Finalmente no centro do mundo
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Aqui aparece de novo a evidência de que dinheiro não é capital. Essa liquidez pode aliviar temporariamente a factura dos devedores, como o Estado português, mas não se transforma em recursos produtivos que gerem crescimento e resolvam a crise. Pelo contrário, serve, quando muito, de anestesia local, mas com o enorme custo de desincentivar a poupança e estrangular a rentabilidade dos bancos. Não é fácil que este clima de taxas de juro ínfimas seja propício ao crescimento sólido e saudável de que Portugal e a Europa precisam para vencer definitivamente a crise.
Portugal não tem capital porque vive há 20 anos acima das posses. É verdade que em 2008 isso abrandou. Só que, como a troika nos emprestou muito dinheiro, o país conseguiu ir descendo paulatinamente o desequilíbrio. Mas ele permanece. Desde 2008 que se anda a apertar o cinto e a vender propriedades ao estrangeiro para poder pagar as contas. Essa austeridade é necessária, mas não é a solução. Enquanto a poupança continuar a descer, a situação vai-se agravando.»
“As 10 Questões do Colapso. Portugal: a provável derrocada financeira de 2016-2017”, João César das Neves
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