Recordemos, uma vez mais, os inúmeros manifestos pela defesa dos centros de decisão nacional, alguns deles assinados por empresários que passado algum tempo venderam a estrangeiros as suas empresas e as inúmeras declarações no mesmo sentido da esquerdalhada em geral. Recordemos também que esta necessidade de vender o país aos retalhos surge pelo endividamento gigantesco de públicos e privados e pela consequente descapitalização da economia portuguesa, consequência de décadas a viver acima das posses.
A Teixeira Duarte, cujos accionistas foram pioneiros do movimento dos «centros de decisão nacional», vendeu em 2010 todas as acções que detinha da Cimpor à brasileira Camargo Correia. Dois anos mais tarde a Camargo lançou uma OPA. Pouco tempo depois, o falecido Pedro Queiroz Pereira propôs à Caixa e ao BCP comprar as acções da Cimpor que os dois bancos detinham por troca com acções de uma holding a criar em que participariam a família Queiroz Pereira e aqueles dois bancos, a qual deteria as participações na Semapa e na Cimpor. A proposta de PQP foi recusada pelos campeões dos centros de defesa nacional.
Oito anos depois, em 2018, a Camargo Correia, soterrada em dívidas, retirou a Cimpor da bolsa e começou a procurar comprador para a InterCement que controlava 90% da Cimpor. Vendeu no ano seguinte ao fundo de pensões das Forças Armadas turcas OYAK.
Foi agora a vez da OYAK vender a totalidade da Cimpor à Taiwan Cement Europe Holdings B.V, que já detinha uma participação minoritária. E assim continuou o trânsito deste «centro de decisão nacional», de Portugal para o Brasil, do Brasil para a Turquia e da Turquia para Taiwan.
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