«Só que por muito popular que seja, Marcelo não tem qualquer autoridade, pois aquela que lhe vislumbram é meramente aparente, e só na medida em que ele se sujeita a seguir o ar do tempo. O Presidente e a sua acção não são uma cura para o problema que ele talvez identifique, mas sim um sintoma da doença.
Olhando para este mandato de Marcelo, é fácil ver o padrão das suas intervenções públicas: a maior parte é pura e simplesmente inócua, limitando-se à exibição da sua pessoa (ou melhor, da sua personagem pública) pelas feiras e praias deste país, distribuindo abraços e beijinhos por quem “gosta muito” de “ver o Professor na televisão”. E sempre que se manifesta sobre algo de substantivo, seja qual for o assunto, Marcelo toma sempre a posição que julga ser a da maioria dos “portugueses comuns”, e só se pronuncia de forma crítica sobre algo (a maneira como o governo lidou com os incêndios de 2017, por exemplo) quando – e só depois de – se gerar um certo grau de comoção e insatisfação públicas.
Embora talvez inadvertida, a alcunha de “papagaio” que o senhor das Forças Armadas talvez não tenha atribuído a Marcelo mas que meio país logo julgou descrevê-lo é particularmente apta: tudo o que Marcelo diz é um eco do que “os portugueses” (no sentido que a conhecida filósofa política Teresa Guilherme dava ao termo) dizem nos cafés. Marcelo é um escravo da sua necessidade de ser popular, o que faz com que seja um escravo do instável sentimento público. Por outras palavras, é tudo menos o que Portugal precisava que ele fosse.»
O Presidente “influencer”, Bruno Alves no Económico
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