Nestas coisas, parto sempre do princípio que devemos procurar a explicação mais simples. E a explicação mais simples é terem sido descobertas várias coisas pela missão CE/BCE que andou duas semanas a esgravatar o OE 2011 e entre elas, como já foi publicamente reconhecido, o chuto de 2 mil milhões que o governo se preparava para dar para as contas de 2008, referentes a custos da nacionalização do BPB, qualquer coisa como 1,2% do PIB. A nega de Bruxelas, sem mais, e haverá mais, faria derrapar a meta para o défice de 2011 e reduziria a pó a já escassa fé no governo do eixo Bruxelas-Berlim. Por isso, a cambalhota do PEC 4, muito provavelmente, não passou de uma manobra de sobrevivência para tentar flutuar até à revisão das regras do FEEF evitando assim a intervenção maligna do FMI. Para isto, o governo contou com a cooperação do eixo Bruxelas-Berlim, nada interessado em precipitar uma intervenção em Portugal que o forçaria recuar a linha de defesa para Madrid e enfrentar um problema 5 ou 6 vez maior.
É claro que, sendo assim, fica por explicar por quê o governo encavalita medidas cujo efeito pareceria ser excessivo face a algumas contas que já foram feitas, por exemplo aqui por Pedro Romano. Uma das explicações seria outra vez a teoria da conspiração. Contudo, as explicações avançadas por Pedro Romano parecem mais plausíveis do que engenhosas teorias: erros de previsão do cenário macroeconómico do PEC 3 e/ou sobreestimação do efeito das medidas e/ou pura e simplesmente batota – a ferramenta mais usada pelo governo.
Admito, porém, não dever esperar-se dos meus neurónios e sinapses coisa muito elaborada. Por isso, termino rendendo-me às teorias da conspiração (a outras teorias, bem entendido) e cito FNV do Mar Salgado:
«Espantoso este patriotismo que se submete, sem esforço, ao pavor de ser responsabilizado pela convocação de eleições. É esta a fibra que vai salvar o país? Está bem abelha.»
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