Que o debate sobre o aquecimento global, principalmente sobre o papel da intervenção humana, é muito mais um debate ideológico do que um debate científico é algo que cada vez mais claro. Que nesse debate as posições tendam a extremar-se entre os defensores do aquecimento global como obra humana – normalmente gente de esquerda – e os negacionistas – normalmente gente de direita – existindo muito pouco espaço para dúvida, ou seja para uma abordagem científica, é apenas uma consequência da deslocação da discussão do campo científico onde predomina a racionalidade para o campo ideológico e inevitavelmente político onde predomina a crença.
Quando analisamos as clivagens políticas esquerda-direita ou, mais rigorosamente, estatismo-liberalismo, verificamos que os crentes do aquecimento global por intervenção humana na sua esmagadora maioria rejeitam uma visão liberal das sociedades humanas e, por consequência, rejeitam o capitalismo e a democracia liberal e defendem o reforço do papel do Estado na economia e na sociedade em nome de uma utopia anónima - as utopias com nome nas últimas décadas ficaram com mau nome.
Tudo isto é razoavelmente evidente a qualquer observador atento, mas até recentemente não tinha conhecimento de um propósito confessado e de uma agenda assumida de «mudança do modelo económico de desenvolvimento que tem reinado desde pelo menos há 150 anos», isto é do capitalismo, por parte dos adeptos do «global warming man-made». Até que li o que disse Christiana Figueres, secretária executiva da UN Framework Convention on Climate Change numa conferência de imprensa em Bruxelas a 3 de Fevereiro:
«This is the first time in the history of mankind that we are setting ourselves the task of intentionally, within a defined period of time, to change the economic development model that has been reigning for at least 150 years, since the Industrial Revolution. This will not happen overnight and it will not happen at a single conference on climate change…It is a process, because of the depth of the transformation.»A quem ainda possam restar dúvidas sobre o que estas palavras significam acrescente-se que Christiana Figueres «said last year that Communist China, the world’s top emitter of greenhouse gas, is “doing it right” regarding climate change while calling the U.S. Congress “very detrimental” in the fight against global warming.»
1 comentário:
Conversa de tasca sobre o SLB, SCP e FCP. Tão parecida.
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