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12/10/2019

A estupidez de pensar que uma gaga negra não deve ser deputada tem equivalente na estupidez de fazer da gaguez e da negritude uma bandeira

Pensei escrever umas linhas sobre a polémica que aflige a nação a propósito de Joacine Katar Moreira, doutorada em Estudos Africanos, guineense, gaga e deputada do Livre, uma agremiação que foi uma spin-off unipessoal do Bloco de Esquerda, de vocação proibicionista e natureza totalitária. Não vale a pena. Quase tudo o que tinha para dizer já foi escrito neste artigo de Alberto Gonçalves. Eis uns quantos excertos:

«(...) a dra. Joacine declarou que as “legislativas” iriam medir a capacidade do eleitorado em aceitar uma mulher negra na Assembleia da República. Com o devido respeito, hã? A que título é que o eleitorado, que já “aceitou” em S. Bento resmas de mulheres brancas e dois ou três homens negros, não estaria preparado para uma mulher negra? A presunção tem graça. Por um lado, porque é mentira: a primeira deputada negra aconteceu ainda antes de 1974, chamava-se Sinclética Soares Santos e vinha de Angola (e a primeira deputada negra da democracia, Nilza Mouzinho de Sena, pertence ao PSD e chegou à AR em 2015). Por outro lado, porque a presunção é estúpida. 
(...)
A dra. Joacine não precisou de explicitar o último critério. De resto, é justamente a incapacidade de o fazer que o torna evidente. Não existe maneira diferente de o dizer (ou existe, mas nunca mais saíamos daqui): a dra. Joacine é gaga. Às vezes, é um bocado gaga. Às vezes, é bastante gaga. Às vezes, é gaga para lá de qualquer hipótese de comunicação. Por causa da referida característica, alguns gozam com a dra. Joacine, e alguns acreditam que a dra. Joacine goza com eles. Não são melhores nem piores do que os que lhe elogiam a “coragem” por “assumir”. A propósito disto, gostaria de informar os deslumbrados que não há coragem em se assumir um defeito impossível de ocultar. Um sujeito com 15 dioptrias não é um herói: é um pitosga. 
(...)
No fundo, e à superfície, o Livre mistura os horrores do BE com as abominações do PAN, preservando o ressentimento, o moralismo, o revisionismo, a vocação proibicionista e a natureza totalitária de ambos. Parece-me impecável.»

2 comentários:

Anónimo disse...

O facto de, tradicionalmente, se associar aos tribunos o dom da palavra será, talvez, uma questão irrelevante. Tendo em conta os resultados práticos daquilo que alguém definiu, com grande acerto, o “cacarejar parlamentar”, a proliferação de deputados com defeitos de fala, ou até com graus de deficiência mais profundos, sobretudo ao nível cognitivo, tornaria mais óbvia a (in)utilidade dessas batalhas de alecrim e manjerona na procura de um rumo para o país.
Ainda assim, sendo as coisas o que são, por certo que uma preta gaga terá tanta razão a propôr-se parlamentar como, por exemplo, um anão corcunda a jogar basquetebol. E, tal como o seu mentor reclama já tempo suplementar para a criatura poder explanar as suas ideias, também o anão terá a sua razão quando solicitar o rebaixamento das tabelas para conseguir encestar.
- Um estúpido.

Oscar Maximo disse...

Uma gaga negra não deve ser deputada, se a única função na Assembleia for lutar contra moinhos de vento e receber contrapartidas para manter-se caladinha.