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04/10/2018

ARTIGO DEFUNTO: A mentira a que temos direito, segundo o Público

Público

«Passados menos de sete anos desde que, no final de 2011, foi aprovada a transferência para o Estado dos fundos de pensões da banca, mais de metade do valor então recebido já foi usado para pagar pensões, a um ritmo próximo de 500 milhões de euros ao ano. Estes números ilustram o risco que o Estado assumiu com uma operação que, à semelhança de outras realizadas ao longo dos anos, ajudou a cumprir as metas do défice no ano da transferência mas passou para o sector público responsabilidades que se podem vir a revelar maiores do que o antecipado.

Foi em Dezembro de 2011 que os fundos de pensões de diversas instituições financeiras portuguesas foram parcialmente transferidos, numa altura em que Passos Coelho era primeiro-ministro, Vítor Gaspar ministro das Finanças, e Portugal tentava, com grandes dificuldades, cumprir as metas para as contas públicas acordadas com a troika sete meses antes

Qualquer pessoa atenta e informada (ou que leia regularmente o Impertinências...) ao deparar com a notícia do Público, ainda para mais encimada por uma foto do antigo ministro Vítor Gaspar, pensaria na quadra do poeta popular Aleixo: «Para a mentira ser segura e atingir profundidade tem de trazer à mistura qualquer coisa de verdade».

Neste caso a única parcela de verdade é que a transferência dos fundos de pensões dos bancários foi executada no final de 2011. Faltou dizer que foi o resultado de uma decisão do governo de Sócrates nos seus estertores finais, com o défice em derrapagem e daí a necessidade desta operação, as finanças públicas exauridas e sem tesouraria, decisão que se consumou com um acordo com a APB  em Outubro de 2010, como se pode confirmar pelo comunicado da APB:


O Impertinências denunciou estas operações e antecipou muito antes as suas consequências em pelo menos duas ocasiões nos seguintes posts:
Vem a propósito recordar outra das mentiras recorrentes: a de atribuir ao governo de Passos Coelho a negociação e assinatura do Memorando de Entendimento com a troika que foi negociado e assinado pelo governo de Sócrates em consequência do resgate a que conduziu o país.

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