23/05/2025

A liberdade de imprensa não parece ser um dos nossos problemas (segundo os jornalistas)

RSF World Press Freedom Index 2025

O oitavo lugar de Portugal no ranking mundial da liberdade de imprensa dos Reporters Without Borders difere muito pouco do sétimo lugar no ranking mundial de futebol da FIFA. Como ninguém se queixa da performance do Portugal dos Pequeninos no futebol talvez se possa concluir que a liberdade de imprensa não é um dos nossos problemas. Sob reserva que enquanto no futebol o ranking é resultante dos resultados dos encontros de futebol, na liberdade de imprensa o ranking é estabelecido pelos jornalistas.

22/05/2025

United States on the Path from a Flawed Democracy to a Flawed Autocracy

«A presenter on CBS’s “60 Minutes”, America’s premier current-affairs programme, told viewers that Paramount, CBS’s owner, was supervising its content and that the show’s top producer had resigned because he felt he had lost his independence. None of its stories has been pulled, but speculation has swirled that Paramount wants to ensure its merger with Skydance Media won’t be torpedoed by the Trump administration because of its networks’ political coverage. Meanwhile, Paramount was reportedly ready to settle a lawsuit brought by Mr Trump that accuses CBS News of underhandedly editing an interview with Kamala Harris, Mr Trump’s Democratic opponent last year.»

«In a sign of the White House’s sensitivity to the public’s scepticism on tariffs, Mr Trump’s press secretary described Amazon’s reported plan to display the cost of import duties against products on its website as a “hostile and political” act. We have no such plans, Amazon hastily responded. Mr Trump called Jeff Bezos to smooth things over. He “solved the problem very quickly”, said the president. “He did the right thing. Good guy.”»

(Source)

__________

Trumpism is a form of Max Weber's patrimonialism

21/05/2025

History teaches us that closure results in decline. Trumpism will confirm the loss of US hegemony and its subsequent decline.

amazon.uk

«The way to start a “golden age” is to erect big, beautiful barriers to keep out foreign goods and people. That, at least, is the view of the most powerful man on the planet. Johan Norberg, a Swedish historian, makes the opposite case. In “Peak Human”, Mr Norberg charts the rise and fall of golden ages around the world over the past three millennia, ranging from Athens to the Anglosphere via the Abbasid caliphate. He finds that the polities that outshone their peers did so because they were more open: to trade, to strangers and to ideas that discomfited the mighty. When they closed up again, they lost their shine.

Previous golden ages all ended like Rome’s did, jinxed by a mix of bad luck and bad leadership. Many thriving societies isolated themselves or suffered a “Socrates moment”, silencing their most rational voices. “Peak Human” does not mention Donald Trump; it was written before he was re-elected. America’s president will not read it, but others should. The current age of globalisation could still, perhaps, be saved. As Mr Norberg argues: “Failure is not a fate but a choice.” » (Review)

20/05/2025

Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa (61)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa» e do «Semanário de Bordo da Nau Catrineta». Outras Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa.

O Dr. Montenegro deveria agradecer ao Dr. Pedro Nuno

Certamente a herança dos governos socialistas, nomeadamente nos domínios da saúde, da educação e da habitação, ajudou imenso a AD a ganhar as eleições. Apesar disso, não tenho dúvidas que o Dr. Pedro Nuno e o descrédito que a sua falta de autenticidade criou foram uma preciosa ajuda para o Dr. Montenegro que nas últimas sondagens tinha uma vantagem sobre o Dr. Pedro Nuno de 18 pp nas preferências para primeiro-ministro. A queda abissal do PS tem virtualidades de antecipar a reforma do Dr. Pedro Nuno, em alternativa a tornar o PS um saco de gatos durante os próximos tempos.

O gosto dos governos socialistas de espremeram os capitalistas privou-os de receitas

Já se sabia, pelo menos desde Keynes e tornou-se visual com Arthur Laffer e a sua famosa curva, desenhada pela primeira vez em 1974 num jantar com os assessores de Gerald Ford, que a partir de certo ponto o aumento das taxas de imposto pode conduzir à redução da receita fiscal. 

A  Curva de Laffer apesar de ser sobretudo aplicável no domínio dos impostos sobre o rendimento pessoal é também observável nos impostos sobre os lucros das empresas. 


O diagrama anterior exemplifica isso claramente, mesmo que se tenha de reconhecer que o caso da Irlanda é especialíssimo e deve mais a circunstâncias peculiares do que a Laffer.

19/05/2025

Crónica de um Governo de Passagem (53)

Outras Crónicas do Governo de Passagem

Navegando à bolina
Finalmente, terminou o concurso de normalidades

Não obstante o enorme esforço, os incontáveis abraços e beijinhos aos adeptos e, nalguns casos, as incontáveis sandes de chouriço comidas pelo Dr. Pedro Nuno, pelo Dr. Rui, pelo Dr. Raimundo, pela Drª. Mariana e pela Dr.ª Joana (que apresentou o rácio gritaria/votos mais alto e, suspeito, foi outra vez muito ajudada pela repetição da confusão da velhada entre AD e ADN) os eleitores acharam que o Dr. Luís é o mais normal de todos e, apesar (ou talvez por causa) da Spinumviva, valia nas últimas sondagens mais 11 pp do que a coligação que lidera, coligação que ganhou uma dezenas de deputados a um PS que se afundou na relativa irrelevância, condenado a disputar o segundo lugar com o partido unipessoal do Dr. Ventura.

Relevo o desaparecimento de um Berloque de Esquerda liderado por uma construção do Dr. Louçã, a quem os bracarenses mandaram para a reforma, juntamente com as outras duas múmias que saíram episodicamente da naftalina.

Hoje há, amanhã logo se vê

Com a inesperada excepção do PS, quanto mais afastados do poder estão os partidos maiores são as promessas de dar a uns eleitores com o dinheiro dos “ricos”.

mais liberdade

Portugal é um oásis da Óropa, outra vez

O primeiro a dizê-lo foi o Dr. Braga de Macedo, ministro das Finanças do Dr. Cavaco, algum tempo antes da recessão de 1993 cá chegar. O segundo foi o Dr. Pedro Reis, actual ministro da Economia, cujo «oásis anti-burocracia» é, contudo, de âmbito mais limitado e é mais um propósito idealista num dos países mais burocráticos da Óropa, algo que reconheça-se não é fácil.

