[Continuação de outras aterragens: aqui, aqui e aqui]
Como aqui se previu, o aeroporto de Beja está a ser um sucesso: em dois meses já houve dois voos, ambos esgotados. O primeiro foi para Cabo Verde cheio de convidados, o segundo veio de Londres com 4 turistas e o resto composto por jornalistas e operadores turísticos. Estes ficaram preocupados, sem surpresa para quem conheça a região, com a falta de oferta de hotelaria na região. Recordemos como tudo começou.
Primeiro havia um aeroporto militar alemão abandonado. Depois, encomendou-se um estudo e inventou-se a necessidade de «reconverter» o aeroporto em «plataforma logística» para «carga recebida no porto de Sines, passível de ser transportada por meios aéreos, frescos agrícolas produzidos na zona de regadio do Alqueva e Andaluzia». Depois, para «viabilizar» a plataforma logística foi preciso torrar mais dinheiro no IP8 Sines-Beja. A seguir a carga de Sines e os frescos agrícolas não apareceram e inventou-se uma «plataforma turística». O passo lógico seguinte será «viabilizar» a «plataforma turística» torrando mais dinheiro em subsídios e incentivos para a hotelaria. E assim sucessivamente.
A qualquer mente não contaminada pelo síndrome de dependência do Estado, é óbvio, não conseguindo os governantes sequer governar eficaz e eficientemente a máquina administrativa do Estado, ser absurdo esperar que tomem decisões de investimento acertadas com o dinheiro alheio do qual nunca prestarão contas. Infelizmente, e esse é o peso que o país tem de arrastar, uma parte dos portugueses (a constante de Sócrates?) é completamente imune a este tipo de considerações e continua a esperar que seja positivo o saldo entre o que espolia aos outros contribuintes através do Estado e aquilo que lhe é espoliado pelo Estado.
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