Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos
de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
06/05/2023
Os equívocos do Programa "Mais Habitação", ou como tentar administrar uma medicação sem saber qual é a doença (4)
05/05/2023
SERVIÇO PÚBLICO: América Latina, um enorme Portugal. Portugal uma pequena América Latina
1 – O populismo demagógico foi muito evidente ao longo do último século numa região onde imperam democracias incompletas e ditaduras – caudilhos e juntas militares, ditadores socialistas e movimentos marxistas de “libertação” ou pseudo-ideologias indígenas. (...)
Lula é um exemplo de um político que pretende ser uma figura mundial e que, como outros (e.g. Macron), usa essa pretensão para ser popular e fugir da resolução dos problemas reais. Desde que foi eleito já apresentou o que julga serem propostas de um grande líder: uma moeda única com a Argentina e outros países da América Latina, e outra com a China, Índia e outros países asiáticos. O que as propostas demonstram é que Lula não faz a mínima ideia do que implica uma moeda única e as condições que requer em termos de políticas públicas. (...)
2 – A corrupção generalizada na América Latina também contribui para o declínio da região. O problema não são só os casos de corrupção económica ou de fraude eleitoral, mas especialmente a cultura de permissividade e de aceitação que lhes estão associados. (...)
A passividade e a permissividade da população para com a corrupção reflecte-se na aceitação acrítica de que o Estado seja cada vez maior. Quanto mais cresce o Estado maiores são as oportunidades de corrupção a todos os níveis, quer a grande organizada pelo poder político e empresas públicas, quer a pequena que abrange todos os sectores da sociedade. (...)
3 – A ideologia igualitária que mina a região é talvez a principal razão para o seu declínio. O igualitarismo é pior porque assenta numa percepção errada: confunde justiça com igualdade e essa confusão contribui para o atraso ao resultar na manutenção da pobreza. A promoção do igualitarismo até pode ter uma boa intenção, mas apenas cria injustiça pois em vez de se focar em ajudar os mais necessitados interfere com a vida de todos para obter a igualdade.
O engano parte de uma frase que é comum ouvirmos e que é apelativa, mas que também é literalmente falsa: “as desigualdades são chocantes”. Na América Latina existe uma classe média maioritária que vive relativamente bem e esse modo de vida não é chocante quando comparado com a pobreza. O que choca na América Latina não são as desigualdades, mas a pobreza e a falta de acesso de uma parte da população a condições básicas como saneamento, higiene, ruas limpas e uma habitação condigna. (...)
O exemplo da Venezuela mostra que a procura por igualdade não elimina a pobreza. Muito pelo contrário, a procura de igualdade “perpétua” a pobreza. Esta motivação ideológica dura há muitas décadas e esteve sempre a par com o declínio relativo da América Latina.»
«América Latina, um século de declínio e um aviso a Portugal», Ricardo Pinheiro Alves no jornal Eco
04/05/2023
Dúvidas (358) - Deve o PR dissolver o parlamento ou demitir o governo se este governar mal? (2)
Continuação de (1)
Subitamente, mas não inesperadamente, a propósito das trapalhadas do Dr. Galamba, uma criatura mal-educada e pomposamente medíocre sobrevivente do socratismo, este tema saltou para o topo da agenda política e, como de costume, está a ser tratado do ponto de vista da intriga, das teorias da conspiração e do desejo de resolver nos gabinetes de Belém e S. Bento um assunto eleitoral. Com poucas excepções, como a de Vital Moreira, com quem não costumo estar de acordo, mas neste caso estou, quando escreve:
«Sucede que não existe nenhuma base constitucional para tal poder de tutela presidencial, pois o Governo não deriva a sua legitimidade política das mãos do PR nem é políticamente responsável perante ele, mas somente perante a AR. De igual modo, é domínio reservado do Primeiro-Ministro manter ou não a confiança nos seus ministros e decidir sobre eventual remodelação governamental.»
Na verdade, numa democracia liberal em que a legitimidade do governo lhe é dada por um parlamento eleito directamente, o presidente não pode demitir o governo porque governa mal, e muito menos pode dissolver o parlamento porque o primeiro-ministro não aceitou a demissão de um ministro que o presidente achava que devia. Isto do ponto de vista institucional.