É discutível que o Portugal dos Pequeninos seja um oásis, no entanto, com 6,7% o rendimento das famílias portuguesas foi o que teve o maior crescimento real entre os 38 membros da OCDE e, por isso, não espanta que o crédito ao consumo tenha crescido 8,6% em termos homólogos no primeiro trimestre. Tudo isto só é possível porque os fundos do PRR continuam a injectar dinheiro na economia e o turismo continuou a crescer 4% no primeiro trimestre,

A parte que falta para ser um oásis é a produtividade por pessoa empregada que é 76% da média da UE o que nos coloca no 21.º lugar.

… e o Estado sucial prospera

O governo AD não quis ficar atrás dos governos socialistas que receberam 655 mil funcionários públicos do governo de Passos Coelho (que, por sua vez, herdou 730 mil do socialismo socrático) e aumentaram esses efectivos para mais de 740 mil. A AD continua a aumentar os efectivos que até ao fim do 1.º trimestre cresceram em termos homólogos quase 10 mil para 759 mil.

Além da produtividade há um outro pequeno problema…

… que é a descapitalização da economia e a aversão ao risco do empresariado nacional que, a respeito da venda em curso do Novo Banco, nos está a levar a uma de duas opções: ou bem os espanhóis do Caixabank, que controlam o BPI, compram o Novo Banco e os bancos espanhóis ficam com a maioria do mercado, ou bem a CGD, um banco do Estado sucial que já detém uma quota de mercado de 21%, ficaria com uma quota de 1/3.

Depois do desastre da "internacionalização” estará a Santa Casa a entrar no eixos?

Após 8 anos de gestão socialista, dos delírios de internacionalização de que resultaram perdas estimadas em 20 milhões e de um aumento de cinco mil apparatchiks, a Santa Casa parece estar a entrar nos eixos e apresentou um resultado de 30 milhões em 2024.

18/05/2025

Encalhados numa ruga do contínuo espaço-tempo (103) - Dois generais portugueses reformados embrulhados em naftalina deliram nas TV sobre a invasão de Ucrânia

Há 3 anos os exércitos de Putin invadiram a Ucrânia alegadamente para expulsar os nazis, propósito até agora sem sucesso, seja porque os nazis ofereceram mais resistência do que o esperado, dizem uns, ou porque, não havendo nazis, os invasores tiverem que enfrentar patriotas ucranianos dispostos a lutar pela independência do seu país, dizem outros.

Seja como for, com excepção da clique putinesca, quase toda a gente interpreta os factos conhecidos e indiscutíveis, tais como uma guerra que era para terminar numa semana e decorridos mais de três anos os invasores só conseguiram controlar mais 1% do território ucraniano à custa de quase um milhão de baixas e de dezenas de milhar de equipamentos destruídos, como representando um desaire para a tropa putinesca. 

Toda a gente? Não exactamente. Num pequeno país nos cus de judas da Óropa, dois generais avençados continuam a exaltar nas televisões as vitórias onde quase todos os outros só vêem derrotas. Quem são então esses generais? Serão dois generais russos residentes no Portugal dos Pequeninos?

Com a ajuda do coronel Rodrigues do Carmo, o (Im)pertinências concluiu que esses generais que se prestam a estas encomendas são dois reformados do exército português, simpatizantes do partido que no passado via a Rússia de Lenine, Estaline, Kruschev, Brejnev, Andropov e Chernenko como o Sol da Humanidade (até que chegou o traidor Gorbachev), reformados encalhados numa ruga do contínuo espaço-tempo algures entre os anos 20 e os anos 40.

17/05/2025

Olhe que não Dr.ª Mortágua. Taxar os ricos não "alivia quem trabalha"...

«‘Tax the rich’ comes the familiar cry from the left – but what happens when the rich leave? As Michael Simmons observes in this week’s cover piece, Britain is becoming an increasingly inhospitable place for the wealthy and, unsurprisingly, many are voting with their feet. Since 2016, more than 30,000 millionaires have left the UK – an exodus unmatched in the developed world. It’s not easy to muster sympathy for the ultra-rich. But the uncomfortable truth is that Britain depends on them: the top 1 per cent of earners contribute nearly 30 per cent of all income tax. The Treasury thought it could squeeze the rich without consequence. It was wrong. Unless that mistake is acknowledged soon, it won’t just be the wealthy who pay the price; it will be all of us.»

Olhe que não Dr.ª Mortágua, não alivia, carrega. Se espremer demasiado os "ricos" eles emigram e serão os "pobres" a pagar mais impostos para manter o Estado sucial

16/05/2025

Pro memoria (442) - Os cortes no orçamento federal anunciados pelo Sr. Musk podem ser um bocadinho magalómanos

Antes de olharmos para os cortes anunciados pelo Sr. Musk, recordemos uma estimativa feita em Setembro do ano passado sobre os impactos orçamentais no período 2025-34 das políticas anunciadas pelos candidatos de onde resultava que o défice total estimado para uma administração Trump seria o dobro do de uma administração Harris.

Fonte

De volta ao Sr. Musk que perante o delírio dos magalómanos presentes no MAGA-comício no Madison Square Garden garantiu o ano passado que iria cortar um terço do orçamento federal anual de US$ 7 biliões, o equivalente a US$ 2,3 biliões (2.300.000.000.000). 

Seis meses depois a propaganda do DOGE (Departamento de Eficiência Governamental) anuncia ter feito cortes de US$ 170 mil milhões ou 7,3% do anunciado, dos quais a parte mais bem documentada são os US$ 31,8 mil milhões de 10.248 cancelamentos e alterações de contratos dos quais o Financial Times só conseguiu confirmar cerca de 2/3. Ainda assim, há provas de avaliações inflacionadas, por exemplo considerando como corte da despesa contratos já terminados, e muitos dos cortes anunciados são pontuais e não recorrentes nos próximos anos e outros ameaçam paralisar o aparelho federal.


Mais verificável é a opacidade do funcionamento do DOGE sobre o qual pouco se sabe. É também mais verificável a perda de biliões de dólares da fortuna pessoal do Sr. Musk pela desvalorização da Tesla e o cancelamento de contratos da Starlink.

[Leia What has Elon Musk’s Doge actually achieved? para ter mais detalhes dos excessos magalómanos]

15/05/2025

Caesar said that his wife ought not even to be under suspicion she ought to be above suspicion. The First Lady should say that her husband is not above suspicion and does appear to be under suspicion.

There’s No Such Thing as a Free Plane

«Donald Trump is in talks to accept a $400 million gift from a foreign government. The president has become impatient as he awaits replacements for Air Force One—initially due from Boeing in 2024, they’re now expected in 2027—and ABC News reported yesterday that the small Persian Gulf country of Qatar, an American ally, intends to give him a plane.

