«E é aqui que entra, a contra-vento da tese [das grandes obras pública para espevitar a economia] que o sugeriu, o exemplo da Ponte 25 de Abril. É que quem deixou a ponte por pagar, deixou também, ao nível macroeconómico, reservas externas (líquidas) correspondentes a mais de 1/3 do PIB, e que davam para pagar mais de 30 pontes. E deixou, além disso, um PIB per capita equivalente a 60% da média EU-15 e um potencial de crescimento económico anual da ordem dos 5%.
Quanto ao presente, mesmo que deixemos às gerações futuras um TGV, mais uma ponte, um aeroporto e mais umas quantas auto-estradas (para além de tudo o que já foi construído), já lhes tirámos, antes de começar a pagar as novas obras, um ano do seu rendimento futuro (que é o valor da dívida externa líquida).
Entretanto, entre a ponte que recebeu e as obras que quer deixar, a geração actual gastou o que produziu, mais a herança recebida e mais o ano de rendimento que já sacou sobre as gerações futuras. E com todos esses recursos consumidos, só progrediu seis pontos percentuais na convergência com a média EU-15 e deixa um potencial de crescimento inferior a 1% ao ano.»
[Vítor Bento, Justiça entre gerações, no Jornal de Negócios]
Sem comentários:
Enviar um comentário