Do ponto de vista puramente político, demitir por essa razão (o que aliás não pode fazer) ou por ter caído nas sondagens (que podem no mês que vem fazê-lo subir à pala do aumento das pensões) um governo eleito há 14 meses por maioria absoluta, seria um disparate. De resto, a demissão do governo, embora prejudicando as expectativas europeias do Dr. Costa, poupá-lo-ia também a uma provável punição pelo eleitorado no fim do mandato, dar-lhe-ia um pretexto para se vitimizar e o mesmo eleitorado que agora o pune nas sondagens poderia dar outra vez uma nova maioria ao PS. Numa democracia liberal não se deve descredibilizar as eleições e infantilizar os eleitores fazendo-os acreditar que podem votar levianamente porque, enganando-se, podem corrigir em qualquer altura.
03/05/2023
DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: Portugueses no topo do mundo (57) - Sempre em destaque, nem sempre pelas melhores razões
Outros portugueses no topo do mundo.
Expresso |
- Irlanda 20,7%
- Grécia 10,6%
- Portugal 8,1%
- Espanha 5,0%
- Alemanha 1,3%
02/05/2023
Qual é o segredo da Roménia?
Economist |
Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (64b)
A única certeza quanto ao novo aeroporto de Lisboa é que, se vier a ser, não será em Lisboa
O novo aeroporto de Lisboa está para acontecer desde os tempos do Estado Novo e já leva 49 anos nos tempos do Estado sucial. Agora que já só temos nove opções de localização em aberto, o Dr. Costa, conhecido por não apreciar grandes obras, sabe perfeitamente que este novo elefante branco deixaria as finanças públicas exangues, e deveria estar a sentir-se entre a espada dos anúncios e a parede das “contas certas”. Estaria, mas talvez não esteja, porque como está a tentar vender a TAP depois de a ter nacionalizado, deve ter esperança de que o futuro operador (por exemplo o International Airlines Group a que pertence a Iberia) deixe cair o novo aeroporto, e nesse caso ele teria conseguido uma espécie de chuva no nabal dos anúncios e sol na eira das "contas certas".
Take Another Plan. Take 1 – Escondendo-se atrás da Óropa
De acordo com as declarações na CPI da TAP do dirigente sindical do SNPVAC, os cortes de salários que segundo o governo e a administração da TAP não foram impostos por Bruxelas - eram «retórica de má fé».
Take Another Plan. Take 2 – Não era um parecer, era um certificado, ou seja, uma questão puramente semântica
Que mil EP floresçam
Não são mil empresas públicas (já foram várias centenas) mas ainda são 120 as empresas em que o Estado sucial tem participação, onde se inclui a «Empresa Financeiramente Apoiada Continuamente (pelo) Estado Central». É um recurso para colocar apparatchiks socialistas, os novos situacionistas.
Dizem que pela mão do Dr. Costa, Portugal está a cair em todos os rankings, mas é mentira
Por exemplo no ranking da queda dos salários reais Portugal está rigorosamente em 19.º lugar entre os 38 países da OCDE.
«Em defesa do SNS, sempre» / «O SNS é um tesouro»
A taxa de mortalidade infantil aumentou de 2,4 em 2021 para 2,6 óbitos por mil nados-vivos em 2022.
As boas notícias do Dr. Medina são um bocadinho exageradas
O Dr. Medina congratulou-se com as «certezas na frente interna» com que o governo responde às «incertezas da conjuntura internacional». Exaltou a redução da taxa homóloga de inflação para 5,7% e esqueceu de referir que a estava a comparar com o mês de Abril do ano passado que tinha tido um aumento para 7,2% (quase 2 pp mais do que no mês anterior). Exaltou o crescimento de 1,6% em cadeia no 1.º trimestre e esqueceu de referir que estava a comparar com o 4.º trimestre de 2022 que tinha tido um crescimento em cadeia de apenas 0,3% e que, em qualquer caso, se segue a três anos em que o crescimento anual médio não ultrapassou uns míseros 1,1%. Exaltou o crescimento das exportações no 1.º trimestre e esqueceu de referir que as exportações estão há três trimestres a abrandar.