The most astonishing thing is that Trump is doing this out in the open. One secret to his impunity thus far has been that rather than try to hide his misdeeds—that’s what amateurs such as Nixon and Harding did—he calculates that if he makes no pretense, he can get away with them. This worked when he called on foreign countries to interfere in U.S. elections, when he declined to divest from his companies in his first term, and when he tried to subvert the 2020 presidential election. Now he is daring the courts, Congress, and Americans to either stop him or else declare graft legal—at least for him.

Underscoring the crookedness, the plane would ultimately belong not to the U.S. government but to Trump: Once he leaves office, it would reportedly “be transferred to the Trump Presidential Library Foundation no later than Jan. 1, 2029, and any costs relating to its transfer will be paid for by the U.S. Air Force,” per ABC. In short, a foreign government might give the president of the United States a $400 million personal gift. Not a bad haul at a time when Trump is asking American children to do with fewer dolls and pencils. (Federal law allows officials to accept personal gifts below a certain amount, currently set at $480. That’s 0.0001 percent the estimated value of the plane.)»

14/05/2025

SERVIÇO PÚBLICO: A "riqueza" que o resto do mundo roubou aos Estados Unidos


«Quando os Estados Unidos investiam noutros países, ou quando importavam bens e serviços de outros países, precisavam de dólares para os pagar. De onde vinham esses dólares? De umas impressoras no Banco Central dos Estados Unidos. Eram papel que o resto do mundo começou por aceitar porque era pagável em ouro e que continuou a aceitar a partir do momento em que deixou de o ser. Não são riqueza saída dos Estados Unidos. São dívida que, a partir de 1971, os Estados Unidos deixaram de pagar.

É a isto que Donald Trump chama riqueza americana detida pelos outros países através de um processo de roubo. Há bandeiras dos Estados Unidos sobre muitos milhares, para não dizer milhões, de terrenos, de minas, de fábricas, de imóveis, de empresas detidas por americanos em praticamente todo o mundo. Há centenas de milhões de cidadãos e milhões de empresas, dentro dos Estados Unidos, que, durante 80 anos seguidos, compraram os bens e os serviços produzidos em todo o mundo, que consumiram (sem os terem produzido). Estes ativos e estes bens e serviços foram “pagos” com dívida americana (dólares) que o mundo foi aceitando, só tendo sido realmente pagos nos casos em que estes dólares regressaram aos Estados Unidos, para compra de ativos e para compra de bens e serviços americanos por parte dos outros países.

Os dólares hoje detidos por todo o mundo, os que tendo saído dos Estados Unidos não regressaram (o défice acumulado da balança de capitais e da balança de bens e serviços dos Estados Unidos durante estes últimos 80 anos) são dívida externa dos Estados Unidos — não do Estado, ou do Governo, ou do Tesouro, mas da nação americana, através do seu sistema bancário, tendo no vértice o Banco Central (melhor, o conjunto de Bancos Centrais dos Estados Unidos que integram o chamado Sistema de Reserva Federal).

É isto que Donald Trump designa de riqueza roubada pelo resto do mundo: dívida externa dos Estados Unidos, a maior dívida do mundo, desde há muitos anos em aumento consecutivo, de que são credores os povos do mundo inteiro.

Há nesta “narrativa” de Donald Trump (para usarmos o termo consagrado por José Sócrates) um misto de ignorância, de atrevimento e de boçalidade. Não admira que esteja a levar o resto do mundo a tomar consciência da verdadeira natureza do dólar, apeando-o de um estatuto que deixou definitivamente de merecer.»

Excerto do artigo de Daniel Bessa no caderno de Economia do Expresso de 9 de Maio

13/05/2025

Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa (60)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa» e do «Semanário de Bordo da Nau Catrineta». Outras Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa.

À força de querer parecer outro, o Dr. Pedro Nuno já não sabe quem é (continuação)

Não se trata apenas de um facelift para transmitir uma imagem moderada. É uma cirurgia plástica profunda para mudar de cara com os maus resultados que costumam ter estas cirurgias. A criatura perdeu a autenticidade que já teve de um rapazito rebelde sem causas, fora do prazo de validade, que conduzia um Porsche e era proprietário de três casas, tudo pago pelo pai, e ameaçava pôr as pernas dos banqueiros alemães a tremer.

Ao perder essa autenticidade começou a afundar-se e em desespero agarrou-se às bóias da demagogia berrando que o seu concorrente Dr. Montenegro queria “privatizar” as pensões – ele, coitado, que foge das reformas como o diabo da cruz, assombrando os eleitores com as «nuvens cinzentas no horizonte» - nisso ele não está desprovido de razão - e tentando fazer esquecer o seu papel de devoto da geringonça substituindo-a por «todos e, nomeadamente, com o povo português».

A saga dos cacilheiros

A compra de cacilheiros eléctricos pela Transtejo em 2019 que ficaram acostados anos por falta de baterias é um case study de empresas públicas geridas por apparatchiks lunáticos, incompetentes e desonestos. Seis anos depois apenas dois dos seis cacilheiros estavam a navegar a título experimental por dificuldades de carregamento das baterias. Alguns meses depois ficou a saber-se que os barcos se destinavam à navegação em lagos, dos dez apenas três estão a ser usados e um quarto foi severamente danificado por ter chocado com o cais devido ao mau tempo - afinal destinava-se às águas mansas dos lagos.

12/05/2025

Crónica de um Governo de Passagem (52)

Outras Crónicas do Governo de Passagem

Navegando à bolina
O Dr. Montenegro parece muito bem preparado para ganhar as eleições. Para fazer as reformas necessárias não sabemos (quer dizer, sabemos que não as quer)

Desde o princípio de Maio as sondagens vêm dando uma vantagem de 4 pp à AD sobre o PS e as sondagens do ISCTE/ICS (recordo que o ISCTE já foi baptizado de madraça do PS o que neste caso dá uma credibilidade acrescida às sondagens) mostram uma vantagem de 5 pp com o IL com 5% de intenções de voto, o que não parece suficiente para uma coligação pós-eleitoral AD-IL ter a maioria mas apenas para arrumar CDS na prateleira, caso a coligação se concretize. O berloquismo da Dr. Mortágua com 2% está desaparecido em combate.

Quanto às reformas, estamos conversados. A maioria do eleitorado, incluindo os 3,5 milhões de pensionistas, não as deseja e o hipotético governo AD não as quer e desdobra-se em declarações anestésicas garantindo que tudo fique na mesma.

