Outras heranças.
Em retrospectiva: a tesouraria socialista estava à beira da ruptura no final do 1.º trimestre de 2011 e foi essa iminência que retirou a margem a Teixeira dos Santos para enfiar outra vez o problema para debaixo do tapete, como andava a fazer há muitos meses, e o forçou a encostar José Sócrates às cordas e obrigou este a lançar a toalha ao chão pedindo a intervenção da troika.
O Memorandum of Understanding foi negociado em Abril e Maio e é assinado a 17-05-2011. O governo PSD-CDS toma posse a 5 de Junho e a primeira tranche do empréstimo chega nesse mês, escassamente a tempo de cobrir mais de meia dúzia de mil milhões de euros de pagamentos previstos para os quais não havia dinheiro. É a entrada dessa 1.ª tranche que explica o salto no saldo de caixa no final do 2.º trimestre de 2011.
Desde então, os saldos da responsabilidade do governo PSD-CDS chegaram a atingir quase 30 mil milhões e ficaram sempre acima dos 10 mil milhões - as barras a verde representam o n.º de dias de despesa com base no trimestre em causa que o saldo permitiria cobrir.
Entretanto, à medida que foi melhorando o risco percebido da dívida pública portuguesa, o acesso ao mercado tornou-se gradualmente mais fácil e a necessidade de liquidez reduziu-se. Isso e o facto do programa de assistência ter terminado a 17-05-2014 e a partir daí a pressão da troika ser substituída pela pressão das eleições do ano seguinte contribuíram para a redução da tesouraria do governo PSD-CDS a partir do 2.º trimestre de 2014.
Não obstante, o governo PSD-CDS, que recebeu do governo socialista de Sócrates uma tesouraria suficiente para 4 dias de despesas, deixa agora de herança ao governo da geringonça uma tesouraria suficiente para mais de 30 dias (dados de 30-06, ainda não está disponível a conta provisória do Estado de 30-09).
Esperemos para ver a obra de Costa
Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
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Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
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