Uma sequela de (1), (2) e (3)
O presidente do IST, um olhar conhecedor, visita a Web Summit e conclui que «é inevitável ficar com a sensação que as tecnologias e a inovação lá apresentadas são, na sua grande maioria, superficiais. Existem centenas de expositores que promovem serviços e produtos semelhantes, sem qualquer carácter distintivo e com uma componente de inovação muito limitada».
Em matéria de tecnologia e inovação estamos conversados. Contudo, dirão os crentes que a Web Summit é uma plataforma para promover o empreendedorismo nas tecnologias através das celebradas startups. Pois dirão, mas o certo é que segundo o relatório da Scaleup Portugal o investimento em startups tecnológicas reduziu-se em 14% entre 2011 e 2016. Até Nicolau Santos, o insuspeito pastorinho da economia dos amanhãs que cantam, concedeu num momento raro de lucidez que «a Web Summit não só não dinamizou a aposta nas empresas tecnológicas portuguesas, como não conseguiu atrair nem novas ideias nem investidores estrangeiros para startups portuguesas»
Que a mudança de Dublin para Lisboa trouxe vantagens para o Paddy não há dúvida: a garantia de 11 milhões durante 10 anos foi para ele uma lança em África - expressão que se adequa bastante ao caso, porque a diferença com África não é assim tão grande, apesar do Paddy não ter nada a ver com o Santo Condestável. A empresa do Paddy, cuja reputação tem algumas manchas, registou um lucro de 128 mil euros em 2015, ainda em Dublin, e saltou no ano seguinte para 2,1 milhões, em Lisboa.
De resto, deixemo-nos de megalomania e tenhamos um módico de realismo. Alguma das grandes ou mesmo médias cidades europeias esteve disposta a pagar ao Paddy para ele mover o circo para lá?
Também não há dúvida que os nossos políticos estão rendidos ao evento que funciona como uma alternativa trendy ao circuito da carne assada. Por exemplo Marcelo, que aproveita para soltar o compère que há dentro de si, Costa, ainda sem o talento de Marcelo, dá o seu melhor e até Medina que faz as vezes de porteiro.
O que resta então, para além da treta dos intangíveis? Umas dezenas de milhar de visitantes (o número de participantes foi cerca de 70 mil) que gastaram umas dezenas de milhões de euros que devem valer os 11 milhões que o governo paga ao Paddy com os nossos impostos. Moral da estória: até ver, façam lá a feira mas não insultem a nossa inteligência (de quem tem alguma, claro).
Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
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Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
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1 comentário:
● O post acerca de Web Summit é Borgiamente venenoso. Mas muito saudável, o que parace ser um contra-senso.
● O outro sobre leis e penas... 'temos pena'... Isto vai acabar (mudar) pessimamente.
Grande Impertinente!
Abraço
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