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11/07/2011

CASE STUDY: A paranóia persecutória – «contra os canhões, marchar, marchar»

Uma criatura quando descobre ter um cancro passa por um processo psicológico com várias fases: negação, revolta, negociação, depressão e, finalmente, aceitação.

No nosso caso, a descoberta da insolvência do país e do estado falido a que costumamos chamar sucial foi retardada pelo governo de José Sócrates, acolitado pelos novos situacionistas e pelos 200 palhaços que andaram na televisão a falar de economia, incluindo os pastorinhos da economia dos amanhãs que cantam.

Por alturas do pedido da ajuda ao FMI/CE/BCE, deixou de ser possível esconder a insolvência e a partir daí passámos gradualmente da fase da negação para a fase da revolta em que nos encontramos. No nosso caso, essa revolta coexiste com uma paranóia persecutória.

Ontem fui atingido por um email – uma espécie de granada que circula por aí disparada por um obus paranóico. É um paradigma dessa paranóia persecutória. Passo a transcrever as partes mais suculentas.

Primeiro, uns parágrafos à guisa de teaser:

«Se gostas de bacalhau na brasa, de sardinha assada, da praia num domingo de Agosto na Caparica, na Falésia ou em Moledo, se és fã do Porto, do Benfica ou do Sporting, se achas que a política é uma merda, se o dinheiro nunca te encheu os bolsos, nem com moedas de 10 cêntimos, então protesta. Chuta e segue e já agora passa ao vizinho!»

Depois, vem a artilharia IT:

«A ideia é simples... querem guerra? Pois não sabem com que povo se estão a meter... vamos retaliar como podemos, dentro das nossas capacidades!
Comecemos pela internet... Um servidor web tem uma capacidade máxima de resposta. Raro é um servidor web que suporta mais de 3000 conexões em simultâneo!
Posto isto, vamos provocar o que tecnicamente se chama de "Denial of Service (Dos)". Consiste …
Agora imaginem provocar uma inoperabilidade dos servidores web durante as horas de abertura da bolsa de nova iorque... em que a web, o e-mail e outras ferramentas asseguradas pelo servidor web são importantes!

Contra os canhões, marchar, marchar!»

«Oh, for God's sake... get a life, will you?», suspiro eu pela boca de William Shatner, o Captain Kirk do Star Trek.

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