01/05/2023
Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (64a)
A Dr.ª Elvira Fortunato, ministra da Ciência foi ouvida no parlamento, a propósito das aventuras académico-sexuais do Dr. Boaventura, e disse que está a trabalhar num plano de formação para prevenir o assédio. Pode ser que esteja especialmente qualificada para tal, uma vez que casou com o orientador do seu doutoramento. Espero que tenha tempo para isso porque desde que é ministra a sua produção científica não abrandou. No ano anterior à sua elevação ao ministério publicou 42 papers, número apenas ligeiramente reduzido para 40 o ano passado e este ano em quatro meses já publicou 6 (fonte).
A decomposição do governo do Dr. Costa prossegue a ritmo acelerado (2)
O Dr. Galamba que «concluiu a parte lectiva do Doutoramento em Ciência Política na London School of Economics», teve um adjunto, agora demitido, que levou para casa , depois de ter agredido quem o tentou impedir, um computador do ministério com documentos confidenciais relacionados com as demissões na TAP (fonte). Emails da Dr.ª Eugénia, chefe de gabinete do Dr. Galamba, revelam que terá alertado para a falta de fundamento da demissão de Mme Ourmières-Widener e confirmam que o Dr. Pedro Nuno aprovou a demissão da Dr. Alexandra por 500 mil. (fonte)
A decomposição do governo do Dr. Costa prossegue a ritmo acelerado (3)
O Dr. Medina que escondeu durante cinco meses um parecer da Comissão de Auditoria e Controlo do Plano de Recuperação e Resiliência foi obrigado pelo Tribunal Administrativo a divulgar as conclusões que entre outras falhas apontavam 7 dos 18 marcos aprovados sem a declaração de inexistência de conflitos de interesse e o risco de duplo financiamento em 9 projetos.
O circo chegou a S. Bento
L’État c’est nous
O Dr. Santos Silva, a criatura que está agora de presidente do parlamento, serviu com zelo o Animal Feroz e diz “gostar de malhar na direita”, puniu com a exclusão das viagens oficiais a performance do Dr. Ventura & companhia na recepção ao presidente do Brasil, cargo actualmente ocupado por um condenado a 12 anos de prisão por crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, condenação anulada pelo STF por considerar que o tribunal que julgou o caso não tinha competência.
O Dr. Costa avisou o Dr. Marcelo que se o circo fechar, ele voltará a abri-lo com a sua companhia
Não acreditaria se a primeira página do semanário de reverência não citasse o Dr. Costa garantindo que seria de novo candidato se o governo caísse e se o artigo da página 6 não fosse assinado por D. Ângela Silva, o ouvido do Dr. Marcelo na redacção do Expresso.
30/04/2023
Para quem acha que a discriminação positiva é uma medida socialmente justa e eficaz, mais importante do que o acesso de mulheres da classe média-alta aos boards das grandes empresas, deveria ser discriminar positivamente os jovens pobres portadores de cromossoma XY
O livro “Of Boys and Men”, do escritor Richard Reeves (que urge traduzir em português), documenta sistematicamente a doença sistémica que atravessa os rapazes, sobretudo das classes mais desfavorecidas, nas sociedades modernas. Hoje, eles têm bastante menos anos de educação do que elas, são incapazes de ter um emprego ou uma relação estáveis, vivem consumidos por doenças mentais e eventualmente perdem a vida como jovens adultos de formas estúpidas e desesperadas. Nos dados da Universidade de Brown revelados há uns dias as hipóteses de um rapaz entrar são 50% maiores do que uma rapariga, tão poucos são os rapazes que se candidatam e tão esforçada está a universidade em ter uma turma com equilíbrio de género. A desigualdade entre rapazes e raparigas está fortemente relacionada com a classe social. Nas crianças de famílias no top 10% da distribuição de rendimentos nos EUA a diferença entre a taxa de frequência na universidade de raparigas e rapazes é de 5 pontos percentuais. Já nos 10% mais pobres a fração de raparigas que vai para a faculdade é 16 pontos percentuais maior.»
[Esclarecimento: não preconizo a discriminação positiva em geral como medida socialmente justa e eficaz; em particular, isso dependerá da discriminação em causa.]
29/04/2023
Os equívocos do Programa "Mais Habitação", ou como tentar administrar uma medicação sem saber qual é a doença (3)
28/04/2023
Dúvidas (357) - Deve o PR dissolver o parlamento ou demitir o governo se este governar mal? (1)
«Há duas ordens de razões para defender que a estabilidade é, até ver, o valor primordial. Comecemos pelas razões estruturais que são muito simples de explicar. Desde logo, o facto de o PS ter conquistado a maioria absoluta há pouco mais de um ano. Logo, o Governo tem clara legitimidade política para levar o seu mandato até ao fim.
