Outras preces
Em retrospectiva:
Falamos de uma criatura que uns meses antes de ser entronizado presidente do PSD garantiu que «só se Cristo descer à terra» se candidataria; que garantiu ter havido um jantar, que nunca existiu, com vichyssoise de entrada; que garantiu a Isabel II que, com oito anos de idade, filho de um ministro de Salazar, estava na primeira fila da plebe que na Praça do Comércio a viu passar na visita a Lisboa em 1957 e que voltou a encontrar-se com ela em 1985 como «líder da oposição» (*). A mesma criatura a quem o «Presidente da República Federativa do Brasil, (...) pediu para ser recebido» mas não apareceu. A mesma que em pleno incêndio de Pedrógão Grande garantiu que «tudo está a ser feito com critério e organização», para poucos dias depois garantir que se iria «apurar tudo, mas mesmo tudo, o que houver a apurar». Ainda a mesma criatura que depois de ter minimizado o desaparecimento de munições em Tancos, veio dias depois defender «uma investigação que apure tudo, factos e responsabilidades». Ou a mesma criatura que garantiu «não faço comentários sobre os meus antecessores» enquanto comentava o que Cavaco Silva, seu antecessor em Belém, disse enaltecendo a ausência de verborreia de Macron, chapéu que Marcelo enfiou pressurosamente na cabeça.
(*) Isabel II visitou Portugal de 25 a 29 de Março de 1985; nessa época Rui Machete era presidente do PSD e vice-primeiro ministro de um governo de coligação do PS-PSD, sendo primeiro-ministro Mário Soares; a oposição era constituída pelo PRD, CDS e PCP. Por isso, nessa época, ou bem Marcelo estava no lugar de Hermínio Loureiro, Lucas Pires ou de Álvaro Cunhal ou bem Marcelo liderava a oposição a partir das colunas do jornal Semanário.
Actualização:
«Não comento, não comento, não comento. Não comento por uma questão de princípio. Não comento agora e não comentarei até ao fim da minha vida ex-primeiros-ministros, ex-Presidentes, futuros Presidentes, futuros primeiros-ministros»
Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas a propósito da publicação das memórias de Cavaco Silva (Público)
Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
24/10/2018
DIÁRIO DE BORDO: Senhor, concedei-nos a graça de não termos outros cinco anos de TV Marcelo (64) - Nem que Cristo desça à terra ou me sirvam uma vichyssoise
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