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01/02/2021

Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (70) - Em tempo de vírus (XLVII)

Avarias da geringonça e do país seguidas de asfixias

A mentira como política oficial

«Se tivéssemos conhecimento da variante inglesa, teríamos endurecido regras no Natal» disse o Dr. Costa no programa do Dr. Pacheco Pereira, que há uns 8 anos lhe havia cedido tempo de antena para minar a liderança de António José Seguro até à véspera das eleições directas, que o Dr. Costa venceu. Recordo que o Dr. Pereira foi devidamente gratificado mais tarde com um lugar na administração da Casa da Música, que ele se apressou a aceitar sem remuneração porque o seu móbil é a vaidade e não o dinheiro, de que aliás não parece precisar.

Ao tentar limpar a sua folha com a estória da variante inglesa, que teria sido de imediato desmontada se houvesse alguém com integridade e independência no programa do Dr. Pereira, o Dr. Costa esqueceu que cinco semanas antes da sua afirmação a variante inglesa já tinha sido admitida por Boris Johnson e era tão conhecida que os Países Baixos e Bélgica já tinha suspendidos os voos com origem no Reino Unido.

A família socialista tem imenso jeito para o negócio

O presidente do Supremo Tribunal de Justiça mandou destruir as primeiras escutas ao Dr. Costa «sobre a promoção do hidrogénio verde». À quarta escuta deve ter achado que era demasiado apagador e não a mandou destruir. Vamos ver o que dá.

Soube-se agora que depois da queda dos Espírito Santo, o Dr. Siza Vieira assessorou em 2014 como sócio da sociedade de advogados Linklaters a administração do BES a respeito da dívida emitida pela BES Finance, sociedade nas Ilhas Caimão. A quem diga que isto é grave, eu diria que não. É mais como naquelas aldeias em são todos parentes. A quem diga que há conflito de interesses a mesma criatura ser nomeada no ano seguinte para um governo que criou o Novo Banco com as partes aproveitáveis do BES, eu diria que nos governos socialistas não há conflitos de interesse, há apenas interesses em conflito.

A família socialista é muito unida, mas como em todas as famílias por vezes há briga

Pode ser lida aqui a estória dos quadros de uma artista socialista financiada por uma câmara socialista que, depois de se ter incompatibilizado com a artista, um autarca socialista "subtraiu" e ofereceu a uma apparatchik socialista que veio a ser ministra de um governo socialista.

É possível enganar toda a gente durante algum tempo, ...

A ministra da Justiça escolheu um juiz seu conhecido em detrimento da primeira classificada do concurso para procurador europeu por um júri internacional. A coisa deu bronca em Bruxelas e chegou ao parlamento europeu que pressiona o governo para garantir a “independência” e “transparência” da nomeação e adoptar a escolha do comité europeu.

O guru que antecipou a crise de 2008 prevê agora o ano sabático do Dr. Costa a médio prazo

«O economista Nouriel Roubini, que antecipou a crise financeira de 2008 (...) alerta que Portugal, a par dos outros países do Sul da Europa, irá precisar de consolidação orçamental no médio prazo.» (Jornal Económico)

«Em defesa do SNS, sempre»

Nem mesmo com o «exemplo único de antecipação e eficácia» das Forças Armadas no combate à pandemia, nas palavras de S. Ex.ª, evitou a derrota dos exércitos do SNS como reconheceu a sua comandante-em-chefe Dr.ª Temido que anunciou ir pedir «ajuda europeia». «Estratégia ridícula e estapafúrdia», classifica-a António Araújo da presidente da Secção Regional do Norte da Ordem dos Médico que considera existir subaproveitamento dos recursos.

As falhas do oxigénio no hospital Amadora-Sintra, as filas de ambulâncias à porta dos hospitais são apenas algumas evidências do colapso iminente do SNS que só alguns dos profissionais têm coragem de admitir e cujos efeitos são visíveis na taxa de mortalidade dos internados.


O óbvio ululante

A crescente taxa de mortalidade dos internados e o excesso de mortalidade em relação à média muito maior do que a mortalidade por Covid que se vem constatando há muitos meses, são indicadores do colapso do SNS em consequência da redução do horário de 40 para 35 horas, equivalente a uma redução dos efectivos de quase 12,5% em todo o mundo, excepto nas cabecinhas socialistas, e da redução das despesas de capital. Tudo isto incrementado pela demonstrada incompetência de gestão própria dos apparatchiks socialistas e pelas nomeações partidárias que, citando o Dr. José Fragata que conhece de ginjeira o SNS, tornam os hospitais «locais de emprego para delegados políticos».

