10/12/2015

SERVIÇO PÚBLICO: A obra de Costa. A herança. (2) A tesouraria

Outras heranças.

Em retrospectiva: a tesouraria socialista estava à beira da ruptura no final do 1.º trimestre de 2011 e foi essa iminência que retirou a margem a Teixeira dos Santos para enfiar outra vez o problema para debaixo do tapete, como andava a fazer há muitos meses, e o forçou a encostar José Sócrates às cordas e obrigou este a lançar a toalha ao chão pedindo a intervenção da troika.

O Memorandum of Understanding foi negociado em Abril e Maio e é assinado a 17-05-2011. O governo PSD-CDS toma posse a 5 de Junho e a primeira tranche do empréstimo chega nesse mês, escassamente a tempo de cobrir mais de meia dúzia de mil milhões de euros de pagamentos previstos para os quais não havia dinheiro. É a entrada dessa 1.ª tranche que explica o salto no saldo de caixa no final do 2.º trimestre de 2011.



Desde então, os saldos da responsabilidade do governo PSD-CDS chegaram a atingir quase 30 mil milhões e ficaram sempre acima dos 10 mil milhões - as barras a verde representam o n.º de dias de despesa com base no trimestre em causa que o saldo permitiria cobrir.

Entretanto, à medida que foi melhorando o risco percebido da dívida pública portuguesa, o acesso ao mercado tornou-se gradualmente mais fácil e a necessidade de liquidez reduziu-se. Isso e o facto do programa de assistência ter terminado a 17-05-2014 e a partir daí a pressão da troika ser substituída pela pressão das eleições do ano seguinte contribuíram para a redução da tesouraria do governo PSD-CDS a partir do 2.º trimestre de 2014.

Não obstante, o governo PSD-CDS, que recebeu do governo socialista de Sócrates uma tesouraria suficiente para 4 dias de despesas, deixa agora de herança ao governo da geringonça uma tesouraria suficiente para mais de 30 dias (dados de 30-06, ainda não está disponível a conta provisória do Estado de 30-09).

Esperemos para ver a obra de Costa

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