Os ministros das Finanças não fazem a economia crescer

Fonte
Nem as instituições nacionais e internacionais, nem talvez o próprio governo, acreditem na projecção de crescimento do PIB, num contexto de fortíssima volatilidade criada pelas “tarifas” de Trump que ninguém sabe quais serão, nem talvez o próprio. Para começar, com 0,5% o mês de Março teve um crescimento anémico das exportações que conjugado com o crescimento de 8,4% das importações aumentou em 682 milhões o défice nesse mês.

O tamanho do excedente não interessa porque é um défice disfarçado

Continua a discutir-se do tamanho do excedente orçamental que só existe porque a Segurança Social tem um excedente que ronda os 5 mil milhões. Milhões dependentes e aditivados com as contribuições dos emigrantes, milhões que se esfumarão, como já se esfumaram, quando desemprego aumentar, como acontecerá inevitavelmente logo que chegar a recessão que ameaça no horizonte.

Anúncio para insultar os eleitores

A duas semanas das eleições, o governo informa o povo ignaro que começará a notificar quatro mil e tal imigrantes em situação ilegal para abandonarem voluntariamente o país no prazo de 3 semanas.

10/05/2025

Pro memoria (441) - O equipamento de Putin começa a escassear para o show off

[Continuação de Pro memoria (436)Pro memoria (437)]

Com a invasão da Ucrânia, Putin não apenas está fazer da guerra um moedor de carne para canhão do seu próprio povo que sofreu mais de 800 mil baixas, como o seu equipamento militar está a ser destruído em quantidades significativas.

Fonte

O material começa já escassear para o show off das paradas no Dia da Vitória como se vê no diagrama do lado esquerdo.

09/05/2025

A defesa dos centros de decisão nacional (33) - Depois da banca, dos seguros, da indústria, a padaria portuguesa vai ser espanhola

Outras defesas dos centros de decisão nacional.

Recordemos, uma vez mais, os inúmeros manifestos pela defesa dos centros de decisão nacional, alguns deles assinados por empresários que passado algum tempo venderam a estrangeiros as suas empresas e as inúmeras declarações no mesmo sentido da esquerdalhada em geral. Recordemos também que esta necessidade de vender o país aos retalhos surge pelo endividamento gigantesco de públicos e privados e pela  descapitalização da economia portuguesa, consequência de décadas a viver acima das posses.

Foi agora a vez da Padaria Portuguesa com as suas 84 lojas, duas fábricas e mil trabalhadores se vender ao grupo espanhol Rodilla, uma cadeia de restauração com cerca de 300 estabelecimentos.

Esta operação pertence a outra classe diferente da venda dos bancos, das seguradoras e de vários grupo industriais que em muitos casos tinham sido nacionalizados, estavam descapitalizados ou atravessavam crises. Não parece ser este o caso da Padaria Portuguesa, aparentemente um negócio bem sucedido, que talvez se enquadre na falta de vocação empresarial, de visão de longo prazo e de gosto pelo risco dos seus accionistas que podem querer viver dos rendimentos. Não seria a primeira nem será a última iniciativa empresarial de que os seus promotores se desfazem e vão de férias. Caso não seja, subscrevo já por antecipação um pedido de desculpas pela especulação. 

08/05/2025

Mitos (350) - A pesada herança da longa noite fascista (XII)

[Uma actualização de A pesada herança da longa noite fascista (IV)]

Foi há dias publicado o índice de desenvolvimento humano das Nações Unidas definido como «uma medida resumida do desempenho médio em dimensões-chave do desenvolvimento humano: uma vida longa e saudável, ter conhecimento e ter um padrão de vida decente. O IDH é a média geométrica dos índices normalizados para cada uma das três dimensões.»


Como seria de esperar, excepto pelos tontinhos que imaginam resultados maléficos da maléfica globalização para exaltarem o nativismo, houve melhoria progressiva da qualidade de vida a que Portugal não escapou. 

O quid é que sendo indiscutíveis as melhorias do Portugal dos Pequeninos que ocupa o 40.º lugar no ranking mundial e o 28.º na Europa, à frente apenas de algumas das países vítimas do socialismo soviético, é igualmente indiscutível que quase todos os outros países melhoraram a qualidade de vida, nalguns casos mais do que o Portugal dos Pequeninos 

Se recuarmos cinco décadas, em 1975, após a queda do Estado Novo, Portugal era o 23.º país com melhor índice. Trinta anos de Estado sucial depois, em 2005, era o 29.º. Trinta e cinco anos de Estado sucial depois, em 2010, era o 40.º, onde continua.

07/05/2025

ESTÓRIA E MORAL: «Às ordens do movimento»

Estória

No dia 25 de Abril de 1974 o que restava do Estado Novo ruiu de mansinho empurrado pelo golpe militar. Num outro país provavelmente haveria centenas ou milhares de mortos, como aqui ao lado a guerra civil espanhola causou meio milhão de mortos. No Portugal dos Pequeninos houve quatro mortos e umas dezenas de feridos quando o pessoal da política política encurralado na sede da PIDE, que durante o marcelismo tinha mudado de nome para DGS, atirou sobre os manifestantes, possivelmente mais por medo do que outra coisa.

O major Silva Pais, num depoimento só agora tornado público, descreveu assim a rendição da PIDE de que tinha sido director.    
João Abel Manta
Mais extraordinário do que a queda quase pacífica do Estado Novo é este depoimento do director da polícia política que os delírios anti-fascistas domésticos comparam com a Gestapo - Geheime Staatspolizei - (mas não comparam com o KGB - Комитет Государственной Безопасности, et pour cause), declarando que «aguardava ordens do Movimento», estava às suas «ordens» e recebeu o seu representante «com todas as atenções».

Moral

O Portugal dos Pequeninos é um país de «brandos costumes» como disse António Oliveira Salazar, em entrevista a António Ferro, intelectual republicano admirador de O Botas e uma espécie de ideólogo do salazarismo.

06/05/2025

Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa (59)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa» e do «Semanário de Bordo da Nau Catrineta». Outras Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa.

Os bots socialistas

A acreditar na notícia do Jornal Sol, baseada no testemunho de um participante identificado, o PS do Dr. António Costa contratou a agência ADBD para criar centenas de perfis falsos nas redes sociais durante a campanha eleitoral de 2019 para difundir mensagens positivas para o PS e negativas para o PSD. Um processo manipulativo inspirado nas acções à escala global da FSB putinesca e neste caso à escala microscópica do Portugal dos Pequeninos.

