Outras marteladas
Depois de mais de uma década de alívio quantitativo (a compra maciça de dívida pública e privada pelos bancos centrais para injectar dinheiro na economia) e de taxas de juro nulas ou mesmo negativas para contrariar os efeitos da crise financeira de 2018, a crise foi-se e estas medidas não convencionais ficaram, com todos os riscos da manutenção dessas políticas que os cépticos apontaram, incluindo os contribuintes do (Im)pertinências.
Os riscos e as certezas, que são as consequências indesejadas dessas políticas, entre elas e sobretudo a criação de uma montanha de dívida e a impossibilidade de reduzir taxas para induzir procura quando elas já são negativas.
Entretanto, foi-se a crise de 2008 e pode estar a caminho a crise de 2020, outra grande recessão, desta vez criada pelos impactos na economia do Covid-19. Impactos pelo lado da oferta, nomeadamente pela paralisação ou redução da produção da grande fábrica chinesa com milhares de empresas fechadas, e pelo lado da procura de bens e serviços, principalmente turismo, em resultado da limitação de movimentos.
E o que pode fazer a este respeito a política monetária dos bancos centrais? Muito pouco. A política orçamental também não poderá fazer grande coisa pelo lado da oferta e, ainda que pudesse fazer algo pelo lado da procura, aumentando a despesa pública, o efeito poderá ser apenas aumentar a inflação já que a oferta ficará na mesma. E a montanha da dívida cresceria ainda mais.
É neste quadro que o anúncio pela Fed, pelo BoE e pelo BoJ de fazer o «whatever it takes» de Draghi para evitar a crise é sobretudo wishful thinking. Quanto ao ECB, que continua a ruminar a resposta, até o anúncio pode demorar travado pelos cépticos do Bundesbank.
No fim da linha está um dos homens doentes da Europa, o Portugal do Dr. Costa, endividadíssimo, descapitalizado, um Estado ineficiente, uma carga fiscal pesada, uma despesa pública elevada e inflexível, fortemente dependente do turismo e uma produtividade medíocre. Enfim todos os ingredientes para sucumbir a este ou qualquer outro vírus.
Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
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2 comentários:
O último parágrafo é tão brutal quanto certeiro.
Mas nem tudo será mau. Anunciou-se que o PR vai ficar duas semanas em casa!
Uau...
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