O segundo ponto está relacionado com o facto de estarmos a falar de uma maioria absoluta de um só partido e de o primeiro-ministro António Costa ter sido relegitimado nas eleições antecipadas de janeiro de 2022.
E estas são duas grandes diferenças face ao contexto de 2004 — o exemplo que enche a boca do centro-direita. Isto é, o Executivo era então suportado por uma coligação de PSD/CDS que já tinha tido melhores dias e o então primeiro-ministro Pedro Santana Lopes não tinha sido eleito.
A razão mais importante, contudo, é outra: o país ficaria ingovernável no futuro, mesmo que viessem a existir outros governos de coligação ou governos de um só partido. Porquê? Porque bastaria que a oposição conseguisse criar uma série de casos e ‘casinhos’ na comunicação social, para nascesse automaticamente um cenário de eleições antecipadas.»
Concordo com as três razões apontadas por Luís Rosa, duas formais e a terceira política, mas encontro ainda outras razões não menos importantes para defender que o governo deve continuar, salvo se.
(Voltarei a este assunto)
27/04/2023
SERVIÇO PÚBLICO: "TAP - a bem da verdade sobre Neeleman e a privatização de 2015"
«TAP - a bem da verdade sobre Neeleman e a privatização de 2015
Governo, PS e alguma comunicação social têm acusado a privatização da TAP em 2015 de negócio duvidoso e Neeleman de pouco sério. A verdade é outra. Sobre a privatização, que foi limpa, redijo um livrei. David Neeleman é o 'entrepreneur' que funda a Morris Air, vendida à Southwest, a canadiana WestJet, a americana Jet Blue e a brasileira Azul, as três cotadas em bolsa, e a americana Breeze lançada em plena Pandemia e a ter sucesso. Na Airbus, Neeleman foi duas vezes cliente e abriu o mercado das companhias low cost, pondo fim ao domínio da Boeing. Na Airbus, a TAP é o cliente que vai falhar pagamentos dos Airbus A350 e, pior, um cliente perdido por estar em rota para a insolvência.
Para a Airbus, Neeleman é pessoa credível com projeto de recuperação da TAP, cancelamento do contrato A350 e encomenda de frota nova de 53 aviões, hoje reconhecida como a mais adequada às rotas da empresa. O contrato A350 não é passível de cessão de posição contratual nem monetizável pela TAP, se o anular. Os novos preços geram mais-valia de $190 milhões para a Airbus, mas não é verdade que seja prejuízo para a TAP. Primeiro desmentido.
A Airbus decide atribuir 'upfront cash credits' no valor de $226,75 milhões, para apoiar a recuperação da TAP uma vez privada, com condição da encomenda ser confirmada e não cancelada. Os aviões são vendidos a 'fair price value, que não inclui este valor: Na TAP, os $226,75milhõesnão são remuneradas, não podem ser reembolsadas antes de 30 anos e sempre por voto de 76% na assembleia geral. Tudo isto é validado por parecer da Vieira de Almeida em 2015.11.12. Segundo desmentido.
Em 2016, a Reversão da Privatização transforma este componente do capital em divida da própria empresa para com acionista. A auditoria do Tribunal de Contas assinala, em caso de incumprimento insanável dos acordos, o Estado ter de reembolsar a Atlantic Gateway pelos créditos detidos, incluindo a capitalização 217,5 milhões (#152 da Auditoria, sintetizado). É esta decisão do Governo PS que, em julho de 2020, obriga Pedro Nuno Santos a pagar 50 milhões dos contribuintes a David Neeleman para que desista do reembolso. Para os adoradores da 'culpa', que eu não sou, esta não é de Pedro Passos Coelho, mas sim de António Costa. Terceiro e mais importante desmentido.
Em 2022.08.11l e a pedido da TAP, uma sociedade de advogados dá parecer sobre a privatização de 2015 ... com base nas contas posteriores a 2016. É este parecer errado que alimenta a campanha contra a privatização de 2015 e Neeleman, por membros do Governo e muita comunicação social, o que diz muito sobre o Portugal de hoje. Quarto desmentido.
