Ainda recentemente, o Estudo de Impacte Ambiental ao prolongamento da rede entre o Rato e o Cais do Sodré concluiu que em resultado desse prolongamento teria lugar um milagre: 1.232.276 (nem mais, nem menos, exactamente um milhão duzentos e trinta e dois mil duzentos e setenta) pessoas deixarão de utilizar veículo próprio só no primeiro ano e 38.545.108 no período de 30 anos.
Como tentei mostrar neste post, muito provavelmente estas projecções são pura efabulação para justificar um investimento que já estava decidido. Na verdade, como referi, o transporte público na maioria das grandes cidades mundiais está em retracção nas ultimas décadas por várias razões inter-relacionadas como a generalização do transporte partilhado, novos operadores privados (Uber e outros), uso de bicicletas, teletrabalho.
Na mesma linha, neste caso para justificar outra medida que o governo está a promover, o ministério do Ambiente tirou da cartola outro estudo onde estima o impacto da redução do preço dos passes sociais nas zonas metropolitanas de Lisboa e Porto em menos 73 mil automóveis a circular e menos 100 mil pessoas, de onde, contas feitas, a medida se pagaria a si própria.
É claro que passes sociais mais baratos pagos pelo orçamento do Estado equivalem a uma transferência de rendimentos em benefício das família de menores rendimentos o que, sendo uma pequena contribuição para reduzir as desigualdades, pode justificar-se só por si, sem precisar da mistificação de estudos encomendados. Mas isso, como na fábula da rã e do escorpião, faz parte da natureza deste governo.
Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
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Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
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07/10/2018
CASE STUDY: Previsões milagrosas para justificar decisões já decididas
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