O pasquim súcialista

A acreditar na notícia do semanário de reverência, a dupla Dr. José Paulo Fafe e Dr. Luís Bernardo, um conhecido assessor de imprensa do Eng. Sócrates, tem usado o jornal Tal&Qual «para difundir histórias negativas contra uma série de personalidades, escolhidas de acordo com os interesses de dois dos mais controversos consultores de comunicação em Portugal e de alguns dos seus clientes».

O Dr. Pedro Nuno oferece mais do mesmo

Alguém notou (não eu que por razões higiénicas não assisto à campanha eleitoral) que no debate entre os grandes chefes o Dr. Pedro Nuno mostrou ter soluções para os grandes problemas do país que passam por na Segurança Social garantir que manterá o sistema de repartição, que com o envelhecimento a população estará em poucas décadas insustentável, e na habitação por garantir que o Estado sucial resolverá um problema que ele durante os oito anos em que esteve no governo do Dr. Costa não resolveu, apesar dos vários programas que lançou.

Aleluia. O apagão fez luz na mente do Dr. Pedro Nuno que teve uma inesperada epifania…

.. e declarou que «se a REN fosse pública, nós teríamos tido um apagão na mesma. E, portanto, não é a propriedade da REN que nos resolveria o problema que tivemos ontem».

«Em defesa do SNS, sempre» / «O SNS é um tesouro»

Mandaria o decoro que o sucessor do Dr. Costa mantivesse de Conrado o prudente silêncio a respeito de vários temas e nomeadamente do SNS onde apontou o dedo ao Dr. Montenegro por ter falhado.

05/05/2025

Crónica de um Governo de Passagem (51)

Outras Crónicas do Governo de Passagem

Navegando à bolina
Apaguei o apagão

Não vou escrever sobre o apagão, sobre o qual já foram ditas e escritas muitas irrelevâncias, na melhor hipótese, e na maioria das vezes coisas ignorantes e estúpidas. Qualquer coisa que escrevesse que não fosse mais do mesmo, estaria condenada a ser ignorada ou classificada como alienígena.

Há pouca gente com moral para apontar o dedo ao Dr. Montenegro e entre eles não se encontram admiradores do Dr. Trump

O Dr. Montenegro continua a pôr-se a jeito esperando o fim do prazo para apresentar à Entidade para a Transparência a lista dos clientes da Spinumviva que inclui cinco novos clientes que facturaram 100 milhões de euros em contratos efectuados com este Governo.

100 milhões é uma gota de água de 0,33% no oceano dos mais de 30 mil milhões de despesa pública corrente e de investimento na compra de bens e serviços. Em boa verdade, em si mesmo, esse facto nada tem de ilegal e é o resultado natural de um país que vive pendurado no Estado, onde os empresários que têm de fazer pela vida procuram meios para influenciar o maior cliente de todos que consome quase metade do PIB. Um dos meios de influenciar esse enorme potencial cliente é certamente serem clientes da empresa de uma criatura que um dia poderá ser primeiro-ministro.

É por essa e por outras que penso que o mais grave e censurável deste circo, que faz as delícias dos jornalistas de causas e dos políticos que não têm clientes, é o Dr. Montenegro ter-se disposto a ser palhaço.

Nas eleições a fingir quase tudo na mesma com o Dr. Montenegro mais próximo de S. Bento

A última sondagem da Pitagórica mostra a AD com 34,0% a descolar do PS com 27,5% e o Chega e o IL com valores próximos da tendência, 16,6% e 7,8%, respectivamente. Uma maioria pode estar ao alcance de uma coligação AD + IL. O partido do animais continua afundado, a CDU recuperou alguma coisa e o BE afunda-se cada vez mais.

Observador

A geringonça que nas eleições de 2022 chegou a ultrapassar 50% está a cair para 32% e o conjunto AD-IL que nessas eleições obteve 34,2% apresenta-se agora com quase 42% e a possibilidade de ter a maioria dos deputados, mesmo sem o Chega que pode ter mais 10 pp do que nessas eleições, mas que uma clara maioria dos eleitores da AD não quer ter no governo. Se isto não é uma vitória da direita é certamente uma pesada derrota da esquerda.

No final a vitória vai continuar a ser do Partido do Estado

mais liberdade

Foi o Estado Novo, é o Estado sucial, poderia até ser o Estado Soviético, e será, até onde a vista alcança, o Estado do Partido do Estado, como escrevia o falecido Dr. Medina Carreira que apesar de ter sido ministro das Finanças num governo socialista era mais liberal do que muitos liberais encartados.

Se não fosse o turismo poderia ser o princípio de uma bela recessão…

Segundo a estimativa rápida do INE, o PIB do primeiro trimestre deste ano caiu 0,5% face ao último trimestre do ano passado, devido à redução da procura externa líquida. Em termos homólogos, isto é comparado com o primeiro trimestre de 2024, registou-se um crescimento de 1,4%, inferior às previsões.

… e, no entanto, o Estado sucial prospera…

Enquanto a economia coxeia no primeiro trimestre, as contas públicas apresentaram um excedente de 1,6 mil milhões devido a um crescimento de 9,6% da receita muito superior aos 2,9% da despesa 2,9%).



04/05/2025

Saying that a country has a populist (or socialist) regime is another way of saying that it is poor and undemocratic

This post is a sort of sequel to the following two:
Populism is on the rise, especially the right-wing one

Modern right-wing populism is as bad for the economy as left-wing populism

«Populism at the country level is at an all-time high, with more than 25% of nations currently governed by populists. How do economies perform under populist leaders? We build a new longrun cross-country database to study the macroeconomic history of populism. We identify 51 populist presidents and prime ministers from 1900 to 2020 and show that the economic cost of populism is high. After 15 years, GDP per capita is 10% lower compared to a plausible nonpopulist counterfactual. Economic disintegration, decreasing macroeconomic stability, and the erosion of institutions typically go hand in hand with populist rule.»

Manuel Funke, Moritz Schularick, Christoph Trebesch. Populist Leaders and the Economy. 2022. (hal-03881225)

03/05/2025

Deregulation Trump way

If there are measures that make sense in the American economy, it is the easing of the plethora of regulations that, contrary to legend, owe little to heavy European regulation. If you ask an AI software to estimate the number of regulations in force at the federal and state levels, you'll likely get something like this:

Federal Regulations (U.S.)

Source: Code of Federal Regulations (CFR)

As of recent estimates (2023), the CFR contains over 1.08 million regulatory restrictions, which are typically identified by words like "shall," "must," "may not," etc.

The total word count is over 100 million words.

Agencies: These rules are issued by more than 100 federal agencies, like the EPA, FDA, SEC, etc.