Outra fonte destas notícias resulta da avaliação, a pedido da TAP, do preço dos aviões do Airbus, estimado em $224 milhões acima do fair market value. Não há contraditório junto de Airbus, da Parpública (que tem três avaliações independentes a confirmar o fair value price) e de Neeleman que recorda o intenso escrutínio em 2015 e a due diligence da Lufthansa em 2020 na falhada compra da sua quota. Pedro Nuno Santos batiza esta avaliação de 'auditoria' que não é. Falho de argumentos de negócio, judicializa a questão, enviando o processo para o Ministério Público, onde jaz em Segredo de Justiça, o que permite a qualquer um lançar suspeitas sobre Neeleman e a privatização. Quando pudermos comentar o documento, haverá o quinto desmentido.
Para que conste, apoio a privatização da TAP a 100%, desde há muitos anos, com a integração num dos grupos da consolidação das companhias full service na Europa.»
SÉRGIO PALMA BRITO
Militante do Partido Socialista
Autor do livro A TAP depois de €3.200 milhões (em publicação)
[Publicado no Jornal Nascer do Sol no dia 22-04]
26/04/2023
DIÁRIO DE BORDO: Elegeram-no? Então aguentem outros cinco anos de TV Marcelo (15) - Excedeu-se a si próprio, uma vez mais
Faria rir se não fosse uma vergonha para o Portugal dos Pequeninos (se os portugueses pequeninos tivessem vergonha) |
A canceladora queixa-se que a querem cancelar
Público |
25/04/2023
DIÁRIO DE BORDO: Um 25 de Abril impertinente. A tradição aqui ainda é o que sempre foi
Em que comecei a descobrir que o país estava coalhado de democratas, socialistas e comunistas nunca antes vistos, nascidos nos escombros do colapso por vício próprio do edifício decadente do Estado Novo. Pouco a pouco, nos dias e meses seguintes, para minha surpresa, o coalho derramou-se pelo país numa maré do coming out, como lhe chamaríamos hoje. Em cada empregado servil, venerador, de espinha dobrada e mão estendida, havia um heróico sindicalista pronto a lutar pelos direitos dos trabalhadores e pelo «saneamento» do patrão.
Em que comecei a descobrir como tinha sido possível o marcelismo ter-se mantido de pé 6 longos anos, depois do Botas ter caído da célebre e providencial cadeira. Que nunca tinha havido uma oposição digna desse nome. Que a mole imensa do povinho lá tinha feito pela vidinha, esgueirando-se pelas frestas das fronteiras, pelas cunhas da tropa e pelas veredas das guerras do ultramar.
Em que comecei a perceber que o leitmotiv do drama não era uma ditadura suportada por uma direita retrógrada e infinitamente estúpida. Nem era uma ditadura provinciana, bafienta, decadente, de brandos costumes, que mantinha um número de presos políticos que envergonharia qualquer ditadura à séria (112, depois dum mês agitado de prisões).
Em que comecei a perceber que também não era a guerra colonial, que em 25 anos fez o equivalente ao número de mortos de 4 ou 5 anos de guerra rodoviária. Nem a guerra cujo fim foi uma humilhante fuga às responsabilidades (nem mais um só soldado para as colónias, berravam os bloquistas avant la lettre) que desencadeou em Angola, Moçambique e Timor a enorme hecatombe humana dos 20 anos seguintes.
Em que comecei a perceber que o leitmotiv do drama era a resposta à pergunta: como foi possível a uma tal ditadura manter-se quase 50 longos anos sem ter sido seriamente ameaçada?
Em que comecei a perceber que o 25 de Abril foi princípio do fim das nossas desculpas como povo. Que nada adiantaria sacudir a água do capote, e mandar a coisa para cima dos eles que escolhemos para nos desgovernarem.
E foi neste 25 de Abril que descobri que já não me restava pachorra para aturar, mais um ano, as comemorações do gang do esquerdismo senil que se julga proprietário da data.
[Este post foi publicado no trigésimo aniversário da chamada revolução dos cravos e republicado posteriormente. Hoje poderia escrever o mesmo, mas não foi preciso porque já estava escrito.]
Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (63b)
O Dr. Pedro Marques actual deputado europeu e antigo ministro das Infraestruturas, que como ministro só não se pode considerar um falhanço total porque foi sucedido pelo Dr. Pedro Nuno Santos, agora em licença sabática, faz parte da legião de boys neo-situacionistas. No remanso de Bruxelas, aproveita o tempo livre para fazer umas horas extraordinárias ao serviço do seu protector e foi nesse papel que produziu declarações sobre a “privatização desastrosa” da TAP e as “cortina de fumo” do PSD, isto no meio da nacionalização desastrosa da TAP e das cortinas de fumo do governo do seu protector. Até para ele é demasiado.
Num deserto de realizações, um dilúvio de anúncios. O descarrilamento
Na ferrovia como em todos os outros “projectos”, “desígnios” e “paixões” o governo do Dr. Costa descarrila. Obras na Linha do Norte entre Espinho e Gaia que eram para ter terminado no segundo trimestre de 2019 descarrilaram para meados de 2024.
Alguém se lembra que a redução do horário para 35 horas não tinha impacto orçamental
Em Fevereiro de 2016 o Dr. Centeno, hoje em repouso no BdP e à época ministro das Finanças, voltou-se para os deputados da oposição e disse-lhes que a redução para as 35 horas «não é discussão de natureza orçamental neste momento", o tema «só tem impacto» para a oposição. Também o Dr. Marcelo em Junho desse ano declarou que «promulga 35 horas mas envia para o TC se despesa aumentar».
Sete anos depois o número de funcionários públicos aumentou 80 mil e só no SNS o ano passado foram feitas 18 milhões de horas extraordinárias e 3 milhões nos dois primeiros meses deste ano.
Take Another Plan. Take 1 – Das caravelas do século XXI ao pechisbeque para compor a tesouraria
A TAP cuja nacionalização era para o Dr. Costa «tão fundamental para o país como foram as caravelas» vai agora ser privatizada e o sucessor do Dr. Costa celebra o facto de a privatização da TAP ir contribuir para a sustentabilidade das finanças públicas. O Dr. Medina, um cada vez mais digno sucessor do Dr. Costa, esqueceu de mencionar que essa suposta e certamente modesta contribuição para a sustentabilidade se segue a uma enorme contribuição de mais de 3 mil milhões de euros para a insustentabilidade das mesmas finanças públicas. Até para o Dr. Medina é demasiado.
Take Another Plan. Take 2 – Ao contrário do que se diz, o governo não ofende a verdade. Está demasiado longe para lhe causar danos
Primeiro havia um parecer jurídico que suportava a demissão por justa causa de Mme Ourmières-Widener. Depois esse parecer não podia ser divulgado porque apresentava "riscos da defesa" do Estado, segundo a ministra adjunta Dr. Ana. Dias depois foi dito que não havia nem precisaria de haver parecer jurídico.
Take Another Plan. Take 3 – O que é hoje verdade pode ser amanhã mentira
Em 6 de Março os Drs. Medina e Galamba assinaram uma deliberação para demitir Mme Ourmières-Widener e nomear o Dr. Luís Rodrigues. Confrontado com a irregularidade formal dessa nomeação o governo diz agora que diz agora que não foi “decisão final”.
Take Another Plan. Take 4 – Há moralidade ou comem todos
Afinal não era apenas Mme Ourmières-Widener que utilizava o carro oficial para uso pessoal. O mesmo fizeram a Dr.ª Stéphanie Sá Silva, a mulher do Dr. Medina, sempre ele, a Dr. Alexandre Reis que renunciou/foi demitida (cortar ao gosto) com 500 mil, que mais tarde foi SE do Dr. Medina, outra vez ele, o CFO Dr. Pires, etc., um grande etc.
O Fundo que bateu no fundo
O Fundo para a Revitalização e Modernização do Tecido Empresarial (FRME) é um elefante branco criado pelo governo do Eng. Guterres antes de ele fugir do pântano. Depois de 24 anos “intervencionou” 16 empresas metade das quais “insolvente”, “inativa” ou “sem indícios de atividade”. O FRME está agora a ser auditado pelo TdC.
Chuva na eira e sol no nabal
«Pagar a dívida é ideia de criança»
O endividamento da economia, ou seja, a dívida total das famílias e das empresas não financeiras aumentou em Fevereiro 7,6 mil milhões para 892 mil milhões, devido exclusivamente ao aumento de 9 mil milhões da dívida do Estado.
