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03/10/2022

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (34a)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

O anúncio como método de governação

É preciso reconhecer o mérito dos governos do Dr. Costa que, em vez de gastarem à tripa-forra em grandes obras públicas, endividarem o Estado sucial e o levarem a um novo resgate, como fizeram os governos do seu antecessor Eng. José Sócrates, dos quais foram membros o Dr. Costa e vários dos seus ministros, poupam no investimento, aplicam parte da poupança para contratar mais apparatchiks e, apesar de continuarem a endividar o Estado sucial, conseguem diminuir o défice orçamental, tudo à custa de trocar obras por anúncios, como se exemplifica neste número do semanário.

Os “privados” que paguem a crise

Com uma inflação que este ano vai ultrapassar os 7%, o Dr. Costa pretende aumentar o salário dos seus empregados do Estado sucial em 2% no próximo ano, enquanto anuncia que os “privados” devem aumentar 4,8% em cada um dos próximos quatro anos (20% no acumulado). Seria uma espécie de contribuição dos capitalistas para a construção do socialismo d’aprés M Costa.

Não há fartura que não dê em falta

Com 740 mil funcionários que ocupam o Estado sucial, incluindo mais 80 mil adicionados pelos dois governos do Dr. Costa, só existem 40 dos 90 que dizem ser necessários no Centro de Ciberdefesa do EMGFA e daí, explicam, terem sido “exfiltrados” documentos classificados da NATO provenientes do Estado-Maior português à venda na “darkweb”.

O milagre da multiplicação dos judites

E, por falar em fartura, discursando na cerimónia de aceitação de 97 novos inspetores da PJ, o Dr. Costa anunciou que até 2026 seriam contratados mais 1.100 agentes, ou seja, os actuais menos de 900 efectivos (Pordata) serão mais do duplicados.

Estudo de 1972 do Estado Novo
O novo aeroporto arrisca morrer de velhice. A comissão da comissão

O novo aeroporto de Lisboa já por aí anda desde os tempos do Estado Novo que ficou dois anos a encanar a perna à rã. O Estado sucial que lhe sucedeu já vai em quarenta e oito e quer ainda mais uns quantos. Com esse propósito, o Dr. Pedro Nuno, ministro da TAP e do Novo Aeroporto, nomeou mais uma “comissão técnica independente” a qual será acompanhada por uma outra comissão garantindo assim as condições para a coisa continuar a eternizar-se, desta vez pela mão do líder do pedronunismo, que se vinha apresentando ao povo como uma criatura desenrascada e, afinal, é mais um engonha.


A «revolução da ferrovia» anunciada

O comboio rápido para o Porto, já anunciado em 1999 e 2020 por dois outros governos socialistas, foi agora novamente anunciado. Desta vez, à beira de uma recessão potencialmente profunda, o Dr. Costa e o seu ajudante Dr. Pedro Nuno anunciaram uma coisa maravilhosa que a partir de 2030. quando o segundo já estive no lugar do primeiro, ligará as duas cidades em 1h15m.

No argumentário sucialista, privado é sinónimo de imbecil

A principal diferença deste terceiro anúncio do comboio rápido Lisboa-Porto em relação aos anteriores é que desta vez, segundo o Avante da Sonae, as Parcerias Público-Privadas «PPP podem estar de volta para pagar a alta velocidade».

No Portugal dos Pequeninos até os lucros ordinários são extraordinários

O governo votou em Bruxelas a favor da tributação dos lucros extraordinários das empresas energéticas. Espera-se que o Dr. Costa não aproveite para estender a tributação dos lucros extraordinários a outros sectores porque no Portugal dos Pequeninos quase todos os lucros são extraordinários. De facto, um terço das empresas não paga IRC e sendo a taxa total de IRC de 31,5% a taxa efectiva estimada é de apenas 23,5% («Uma análise micro da tributação sobre o rendimento das empresas em Portugal», BdP, Janeiro de 2022).

(Continua)

1 comentário:

Camisa disse...

31.5% costuma ser referido com a taxa máxima; 21% é a taxa normal, à qual acresce a derrama e as tributações autónomas; e é preciso frisar que nos últimos anos tem existido para as PME um benefício fiscal em que a taxa normal é reduzida para 17% para os primeiros 25.000€ de lucro