Continuação daqui.
Imaginemos que o nativismo governava o Portugal dos Pequeninos. Se fosse um nativismo autêntico e não daqueles a fingir para caçar votos dos ressabiados, começaria por impedir a entrada de novos imigrantes, expulsaria de seguida todos os imigrantes residentes, incluindo os provenientes dos PALOP, que afinal também não são nativos. Para simplificar, ignoremos uma pequena minoria dos que adquiriram a nacionalidade portuguesa, ilegitimamente segundo nativismo legítimo.
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Mais de 1/8 da mão de obra total seria evaporada, mais de 4/10 na agricultura e pesca e mais de 3/10 no alojamento e restauração. Note-se que estes dados se referem apenas aos imigrantes com um contrato de trabalho e não incluem os trabalhadores independentes a "recibos verdes" que são centenas de milhar, sobretudo na restauração. A todos estes teríamos de adicionar a maior parte dos 400 mil imigrantes que aguardam resposta da AIMA e não estão incluídos nas estatísticas.
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É claro que dessa evaporação resultaria a paralisia de vários sectores, o que talvez não impressione um nativista certificado que dirá que os imigrantes têm empregos desqualificados, o que é verdade - são os empregos que os nativos conseguem criar e não estão disponíveis para ocupar, empregos que impedem que o país se afunde.
De caminho, o nativismo expulsaria também os imigrantes atletas que levariam consigo os recordes e as medalhas em competições internacionais, como, entre outros, Nelson Évora, Francis Obikwelu, Tsanko Arnaudov, Patrícia Mamona, Auriol Dongmo, Arialis Martinez, Bárbara Timo, Rodrigo Lopes, Fu Yu, Pablo Pichardo, Jorge Fonseca, Agate de Sousa, e os sete jogadores da selecção de futebol que não são nativos.
Concluo, outra vez, que se as teses nativistas mais puristas fossem adoptadas à letra a Pátria dos nativistas depurada dos imigrantes ficaria mais próximo da inviabilidade, os nativistas teriam de emigrar e enfrentar a hostilidade dos nativistas dos países para onde emigrassem.
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