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09/02/2021

Investimento público, a autoestrada mexicana do PS

Praticamente desde início das Crónicas da anunciada avaria irreparável da geringonça e da sequela das asfixias, tenho vindo a denunciar as manipulações do governo ao comparar sistematicamente o investimento público orçamentado no ano (sempre empolado e nunca executado) com o investimento público executado no ano anterior (sempre inferior ao orçamentado para esse ano) e anunciar que está sempre a aumentar quando na verdade não aumenta ou mesmo diminui. 

Nas últimas crónicas comecei a tratar este tema sob a epígrafe «Investimento público, a autoestrada mexicana do PS», contando que a estória da autoestrada mexicana é um caso de redução de três faixas estreitas para duas faixas mais largas, anunciada como aumento de 50% da largura de cada faixa com apenas redução um terço do seu número, seguida da reposição das três faixas, anunciada como um aumento de 50% do seu número.

Se na imprensa do regime e nos comentários dos opinion dealers estas manobras do governo têm passado incólumes isso está explicado pela natureza das coisas. Mais difícil de entender é a gente desafecta à geringonça também as deixar passar, ao ponto de ter tido esperança que o tema merecesse a atenção do palhaço profissional (é um cumprimento) que tem feito aos domingos no seu programa Isto é Gozar com Quem Trabalha as vezes da oposição melhor do que a propriamente dita. 

Até que li ontem o artigo de Miranda Sarmento A farsa orçamental continua… mesmo em tempos de pandemia, que explica com meridiana clareza o que tenho vindo a salientar com mais ironia do que ciência, cuja leitura recomendo e de onde respigo dois quadros auto-explicativos




No segundo quadro suprimi a coluna OE2020, mantendo apenas a do rectificativo, que é o que importa, e acrescentei as diferenças entre orçamentado e executado. Fica tudo muito claro: aumenta-se a despesa com a freguesia eleitoral e corta-se no investimento e na manutenção. O resultado está à vista: SNS subequipado, equipamentos obsoletos e o caos instalado, depois queixam-se da pandemia. 

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