The Mercatus Center at George Mason University maintains a tool called RegData that analyzes the CFR and estimates restrictions per agency and industry.

State Regulations

Every state has its own administrative code or regulatory compilation. These vary widely in size.

According to Mercatus RegData (as of ~2021–2023):

California: ~400,000 restrictions

New York: ~300,000+

Texas: ~270,000+

Smaller states like South Dakota or North Dakota might have < 100,000.

On average, states tend to have 100,000 to 300,000 regulatory restrictions, though the number of rules or pages may differ.

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If you ask the same question regarding European Union regulations, you will get the following answer:

EU Primary and Secondary Legislation

Regulations (directly applicable laws): Approximately 1,000–1,500 in force.

Directives (goals to be implemented nationally): Approximately 1,500–2,000 in force.

Delegated/Implementing Acts (Commission instruments): Likely in the range of 3,000–5,000 issued since the Lisbon Treaty.

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Of course, these numbers are not comparable except at the US federal level and the European Union central level, and even then the metrics are different. However, they seem sufficient to question the myth.

In any case, the announcement in the usual hyperbolic language a few days after the inauguration («President Donald J. Trump Launches Massive 10-to-1 Deregulation Initiative») created an expectation of great simplification.

Meanwhile, "reciprocal" tariffs announced on April 2 included a 37-page annex with exemptions for a fifth of total U.S. imports; the following week, another 20 products were exempted, including smartphones and computers, in addition to some types of steel and aluminum, and products imported from Mexico and Canada under USMACA, and countless other exemptions or exceptions for a variety of products from different sources. In the end, this administration will have created a gigantic red tape system in foreign trade alone.

02/05/2025

Dúvidas (352) – Irá o Brexit reverter-se? (I)

Dúvidas já resolvidas sobre se o Brexit iria consumar-se 

Em retrospectiva, a decisão do governo conservador britânico de David Cameron de submeter a um referendo a saída da UE tinha um propósito e uma premissa. O propósito era não perder as eleições para o UKIP de Nigel Farage que fazia uma campanha para a saída. A premissa era que o eleitorado britânico acabaria por recusar a saída. O propósito foi conseguido, à custa de demagogia e distorção dos factos e dos números que não ficou atrás do UKIP e teve um resultado inesperado que foi a aprovação do Brexit.

As consequências ruinosas do Brexit para o Reino Unido (ver este post) são hoje visíveis para toda a gente que disponha de informação objectiva, com a possível excepção dos portadores de alucinação psicótica, e constituem um case study de subordinação dos interesses nacionais aos desígnios de uma clique.

Seja como for, não será o Brexit um fait accompli? Em boa verdade é tão accompli como era a adesão do Reino Unido à União Europeia, e no entanto o Brexit aconteceu. E aconteceu, segundo esta análise baseada nos dados do British Election Study muito à custa dos velhotes, dos quais cerca de dois terços morreram desde 2020. Como a aprovação do Brexit em 2016 foi por uma margem muito curta (51,9% a favor e 48,1% contra) um hipotético novo referendo aprovaria muito provavelmente a re-adesão à UE.

01/05/2025

O governador do BdP (um banco regional) tem melhor salário do que o presidente da Fed

O governador e outros apparatchiks do Banco de Portugal (BdP) tiveram os seus salários aumentados de 7% ficando o Dr. Centeno, o Ronaldo das Finanças, com um belo salário mensal de 19,5 mil euros ou, no mínimo, 273 mil euros por ano. 

O BdP actualmente é uma espécie de agência regional do Banco Central Europeu (BCE) que supervisiona as quatro "entidades significativas" da banca portuguesa: BPI. BCP, CGD e Novo Banco. Ao BdP compete a supervisão das entidades "insignificativas", das quais as únicas que valem mais de 0,..% são as Caixas Agrícolas e o Banco Montepio. Ao BCE compete igualmente a política monetária, restando ao BdP, além da supervisão das entidades "insignificativas" o gabinete de estudos, as estatísticas financeiras e pouco mais.

Com 273 mil euros por ano ou mais 30 mil euros do que o presidente da Fed, o Dr. Centeno tem um melhor rácio salário-responsabilidade dos presidentes dos bancos centrais, apesar do BdP ser um banco mais regional do que central, quando comparado com:
  • Governador do Bank of England que tem a seu cargo a política monetária e a supervisão do sistema bancário de uma das grandes potências financeiras do planeta: £495.000 ou 582 mil euros;
  • Presidente do BCE que tem a seu cargo a política monetária e a supervisão dos maiores bancos do sistema bancário da Zona Euro: €378.240;
  • Presidente do Banque de France: €310.768
  • Presidente da Fed (Reserva Federal Americana) que tem a seu cargo a política monetária e a supervisão do sistema bancário da maior potência financeira do planeta: USD $246,400 ou 217 mil euros.

30/04/2025

Dúvidas (351) - Desta vez vai ser diferente?

Visual Capitalist

Crestmont Research

Após o aumento dos direitos aduaneiros em 1890 pelo presidente William McKinley, o crescimento do PIB desacelerou e voltou a cair fortemente após os dois aumentos dos direitos em 1922 pelo Fordney-McCumber Tariff Act e em 1930 pelo Smoot-Hawley Tariff Act.

Entretanto, o PIB caiu 0,3% no 1.º trimestre, pela primeira vez em três anos. O presidente Trump apressou-se a responsabilizar o anterior presidente e escreveu no seu megafone pessoal Truth Social "This is Biden’s Stock Market, not Trump’s".

29/04/2025

Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa (58)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa» e do «Semanário de Bordo da Nau Catrineta». Outras Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa.

À força de querer parecer outro, o Dr. Pedro Nuno já não sabe quem é

Nos tempos em que se imaginava nos comícios a fazer tremer as perninhas dos banqueiros alemães ameaçando-os com «uma bomba atómica» e advertindo-os que «ou os senhores se põem finos ou nós não pagamos a dívida», o Dr. Pedro Nuno conseguia mostrar uma aparente autenticidade de esquerdista infantil prescindindo do Porsche oferecido pelo pai para se mostrar solidário com os pés descalços que andavam nos transportes públicos. Durante a geringonça foi mantendo as aparências assumindo-se como porta-voz do berloquismo no interior do PS. Ao ascender à liderança do PS, imaginando-a como um trampolim para chefiar um governo socialista, o Dr. Pedro Nuno apercebeu-se rapidamente que aquele discurso não grudava e começou a ensaiar uma postura moderada e responsável. O resultado foi perder toda a autenticidade, perda que num político antecede a perda da credibilidade que, como dizia o falecido Belmiro de Azevedo, é como a virgindade – depois de perdida é irrecuperável.