No Estado sucial não se aprecia a concorrência

Na Óropa social-democrata o Estado Social pretende humanizar os mercados e é chamado a intervir para colmatar as chamadas falhas do mercado e a suprir ou regular a iniciativa privada, sobretudo quando está em risco a chamada "tragédia dos comuns". Na governação do Dr. Costa e dos seus antecessores, o Estado sucial pretende substituir os mercados e os "privados" são chamados para suprir as falhas do Estado sucial. É por isso que no Estado sucial do Dr. Costa se odeia a concorrência, um atributo essencial dos mercados. Isto explica muita coisa, incluindo os preços das telecomunicações que em 11 anos aumentaram 6,5% em Portugal e se reduziram 10,8% na UE.

Boa Nova

Uma parte não despicienda da Boa Nova tem origem no concurso para a sucessão do Dr. Costa. Assim, na mesma semana em que o challenger anuncia a «alta velocidade Lisboa-Madrid até final de 2023» (o anúncio num dos diário oficiais traz a foto do Dr. Pedro Nuno Santos, o líder do pedronunismo e candidato apoiado pela Dr.ª Ana Gomes), o candidato incumbente Dr. Medina anuncia um donativo de mais 35 milhões para apoiar empresas. Se ainda vivêssemos em plenas vacas gordas, ou voadoras como o Dr. Costa as baptizou, o concurso para a sucessão deixaria o país irremediavelmente exangue para as próximas gerações.

Ah, já quase esquecia. Também foi anunciado que 80% dos idosos terão 1ª dose da vacina até final de Março.

Choque da realidade com a Boa Nova

Há casos em que Boa Nova colide com a realidade logo no momento do anúncio. É o caso da alta velocidade Lisboa-Madrid que, segundo outro diário oficial, é o «troço Évora-Elvas do corredor de mercadorias Sines-Badajoz, mas que estará apto a velocidades na ordem dos 250 Km/hora». É compreensível o anúncio superlativo para compensar o desaire da sua candidata presidencial que, tudo por junto, apenas teve uns meros mais 50 mil votos do que o candidato fássista.

Noutros casos a colisão com a realidade leva um pouco mais de tempo. É o caso dos 1.200.000 (um milhão e duzentos) portáteis que o Dr. Costa anunciou em Abril do ano passado, dos quais foram entregues 100 mil no ano passado e este ano se espera sejam entregue mais 335 mil.

Desde o dia 27 de Dezembro até ontem tinha sido dada a 1.ª dose da vacina a cerca de 270 mil pessoas, ao ritmo de 7,5 mil por dia ou seja um décimo dos «até 75 mil pessoas por dia» anunciados pelo coordenador da task force.


Após uma ligeira recuperação no 3.º trimestre, as medidas de combate à pandemia comprometeram o 4.º trimestre pelo que é expectável o agravamento da crise como mostram os indicadores aqui citados. A queda de 16,3% do investimento das empresas o ano passado e a previsão de um aumento de apenas 3,5% este ano, confirmam que a recuperação de recessão não está para breve. E o agravamento dessas medidas em Janeiro e o seu prolongamento provavelmente até Março, deu o golpe de misericórdia na recuperação no primeiro trimestre deste ano.

É nesse quadro que o prognóstico da Standard & Poor's de uma quebra do PIB de 12,2% em 2020 e de uma recuperação de apenas 5,7% (equivalentes a termos em 2021 um PIB inferior em cerca de 7% ao de 2019) parece mais optimista do que pessimista.

«Pagar a dívida é ideia de criança»

No final do ano a dívida directa do Estado atingiu 268,3 mil milhões ou mais 6,9% do que no final do ano passado ou mais 32,6 mil milhões do que a dívida legada pelo governo PSD-CDS (235,7 mil milhões).

Os milagres do Dr. Costa

Apesar da recessão, dos milhares de restaurantes e hotéis fechados, das falências e das centenas de milhar em lay-off e apesar da duplicação dos despedimento colectivos, a taxa homóloga de desemprego em Dezembro foi apenas 0,4 pp superior à de 2018.

Um segundo milagre, apesar da recessão e de tudo o resto que justificaria uma política orçamental contracíclica aumentando a despesa pública para compensar a recessão, o Dr. Leão conseguiu terminar o ano com um défice inferior em 3 mil milhões ao previsto no orçamento rectificativo.

1 comentário:

Manuel Ribeiro disse...

COMO VAI O MEU país!!!!!!