«É urgente [a recapitalização] e, fechadas as contas deste ano – e as contas são fechadas, de um ano, em março do ano seguinte -, será uma prioridade quer a recapitalização pública quer o recurso ao mercado privado em termos obrigacionistas».
Foi assim a conversa do presidente Marcelo para patetas, que só não lhes insulta a inteligência porque os patetas a não têm, limpando, uma vez mais, a folha do governo que adiou a antes inadiável recapitalização da Caixa para evitar o impacto sobre o défice deste ano que lhe poderia fechar a torneira com que vai regando a sua clientela.
É apenas mais um pormenor de uma estratégia de prolongamento da vida assistida da geringonça, ganhando tempo para o PSD alijar aquele cujo chapéu «catavento de opiniões erráticas» o comentador Marcelo enfiou sem hesitação, substituindo-o por um factótum do presidente.
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Se houvesse lugar a dúvidas sobre tal estratégia de MRS, seriam desfeitas pela sua intervenção na conferência promovida pelo Jornal de Negócios onde disse:
«Conseguimos garantir a estabilidade política que se considerava questionável. Estabilidade na existência do Governo. Estabilidade nas relações entre o Governo e a Assembleia da República, com uma prerrogativa particularmente complexa e nunca ensaiada em Portugal, na cooperação institucional entre Governo e Presidência da República.»E não se trata de garantir a estabilidade política que é, de facto, sua obrigação. Trata-se de andar ao colo com um governo que ele tem a obrigação de perceber está a prolongar a vida política de Costa à custa de conduzir o país para o desastre - se ele não consegue perceber isso ou não tem assessores que lho expliquem, deveria ter continuado a debitar opiniões erráticas na TV. Como escreveu o director do Público, «O seguro do Governo chama-se Marcelo».
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