Se a memória dos eleitores não fosse tão fraca e a dos socialistas inexistente…

… o passado dos governos do PS estaria constantemente a atormentá-los. O projeto da fábrica de petroquímica de La Seda em Sines, financiado pelo governo do Eng. Sócrates desde 2007 foi um desastre visível logo nos dois anos seguintes (ver a estória tratada numa dúzia de posts deste blogue e resumida neste). Quinze anos depois foi vendida por 100 mil euros depois de ter gerado perdas de 500 milhões de euros para a Caixa que fez, mais uma vez, o papel de La Putain de la Republique que Mme Deviers-Joncour descreveu e confessou ter desempenhado pour sauver les "putains" au masculin.

28/04/2025

Crónica de um Governo de Passagem (50)

Outras Crónicas do Governo de Passagem

Navegando à bolina
Nas eleições a fingir o Dr. Montenegro continua a flutuar

A média das sondagens do Observador (ver diagrama abaixo) e também as últimas sondagens da Consulmark2 para o jornal Sol dão uma vantagem à AD. No caso destas últimas a vantagem é de 7 pp (34,1% contra 27,1%), há uma recuperação da IL para 8,3% e o Chega atrasa-se para 15,2%).

Curiosamente, apesar de quase 2/3 dos inquiridos pelo ICS/ISCTE para o Expresso considerarem mau ou muito mau o desempenho do governo, nas preferências para primeiro-ministro o Dr. Montenegro bate o Dr. Pedro Nuno (43,9% contra 25,1%), e ainda mais curiosamente as preferências pelo Dr. Ventura são menos dos que as intenções de voto no Chega (12,5% contra 15,2%.

Mais de 2/3 (66,8%) dos inquiridos pelo Consulmark2 declararam-se contra uma aliança AD-Chega o que mostra que a aposta do Dr. Montenegro no “não é não” foi acertada, o que é confirmado pela sondagem ICS/ISCTE que mostra que preferências por e contra essa aliança serem 12% contra 82%, respectivamente.

Observador

As “tarifas” do Dr. Trump podem transformar as vacas gordas voadoras do Dr. Costa nas vacas magras do Dr. Montenegro…

O FMI reviu em baixa as previsões de crescimento para 2025 (2%) e 2026 (1,7%), claramente abaixo das previsões do programa eleitoral da AD (2,4% e 2,6%). Segundo as contas do Expresso da comparação das previsões do FMI entre Outubro de 2024 e Abril 2025 resulta que a perda acumulada do PIB entre 2025 e 2029 pode atingir para Portugal 5,7%, ou seja uma perda anual superior a 1%.

… estragar as “contas certas” e…

A Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) admite a derrapagem das contas com os aumentos salariais da Função Pública, a aceleração da execução do PRR e as “tarifas” do Dr. Trump, que podem transformar o excedente orçamental previsto em défice.

… acelerar de novo o crescimento da dívida

Segundo o BdP, o endividamento total do Estado, das empresas e das famílias aumentou em Fevereiro 2,3% para 820,5 mil milhões, sobretudo devido às famílias que com o crédito à habitação aumentaram o seu endividamento em 800 milhões.

Choque da realidade com as políticas de habitação do Dr. Costa continua pela mão do Dr. Montenegro

Com a aprovação do programa Mais Habitação as rendas continuaram a aumentar e com as medidas do Dr. Montenegro da facilitação do crédito à habitação aumentaram ainda mais depressa. No último trimestre do ano passado o preço mediano dos apartamentos vendidos aumentou 2,8% relativamente ao trimestre anterior e 15,5% por comparação com o mesmo trimestre de 2023.

27/04/2025

ARTIGO DEFUNTO: As receitas do marxismo tele-evangélico promovidas pelo jornalismo de causas

«265 fundos imobiliários obtiveram 1700 milhões de euros de lucro, contribuíram para o aumento do preço das rendas, mas não pagaram um cêntimo de impostos! Taxação justa e tectos máximos nas rendas é uma questão de elementar sensatez.»

Disse num vídeo, com aquele seu ar sisudo e acusador, o Prof. Francisco Anacleto Louçã, fundador da Liga Comunista Internacionalista (LCI) representante em Portugal da IV Internacional, uma dissidência de inspiração trotskista da Internacional Comunista, fundador do Bloco de Esquerda, uma fusão de trotskistas com os maoístas e outros grupelhos, ex-membro do Conselho Consultivo do Banco de Portugal nomeado pelo Ronaldo das Finanças e ex-membro do Conselho de Estado.

Talvez receando que o vídeo publicado no X fosse submergido pelo ruído ambiental da rede social do tecnogarca Elon Musk, o jornal Público apressou a promovê-lo submetendo-o ao seu fact checking, submissão completamente inútil porque o Prof. Louçã não é tolo e na primeira parte da sua sentença misturou um facto verdadeiro («265 fundos imobiliários obtiveram 1700 milhões de euros de lucro, (...) mas não pagaram um cêntimo de impostos) com outro infundado («contribuíram para o aumento do preço das rendas», e o resto não são factos são opiniões que obviamente reflectem o pensamento do camarada Anacleto, isto é receitas do marxismo tele-evangélico.

Na verdade, os fundos imobiliários não contribuíram para o aumento do preço das rendas porque, em primeiro lugar, representam apenas uma fracção diminuta dos arrendamentos sem influência significativa nas rendas e, de resto, foram estas rendas, supostamente elevadas, que contribuíram para os 1700 milhões de euros de lucro e não o contrário.

Quanto às opiniões do camarada Anacleto, a taxação justa apenas contribuiria para aumentar as rendas e, por outro lado, os detentores de unidades de participação dos fundos estão já sujeitos a IRS ou IRC pelas mais-valias resultantes da transmissão ou resgate das unidades de participação. Os tectos máximos nas rendas é uma medida que em todo o lado em que foi adoptada diminuiu a oferta de arrendamento, primeiro, e aumentou as rendas, depois.

