Em contas de merceeiro, as responsabilidades totais do sistema de segurança social podem atingir 4 ou 5 vezes o volume actual do PIB. A este volume foram agora adicionados, para mitigar a derrapagem da execução orçamental em 2010, quase 3 mil milhões de euros com a transferência do fundo de pensões da PT, ou seja cerca de 30% do montante do Fundo de Estabilização Financeira. Esqueçamos, por agora, toda a traficância feita com despesas não contabilizadas que atingem quase 3 mil milhões.
Além daquelas responsabilidades do «estado social», é necessário considerar uma pesadíssima dívida ao exterior. E o que interessa a este respeito não é a dívida líquida (cerca de 180 mil milhões) mas a dívida total bruta de 500 mil milhões de euros ou 3 vezes o PIB, a qual continuará inexoravelmente a aumentar nos próximos anos. O custo do serviço dessa dívida, nas actuais circunstâncias com o aumento dos spreads sobre a dívida soberana e, reflexamente, sobre a dívida privada ao exterior, só pode aumentar. Por cada um por cento de aumento dos juros a carga sobre o PIB triplicará - se a taxa média de juros aumentar 3% o peso sobre o PIB será de 9% ou seja o triplo do défice do OE que a longo prazo o governo português se compromete a não ultrapassar. [Daniel Bessa estima em 10% o impacto total]
Com uma tal pesada herança deixada
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