcionam. Em lugar de se aproximar do PS, manifesta-se em S. Bento; em lugar de oferecer aos apparatchiks refeições de sensibilização na sua cantina, vocifera e compara o Dr. Costa a Slobodan Milošević - o que é menos disparatado do que parece, afinal Slobodan foi líder do Partido Socialista da Sérvia; em lugar de recorrer a um apparatchik sensibilizado para o deixaram ir a Grândola visitar a irmã, foi telefonar a um amigo que tem um irmão polícia. É claro que foram logo vistoriar-lhe as cuecas e descobrir que o chef Stanisic é um crápula com uma vida faustosa. Do que estaria ele à espera?

O passado atropela o Dr. Costa

O Dr. Costa que agora tenta sacudir do seu capote a água do Novo Banco, é o mesmo que em 2017 anunciou com espavento que «não é concedida qualquer garantia por parte do Estado ou de qualquer outra entidade pública» e garantiu que a venda «não terá impacto direto ou indireto nas contas públicas, nem novos encargos para os contribuintes».

TAP, uma companhia de bandeira socialista

Estou enganado ou o Dr. Pedro Nuno Santos justificou o governo ter readquirido a maioria do capital da TAP para defender várias coisas e entre elas proteger os empregos? Deve ser para isso que vai suspender o acordo de empresa e despedir dois mil trabalhadores e reduzir em 25% os salários dos que ficam. Enquanto isso, em Março foi anunciado que seriam necessários 400 milhões de euros, pouco depois aumentados sucessivamente para 600 a 700 milhões, 700 a 900 milhões, 1.200 milhões e 1.700 milhões. Por último, os sindicatos começaram, a falar de 4 mil milhões. É, uma vez mais, o multiplicador keynesiano socialista a funcionar.