Em retrospectiva: que o debate sobre o aquecimento global, principalmente sobre o papel da intervenção humana, é muito mais um debate ideológico do que um debate científico é algo cada vez mais claro. Que nesse debate as posições tendam a extremar-se entre os defensores do aquecimento global como obra humana – normalmente gente de esquerda – e os negacionistas – normalmente gente de direita – existindo muito pouco espaço para dúvida, ou seja para uma abordagem científica, é apenas uma consequência da deslocação da discussão do campo científico, onde predomina a racionalidade, para o campo ideológico e inevitavelmente político, onde predomina a crença.
As mudanças climáticas são tratadas nos mídia quase sempre com um fervor religioso incompatível uma abordagem racional, já não digo científica. É raro encontrar uma alma que aborde a coisa com o cepticismo, o equilíbrio e a dúvida cartesiana que o tema exige, como se faz João M. A. Soares no artigo As alterações climáticas e a escala temporal do homem no universo de onde respigo o excerto seguinte:
«Mas façamos agora o mesmo exercício – porque é o Homem, “esse malvado”, que nos interessa aqui – e imaginemos um segundo relógio virtual que tem o seu momento “zero horas” aquando do início da Terra (há 4,5 mil milhões de anos) e o seu momento “24 horas” agora, neste exacto dia e neste preciso momento em que lê este texto:
- O relógio começou pois a contar o tempo quando o Universo se formou e só às 6h00 da manhã se terá verificado o início da fotossíntese;
- Às 13h18 começou a formar-se uma atmosfera rica em oxigénio;
- Só às 21h12 se regista a primeira vida (unicelular) sobre o planeta;
- Às 22h00 regista-se o aparecimento dos primeiros vertebrados terrestres;
- Às 22h54, fruto de milhões de anos de movimentos telúricos, do resultado da fotossíntese e do correspondente desenvolvimento da vida vegetal, ocorre a “idade das florestas de carvão”;
- Às 23h05 (estamos quase na meia-noite !!!) surgem os precursores dos hominídeos (grandes primatas);
- Às 23h18 terá existido e proliferado o Austrolophitecus, uma diferenciada variedade dos hominídeos;
- Às 23h37 ter-se-á diferenciado o Homo habilis (“primo” afastado dos primatas que conhecemos), já capaz de fabricar instrumentos e utensílios rudimentares, enquanto evolui simultaneamente o Homo erectus, já capaz de usar e dominar o fogo;
- Às 23h55 (há 200 mil anos) os primeiros humanos começam a distinguir-se dos restantes primatas. Repare-se que foi apenas há cinco minutos !!! (em relação ao momento actual);
- Às 23h59 minutos (há apenas um minuto!!!) concretiza-se a extinção impõe-se o Homo sapiens…!
E para não continuar, pode concluir-se que Cristo nasceu há… 0,04 segundos!!!!
Tudo isto afinal para dizer que é de uma enorme soberba e jactância que os “sábios”, com os seus (indiscutivelmente) sofisticados computadores e modelos matemáticos da evolução do Planeta (usando apenas 150 anos de dados estatísticos), os activistas de agendas totalitárias e os políticos oportunistas, nos venham “garantir” que é preciso “salvar” o Planeta e que são os 7,8 mil milhões de humanos os PRINCIPAIS responsáveis por mudanças cósmicas tão complexas como as alterações climáticas.»
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