26/04/2025

Trump não está a desinfectar as universidades da influência ideológica "woke", está a infectá-las com a ideologia MAGA

Primeiro, a administração Trump congelou USD 250 milhões do financiamento de projectos de investigação biomédica à Universidade de Columbia e anunciou que cortaria todos os outros financiamentos. Dias mais tarde, os US National Institutes of Health (NIH) informaram a universidade que deixariam de pagar os salários dos investigadores em todos os projectos em curso. (fonte Science)

A seguir foi a vez das universidades Harvard, Brown, Northwestern Cornell e da Faculdade de Medicina Weill-Cornell a quem os NIH congelaram todos os financiamentos e o ministério da Saúde, do qual dependem os NIH, instruiu-os para não fornecerem nenhuma informação sobre o congelamento e os motivos. (fonte Science)

Essas universidades fazem parte de uma lista de 60, muitas delas privadas, que a administração Trump considera não terem reprimido o discurso "anti-semita" e terem adoptado os programas DEI (Diversidade, Equidade e Inclusão). Não será necessário lembrar que da maioria dessas universidades sai o essencial da investigação em diversos domínios científicos o que, só por si, tem garantido a superioridade da ciência e da tecnologia americanas.

A universidade de Harvard instruiu os seus advogados (dois advogados republicanos de topo) para responderem acusando o governo de violar as garantias constitucionais das liberdades relativas à religião, expressão, reunião e direito de petição.  

«It is unfortunate, then, that your letter disregards Harvard’s efforts and instead presents demands that, in contravention of the First Amendment, invade university freedoms long recognized by the Supreme Court. The government’s terms also circumvent Harvard’s statutory rights by requiring unsupported and disruptive remedies for alleged harms that the government has not proven through mandatory processes established by Congress and required by law. No less objectionable is the condition, first made explicit in the letter of March 31, 2025, that Harvard accede to these terms or risk the loss of billions of dollars in federal funding critical to vital research and innovation that has saved and improved lives and allowed Harvard to play a central role in making our country’s scientific, medical, and other research communities the standard-bearers for the world.»

Dias depois Harvard processou o governo em tribunal pelo corte de USD 2 mil milhões. 

É claro que depois de uma década de "wokismo" em que todos dias a First Amendment foi desrespeitada pelo áctivismo com a complacência da direcção de Harvard esta não tem moral para apontar o dedo ao Trumpismo. Quem tem o direito de censurar ambos é quem defende o direito de livre expressão.

25/04/2025

Mitos (349) - O Estado Novo foi um paraíso perdido com o golpe militar de 25 de Abril que nos trouxe o inferno

O ano passado nesta data tratei do mito do 25 de Abril partilhado pela esquerdalhada. Este ano trato também da outra face do mito partilhada pelos viúvos do Estado Novo.

Tivemos os 48 anos de Estado Novo que, sendo uma ditadura sonsa e beata, não deixou de ser uma ditadura encalhada no tempo, tentando endoutrinar as crianças e os jovens com a Mocidade Portuguesa e organizar os adultos com a Legião Portuguesa, com uma polícia política que vigiava e punia uma oposição fraca quase resumida ao Partido Comunista e garantia que do simulacro de eleições saísse sempre o mesmo resultado. Um Estado Novo que nos manteve numa miséria pacata, onde para usar um isqueiro era preciso ter uma licença (as fábricas de fósforos eram propriedade de eminências do regime) e só nos anos 60 com a adesão à EFTA (European Free Trade Association) se iniciou um período de crescimento interrompido pelo golpe militar. Uma ditadura que tentou, contra as tendências da história, manter um império colonial que nunca chegou a ser império e consumiu as energias de uma geração numa guerra impossível de ser vencida.

Uma ditadura que não sobreviveu quase cinco décadas sem a adesão das elites, dos situacionistas e dos oportunistas (alguns deles viraram a casa) e com a passividade, mansidão e conformidade de um povo traumatizado pela incompetência, violência e instabilidade da 1.ª República. Uma ditadura que se desfez como um castelo de cartas com um simples golpe militar, cuja génese deve mais ao sindicalismo militar e menos à ideologia e aos grandes princípios, golpe militar cavalgado pela única força política organizada.

Com o mesmo povo, gradualmente menos passivo e menos conformado, chegámos ao PREC de onde quase saiu uma ditadura pior do que a do Estado Novo, tivemos a reforma agrária e as nacionalizações que expropriaram o "capitalismo monopolista", desmantelou-se o sector financeiro, hoje quase totalmente controlado por capital estrangeiro, a indústria foi reduzida a microempresas e PME e a uma ou outra sobra das grandes empresas industriais. Foi construído um Estado sucial pletórico, que faliu três vezes nos últimos 50 anos, controlado pelos novos situacionistas e povoado  por um número de funcionários (750 mil) que é o dobro da soma dos "servidores do Estado" (200 mil) com os mobilizados para a guerra colonial (170 mil). As Forças Armadas foram reduzidas a uma tropa pelintra, desmoralizada, mal equipada e incapaz de defender o país. O ensino público foi gradualmente infectado por ideologias neo-marxistas a um grau que rivaliza com a endoutrinação no ensino do Estado Novo mas fica longe do seu grau de exigência técnica. A qualidade do pessoal político degradou-se e a maioria dos ministros do regime actual não teriam por incompetência técnica lugar num governo do Dr. Salazar ou do Dr. Marcelo. O resultado é um país ultrapassado pelos países saídos das ruínas do império soviético, com uma economia pouco competitiva de baixa produtividade, endividado e dependente dos dinheiros europeus.

No final ficámos com o arbítrio mais livre e, em consequência, com menos desculpas, o que só por si é positivo.

24/04/2025

DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: Portugueses no topo do mundo (74) - Somos dos que mais merecem o interesse do Império Russo

Outros portugueses no topo do mundo.

Não há muitos rankings em que o nosso Portugal dos Pequeninos esteja quase no nono decil, posição que os mídia patrióticos não poderiam deixar de saudar, como o faz o semanário de reverência numa peça com o título «Interesse da Rússia “não é novo”: Portugal é o 12.º país (numa lista de 87) com maior volume de desinformação russa» onde nos dá conta de «um estudo realizado na Bulgária (que) coloca Portugal como uma das nações do mundo onde um grupo de desinformação russo mais opera. Os investigadores veem o país como um terreno de testes “interessante para as táticas de desinformação russas serem experimentadas e testadas”».

The Pravda Ecosystem: Publications Analysis Dashboard, Dec 2024-Mar 2025

Note-se que o 12.º lugar de Portugal é o segundo, a seguir à Dinamarca, dos países que não integraram (ainda) o Bloco Soviético.

Este interesse do agitprop do Império Russo, de resto já visível no comentário político na TV portuguesa sobre a invasão da Ucrânia por alguns militares portugueses, comentário classificável como um teste para as tácticas russas, é previsível, além de honroso, pelo menos desde que o apresentador Vladimir Solovyov do canal estatal "Russia-1" considerou que «os portugueses viveriam bem como parte do império russo» e sugeriu a anexação de Portugal após a «desnazificação da Alemanha».