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15/02/2021

Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (72) - Em tempo de vírus (XLIX)

Avarias da geringonça e do país seguidas de asfixias

Nunca tantos pagaram tanto por tão pouco

80 milhões de perdas por mês; 1.200 milhões de euros já enterrados; mais 500 milhões já a caminho; prevêem-se 3.700 milhões nos próximos anos. Estamos a falar do custo das medidas de combate à pandemia? Não. Estamos a falar da TAP e de uma parte do que custará aos sujeitos passivos a tentativa do Dr. Pedro Nuno Santos ficar na história e desmontar o Dr. Costa do cavalo do poder.

A difícil convivência do socialismo com a aritmética, na melhor hipótese

Existem no Portugal dos Pequeninos uns 10,3 milhões de almas. O corpo de cada uma dessas almas deverá receber até ao fim do ano ou até um dia (escolha como lhe aprouver) duas doses de uma das vacinas, o que perfaz 20,6 milhões de doses que têm de ser administradas com agulhas e seringas específicas. O semanário de reverência informa-nos que o Infarmed garante já ter encomendado 37 milhões dessas agulhas e seringas. De modo que, ou bem se trata das dificuldades habituais com a tabuada ou @s enfermeir@s que administrarão as vacinas têm dificuldades motoras e prevê-se que inutilizarão um quarto das agulhas nos corpos das almas a vacinar ou, na pior mas talvez mais provável hipótese, as encomendas de agulhas e seringas estão colocadas através de membros da grande família socialista.

A mentira como política oficial

Na sua conferência de imprensa do dia 11 o Dr. Costa disse em menos de três minutos três "inverdades". Garantiu que na execução do OE2020 «houve tudo menos poupança» com o argumento para atrasados mentais (OK, compreende-se; ele estava a falar para jornalistas) que se tinha registado um enorme défice quando o que estava em causa eram os 7 mil milhões de despesa orçamentada e não efectuada (ver este post).

De seguida, garantiu que o défice de 2020 só não foi maior porque «apesar da crise, a receita do IRS continuou a aumentar em 2020 por melhoria dos rendimentos dos portugueses». Ora os únicos portugueses que não tiveram o seu rendimento reduzido foram os funcionários públicos, ou seja, uma parte importante da freguesia eleitoral do Dr. Costa.

Acrescenta, para justificar o mesmo, que «os níveis de desemprego não foram tão acentuados quanto aquilo que tinha sido previsto» passando ao lado de que o lay-off está a criar empregos fantasmas, que muitos desempregados não são contados porque estão a frequentar formação, só é considerado desempregado quem procura activamente emprego e nesta conjuntura há muita gente desencorajada que não o faz. Segundo uma estimativa do BPI, sem os apoios a taxa de desemprego teria sido de 20% no 2.º semestre e é nessa direcção que caminhará quando mais tarde ou mais cedo quando esses apoios terminarem.

O pendor para a "inverdade" é tão acentuado que até o «presidente da Associação Nacional de Gerontologia Social acusa o primeiro-ministro de estar a “mentir” sobre o processo de vacinação nos lares e pede ao Governo que deixe os “anúncios” e “fait divers” de lado e ofereça efetivamente soluções para ultrapassar a crise.» Pode esperar sentado.

O exemplo do Dr. Costa propaga-se a todo o governo e a Dr.ª Temido, que sempre se opôs a uma cooperação com os "privados", vem agora dizer que «a vacinação nas farmácias comunitárias é uma hipótese que sempre esteve presente».

A quadratura socialista do círculo vicioso

O Dr. Francisco Ramos, presidente do Hospital da Cruz e coordenador demitido da task force da vacinação, foi secretário de Estado da Dr.ª Temido que antes de ser ministra foi presidente não executiva do conselho de administração do Hospital da Cruz Vermelha.

«Estamos preparados»

Nos oito meses de Março e Outubro houve apenas cerca de 18% e 17% do número total até agora de infectados e óbitos, respectivamente. Como é possível justificar que até Outubro «ocorreram menos 9 milhões de contactos presenciais médicos e de enfermagem nos centros de saúde (e) ficaram por realizar 119 mil mamografias, 99 mil rastreios do cancro do colo do útero e 81 mil rastreios do cólon e reto»? (fonte)

Desde Março até agora a ministra da Saúde foi sempre desculpando a deterioração do SNS com a falta de recursos humanos. Como é possível justificar que os 6 mil médicos voluntários nunca obtiveram resposta? A propósito leia-se o testemunho de um deles que em quatro meses não conseguiu ver um só doente.

Com tanta alegada falta de recursos, depois de não usar 6 mil médicos para quê pedir 8 médicos à Alemanha?

Em 4 de Dezembro foi anunciado o plano de vacinação. Na verdade não era um plano porque não se encontra nele uma só meta temporal. Apesar disso, o ex-coordenador anunciou que poderiam ser administradas vacinas 75 mil por dia. Como o plano de vacinação começou o dia 27 de Dezembro poderíamos ter até ontem 3.750.000 vacinas administradas. Como explicar que segundo a DGS só tínhamos 523.349, das quais só 328.819 da 1.ª dose?

Boa Nova

Apesar do fiasco da vacinação a ministra diz que conta ter 70% da população vacinada, ou seja 14 milhões de doses, até ao fim do Verão, isto é, finais de Setembro.

Como tem vindo a ser habitual, o Dr. Pedro Nuno Santos, no seu caminho para a entronização como sucessor do Dr. Costa, é um dos criadores mais prolixos de boas novas. Só esta semana foram mais duas: criação do Conselho Nacional de Habitação com 20 membros e novo anúncio da Tarifa social da internet. Desta vez os sujeitos passivos tiveram sorte porque a primeira boa nova sairá muito mais barata do que os milhares de milhões que ele enterrará na TAP e a segunda foi adiada para o final do ano lectivo.

O choque da realidade com a Boa Nova

Para a ministra realizar a boa nova da vacinação dispõe de 220 dias para administrar as 13.500.000 que faltam ou seja mais de 61 mil por dia ou 6 vezes o ritmo até agora. Nada mal para uma ministra que conseguiu um sexto do que prometeu, prometer agora que atingirá seis vezes o que conseguiu. Entretanto, a vacinação dos profissionais de saúde, anunciada como prioritária, «está significativamente atrasada».

Os muito celebrados programas Apoiar e Apoiar Restauração esgotaram em dois meses e já não estão a aceitar novas candidaturas.

Segundo as contas do Tribunal de Contas, na Zona Euro o governo português foi o que menos apoiou as empresas colocando como condição uma muito maior queda da facturação.

Investimento público, a autoestrada mexicana do PS

Conforme se mostra neste post, na execução do OE2020 aumentou-se a despesa com a freguesia eleitoral e cortou-se no investimento e na manutenção. O resultado está à vista: SNS subequipado, equipamentos obsoletos e o caos instalado, depois queixam-se da pandemia.

«Queda monumental»

Nem mesmo o aparelho mediático socialista de criação de boas notícias consegue apagar as más, ou seja, os factos. Metade dos restaurantes estão em insolvência ou falência; o volume de negócios na indústria cai 10,6% em 2020 e 7,7% em Dezembro; as exportações de bens caíram 10,2% em 2020; a CE prevê que no 1.º trimestre a economia portuguesa terá a maior contracção da UE. A somar à chuva na eira temos o sol no nabal: o custo do trabalho aumentou 8,6% em 2020, certamente muito acima do aumento de produtividade, if any.

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