«Não apenas queremos todos ser ricos, como relegámos para o caixote do lixo da história os mais elementares deveres de compaixão e solidariedade. Veja-se a crise dos refugiados, que convém não confundir com imigrantes, embora também estes devessem ter um acolhimento fraterno. Pois bem, refugiados e imigrantes são um dos principais ingredientes de que se alimentam as novas direitas radicais que se estão a impor na Europa.
Não subscrevo a tese da xenofobia: o que move a animosidade dos novos cidadãos-consumidores é a concorrência no mercado de trabalho, e não o facto de os arribados à Europa serem estrangeiros, pese embora o facto de que a integração socio-cultural destes novos hóspedes possa suscitar conflitos sociais e coloque aos Estados problemas muito difíceis de resolver.
A social-democracia, por mais subsídios que invente, não resolve estes problemas: os imigrantes e refugiados são mal vindos, e o dinheiro que distribui nunca é suficiente. Não há nada em Marx que nos ajude a pensar este tipo de questões, como o fascínio do consumismo e o desejo de riqueza.
Porquê? Porque não há nada em Marx que leve em conta a natureza humana. Mas, muito precisamente, o que fazem os partidos de direita radical, ditos populistas, é levar em conta a natureza humana e ir ao encontro do que nela existe de menos nobre, mas que é o que é e, pelos vistos, o que dá votos.
Marx morreu.»
Maria de Fátima Bonifácio no Nascer do Sol
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