O mantra da justiça costista mudou? Não. O Dr. Costa não tem mantras, tem expedientes
No início do seu consolado como líder do PS, o Dr. Costa recitava o mantra «à justiça o que é da justiça, à política o que é da política». Continuou com o mesmo mantra durante oito anos enquanto uma dúzia dos seus ajudantes no governo eram obrigados a demitir-se por suspeita de golpadas. Quando chegou a sua vez de ser abrangido por um inquérito judicial, chamou-lhe “processo-crime” e aproveitou para se demitir não invocando o mantra, mostrando que era apenas mais um expediente do seu arsenal que começou por usar para sacudir do seu capote a água do Eng. Sócrates e de seguida a água dos membros do governo demitidos.
A ética republicana ainda não chegou à procuradoria-geral da república
Quando há cinco anos Joana Marques Vidal, uma PGR que não hesitou em escarafunchar os podres das figuras de cera do regime, não teve o seu mandato renovado e em sua substituição foi escolhida a Dr. Lucília Gago, o Dr. Costa deve ter suspirado de alívio. Cinco anos depois concluiu que o suspiro foi um exagero quando se enredou a si próprio e enredou o Dr. Marcelo na sua manobra de demissão, depois de falhada a tentativa de ter chuva na eira de escapar a S. Bento e o sol no nabal de deixar lá o Dr. Centeno, tentou enredar a PGR atribuindo-lhe a responsabilidade pela sua decisão a qual lhe respondeu à letra «não me sinto naturalmente responsável, porque se trata de uma avaliação pessoal e política que foi feita».
Já se sabia que o Dr. Costa é
Na conferência de imprensa do dia 11 em que anuncia a sua demissão o Dr. Costa disse que «com grande probabilidade [não exercerá] nunca mais qualquer cargo público» para logo de seguida rectificar para «qualquer cargo executivo». Guess why. No dia 20 o Dr. Costa abandona o «nunca mais» que passa a «enquanto não estiver esclarecido este assunto».
O Estado sucial é um caloteiro e coloca os “privados” a financiar o SNS
De 1.618 milhões no princípio do ano, a dívida do SNS aos “privados” cresceu até 2.322 milhões em Setembro, dos quais 635 milhões têm mais de 90 dias, aproximando-se do recorde de 2011, durante a intervenção da troika que se seguiu à falência do Estado sucial que o Eng. Sócrates deixou antes de ir estudar para Paris.
Estava escrito nas estrelas
Há três semanas prognostiquei que o Dr. Costa não deixaria de cobrar o preço do silêncio das hostes governamentais pela alegada interferência de S. Ex.ª numa cadeia de cunhas para proporcionar um tratamento caríssimo a crianças brasileiras no Hospital de Santa Maria, numa altura em que o SNS está de rastos. Avolumam-se os indícios que o assunto não morrerá tão cedo: o Público diz-nos que o inquérito em curso do MP «visa desconhecidos» e escreve com falsa inocência «se o Presidente da República viesse a ser suspeito, abertura de processo teria de ser votada no Parlamento» e no Expresso a Pluma Caprichosa escalpeliza os detalhes do processo numa página half broadsheet onde a palavra presidente surge sete vezes.
“Raramente a verdade é pura, e nunca é simples”
Pelo menos umas centenas de imigrantes que se manifestaram à frente do tribunal em Cuba pedindo a libertação das pessoas «suspeitas de integrarem uma rede que se dedicava ao tráfico de seres humanos», não colaboraram na campanha em curso para demonizar os malvados patrões que usam “mão de obra escrava” e empunharam cartazes garantindo terem boas condições de trabalho e serem bem tratados.
(Continua)
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