24/04/2023
Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (63a)
A semana passada perguntei-me se alguém fez as contas ao que seria o crescimento do PIB sem os fundos comunitários. A Agência para o Desenvolvimento & Coesão fez as contas para o período 2015-2023 e concluiu que os fundos recebidos nesse período contribuíram para um aumento anual médio de 1,3% do PIB. Nesse período, o crescimento médio anual (incluindo 1,8% de crescimento previsto pelo governo para 2023) é de 1,98%, pelo que sem os fundos o crescimento anual médio no período 2015-2023 teria sido 0,68%.
A insustentável leveza da sustentabilidade da Segurança Social (actualização)
Há seis meses escrevi neste semanário o seguinte:
Como o país (isto é, as pessoas com pelo menos meia dúzia de neurónios a funcionar) se deu conta a semana passada, a Segurança Social passou em poucos dias da sustentabilidade ad eternum para o descalabro anunciado - ver aqui o vídeo da CNN com as sucessivas estórias contadas pelo Dr. Costa sobre este tema desde 2018.
Para justificar que a actualização automática das pensões não terá lugar em 2023, apesar de prevista na lei, porque, segundo o governo, anteciparia em cinco anos o défice da Segurança Social, a trafulhice chegou ao ponto de as projecções da ministra das Pensões apresentadas ao parlamento a semana passada omitirem mais de 1.300 milhões de aumento das receitas resultante da inflação e a redução das despesas com o subsídio de desemprego. Sem esquecer que tais projecções contrariam completamente o relatório de 21 páginas inserto no OE 2022, apresentado pelo ministro das Finanças e aprovado há 3 meses, onde se concluiu que o Fundo de Estabilização da Segurança Social sobreviria até 2060.
Seis meses depois o Dr. Costa, apertado pelas sondagens que mostram o descontentamento geral da populaça, decidiu derramar um maná de quase 600 milhões este ano e mais mil milhões de euros no próximo ano sobre a sua freguesia de reformados, montante equivalente a uns 8% do Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social que se destina a prolongar por mais uns tempos a sustentabilidade da SS que a longo prazo está comprometida.
E da freguesia de reformados o Dr. Costa privilegiou com o seu maná precisamente os pensionistas mais abonados ao aumentar-lhes as pensões acima do que resultaria das regras de actualização.
Isto já não é do domínio da demagogia, é do domínio do ilusionismo que seria barato se não fosse a carga fiscal
O Dr. Medina, o herdeiro favorito do Dr. Costa, agora no ministério das Finanças, durante a apresentação do Programa de Estabilidade 2023-2027 anunciou que irá reduzir a carga fiscal em dois mil milhões depois de o ano passado a ter aumentado mais de 11 mil milhões. Se isto é demagogia, ter dito que seria até 2027 é um insulto à inteligência dos eleitores que dela dispõem. Durante a mesma apresentação, o Dr. Medina anunciou ufano que o custo das medidas de apoio irão atingir a soma astronómica de 4,6 mil milhões, ou seja 42% dos 11 mil milhões do aumento das receitas fiscais o ano passado. Os hospitais são todos iguais, mas há uns mais iguais do que outros Já era há muito visível o afã socialista de acabar com a avaliação. Nas escolas a coisa já está bastante avançada, agora vão ser os hospitais públicos que deixarão de ser avaliados pela Entidade Reguladora da Saúde (ERS), o que nas palavras do antigo presidente da ERS é «um crime político, para esconder que os hospitais em parceria público-privada (PPP) eram melhores». (Continua) |
23/04/2023
Mitos (329) - O contrário do dogma do aquecimento global (XXIX) - Como explicar as mudanças climáticas no Saara à luz da ortodoxia ambientalista?
Nós aqui fazemos o possível para não ficar entalados entre o ruído da histeria climática que levada às suas últimas consequências conclui que o homo sapiens sapiens tem de ser erradicado para salvar o planeta, e o ruído das teorias da conspiração que consideram que o único problema sério com o ambiente é a histeria climática.
22/04/2023
TRIVIALIDADES: Le "jenou" qui est un genou
Dúvidas (356) - Não será um poucochinho exagerado? (6) - O surto inovador e inventivo que nos assalta
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21/04/2023
ARTIGO DEFUNTO: Lucros pela primeira vez na história, titularam eles
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