Em retrospectiva: que o debate sobre o aquecimento global, principalmente sobre o papel da intervenção humana, é muito mais um debate ideológico do que um debate científico é algo cada vez mais claro. Que nesse debate as posições tendam a extremar-se entre os defensores do aquecimento global como obra humana – normalmente gente de esquerda – e os negacionistas – normalmente gente de direita – existindo muito pouco espaço para dúvida, ou seja para uma abordagem científica, é apenas uma consequência da deslocação da discussão do campo científico, onde predomina a racionalidade, para o campo ideológico e inevitavelmente político, onde predomina a crença.
Os factos mostram cada vez mais que estão acontecer fenómenos que mostram mudanças climáticas caracterizadas por um aumento das temperaturas médias e extremas. Seria inútil negar isso, apesar de décadas de manipulação de dados por parte dos cientistas de causas ambientais que têm tido o efeito da fábula do pastor mentiroso e do lobo. Outra coisa diferente e atribuir essas mudanças exclusivamente à acção humana, o que evidentemente não explica as mudanças climáticas extremas que ocorreram no passado que não podem ser atribuídas à acção humana.
O texto seguinte refere objectivamente factos que que indiciam essas mudanças, mas peca por meter pela porta do cavalo uma conclusão não demonstrada quando refere em grande parte impulsionado pelas actividades humanas.
«As mudanças climáticas estão a afectar todas as partes do globo. Mas nenhum lugar está sentindo o calor como o Árctico. Embora as temperaturas globais médias tenham aumentado cerca de 1° C desde os tempos pré-industriais, o aquecimento no Árctico está a acontecer duas a três vezes mais rápido. A área de gelo que cobre o oceano Árctico está em um nível recorde, de acordo com o National Snow and Ice Data Centre dos EUA. Nos últimos 30 anos, a cobertura mínima de gelo no verão caiu pela metade.
Os cientistas sabem que o Árctico tem menos gelo do que antes, mas medidas precisas são limitadas. As imagens de satélite da região, a melhor fonte de dados disponíveis, remontam a menos de 40 anos. E, embora sejam úteis para medir a área de gelo marinho, não fornecem informações sobre sua profundidade. Para preencher os espaços em branco, os pesquisadores recorreram aos registos dos navios do passado. O Old Weather, um projecto de crowdsourcing, contou com a ajuda de milhares de voluntários para transcrever entradas dos diários de bordo do século 20 (alguns escritos à mão) para ajudar os cientistas a compilar dados climáticos históricos para alimentar seus modelos.
Em um novo artigo, pesquisadores da Universidade de Washington usaram esses dados para reconstruir condições no Árctico que remontam ao início do século XX. Eles descobriram que um período anterior do aquecimento do Árctico, entre 1920 e 1940, levou a um declínio significativo no volume de gelo do mar, principalmente no lado atlântico da calota de gelo. O recente declínio do gelo marinho do Árctico, em grande parte impulsionado pelas actividades humanas, foi cerca de seis vezes mais rápido. Também afectou a totalidade do oceano Árctico, especialmente o mar da Sibéria Oriental. Os autores calculam que, entre 1979 e 2010, o volume de gelo do mar no Árctico em Setembro diminuiu entre 55% e 65%.
Roald Amundsen, um explorador norueguês, liderou a primeira travessia bem-sucedida da Passagem Noroeste - conectando o Atlântico ao Pacífico contornando o Canadá - em 1903. Hoje, o Árctico é totalmente diferente. À medida que o gelo do mar continua encolhendo, novas rotas de navegação podem se abrir. Uma jornada que levou três anos a Amundsen pode demorar em poucas semanas.»
Shipping logs show how quickly Arctic sea ice is melting, The Economist
Os cientistas sabem que o Árctico tem menos gelo do que antes, mas medidas precisas são limitadas. As imagens de satélite da região, a melhor fonte de dados disponíveis, remontam a menos de 40 anos. E, embora sejam úteis para medir a área de gelo marinho, não fornecem informações sobre sua profundidade. Para preencher os espaços em branco, os pesquisadores recorreram aos registos dos navios do passado. O Old Weather, um projecto de crowdsourcing, contou com a ajuda de milhares de voluntários para transcrever entradas dos diários de bordo do século 20 (alguns escritos à mão) para ajudar os cientistas a compilar dados climáticos históricos para alimentar seus modelos.
Em um novo artigo, pesquisadores da Universidade de Washington usaram esses dados para reconstruir condições no Árctico que remontam ao início do século XX. Eles descobriram que um período anterior do aquecimento do Árctico, entre 1920 e 1940, levou a um declínio significativo no volume de gelo do mar, principalmente no lado atlântico da calota de gelo. O recente declínio do gelo marinho do Árctico, em grande parte impulsionado pelas actividades humanas, foi cerca de seis vezes mais rápido. Também afectou a totalidade do oceano Árctico, especialmente o mar da Sibéria Oriental. Os autores calculam que, entre 1979 e 2010, o volume de gelo do mar no Árctico em Setembro diminuiu entre 55% e 65%.
Roald Amundsen, um explorador norueguês, liderou a primeira travessia bem-sucedida da Passagem Noroeste - conectando o Atlântico ao Pacífico contornando o Canadá - em 1903. Hoje, o Árctico é totalmente diferente. À medida que o gelo do mar continua encolhendo, novas rotas de navegação podem se abrir. Uma jornada que levou três anos a Amundsen pode demorar em poucas semanas.»
Shipping logs show how quickly Arctic sea ice is melting, The Economist
1 comentário:
A respeito desta questão da evidência ou não de alterações climáticas de ação humana, deixo o seguinte link de um artigo num blog em que o autor procura encontrar alguma informação confiável sobre este tema:
http://informacaoincorrecta.com/2019/10/18/aquecimento-global-os-dados/
Aí é exibido um gráfico que mostra no Artico uma evolução similar à aqui apresentada, mas no Polo Sul é registada uma tendência diametralmente oposta, em que se verifica um aumento do gelo.
A contradição é evidente e ilustra alguma desinformação ou informação tendenciosa no sentido de validar alguns modelos que apontam para uma emergência climática.
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