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18/05/2020

Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (33) - Em tempo de vírus (X)

Avarias da geringonça e do país seguidas de asfixias

Orchestral Manoeuvres in the Dark / Abriu a caça ao Centeno

Talvez haja um propósito nisto tudo. Ou não. Costa não conhece o contrato que assinou, nem o orçamento que referendou, Marcelo não conhece o orçamento que promulgou e dá razão a Costa onde ele a não tinha e recebe em troca uma declaração de voto, o Berloque de Esquerda votou cinco orçamentos mas não conhece a transferência para o Fundo de Resolução prevista no OE 2020 e que em nada dependia de uma auditoria passada, presente ou futura.

Para quem pensasse que a classe política já tinha batido no fundo, eis uma evidência que o fundo nunca é suficientemente fundo para esta gente.

Complexo político-empresarial socialista

A Associação Mutualista e a sua participada Montepio Geral poderiam constituir um paradigma do que é o socialismo empresarial, algo que é uma contradição nos termos e que se caracteriza pela completa ausência de accountability, pelo compadrio, opacidade e trafulhice e constitui, como não podia deixar de ser, um abrigo para a nomenclatura socialista. Sem surpresa, acabaram de contratar Paulo Pedroso um antigo dirigente do PS, em tempos arguido no caso Casa Pia, para fazer um estudo sobre mutualismo. É capaz de ser um contrato semelhante aos que o seu irmão João Pedroso assinou com Maria de Lurdes Rodrigues, ministra da Educação de José Sócrates que o contratou de 2005 a 2007 por duas vezes para fazer o mesmo manual de direito da Educação, nunca acabado, e pagou pela segunda vez uma tença mensal de 20 mil euros mensais, mais de 13 vezes superior à primeira. O resultado foram umas dezenas de pastas com fotocópias cujo custo total ultrapassou 300 mil euros.

A família socialista tem imenso jeito para o negócio

O talento socialista para o negócio não poderia perder a oportunidade concedida pela urgência das compras relacionadas com a "guerra" contra a pandemia, urgência que, como quase todas as urgências, resultou de uma gestão reactiva e errática. O governo manda a imprensa amiga dizer que conseguiu na compra de máscaras preços mais baixos e prazos mais curtos do que os negociados pela UE, para fazer esquecer os ajustes directos com empresas amigas fantasmas a preços acima dos correntes (ler aqui o resultado da investigação do Portugal Profundo), a enorme trafulhice na compra de ventiladores que eram para chegar e não chegaram (ver este post do Blasfémias) e as compras de três milhões de máscaras com certificados falsos ou inválidos a uma empresa de João Cordeiro, durante anos lóbista das farmácias.

Apreciamos a liberdade da nossa imprensa

A visão da nomenclatura socialista sobre o papel da imprensa e a liberdade de imprensa está bem patente na mensagem do apparatchik de luxo Sérgio Figueiredo que já serviu vários senhores e agora está sentado na TVI. Mensagem a justificar a dissolução da equipa de investigação liderada por Ana Leal por não fazer um jornalismo pedagógico para as pessoas se tranquilizarem e confiarem. Traduzido em português corrente o que a criatura queria dizer é que a equipa não estava a fazer o papel que lhe competia de câmara de eco do governo.

Depois do #EuFicoEmCasa, #EuVouParaARua

Talvez Dr. Costa esteja a começar a perceber que a prescrição que ele e o S. Ex.ª nos receitaram pode ser pior do que a maleita - ver abaixo o parágrafo «Queda monumental». Daí que o seu optimismo irritante, continuando irritante, esteja menos optimista, e tenha resolvido ir ao Chiado com um cortejo de jornalistas devidamente organizado para fazer um apelo de inspiração maoista para «que retomem o processo de ocupação da rua». Se não existisse, este homem teria que ser inventado.

É de esperar que a nossa obediente imprensa, depois de três meses a tentar apavorar-nos para não sairmos à rua, comece obedientemente a mudar o chip e a mobilizar-nos para irmos para a rua. É uma oportunidade para o Dr. Sérgio Figueiredo ir a correr mostrar serviço e criar um programa motivacional para os espectadores da TVI se desconfinarem depois de três meses a fazer-lhes lavagem ao cérebro para se confinarem.

O Estado Sucial como máquina de extorsão

O INE confirmou que o valor da carga fiscal aumentou 4% em 2919 para 74 mil milhões de euros, situando-se em 34,8% do PIB, o mesmo rácio de 2018. Recordemos que em 1995, no primeiro ano do governo socialista de Guterres, a carga fiscal era de 29,2% e quando ele fugiu do "pântano" deixou uma carga fiscal de 31.1%. O seu sucessor Sócrates recebeu uma carga fiscal de 30,9% e quando foi estudar para Paris deixou uma de 33,3%.

«Queda monumental»

Um após outro, acumulam-se os sinais de que a previsão em título de S. Ex.ª pode ter sido a coisa mais rigorosa que algum dia disse, sem querer. O número de hóspedes caiu 62% em Março, os bancos receberam 300 mil pedidos de moratórias representando 10% do crédito concedido, 60% dos trabalhadores estão em lay-off, - já agora, 30% dessas empresas ainda não receberam os subsídios anunciado todos os dias. Subsídios que comparativamente com o padrão europeu são pobrezinhos e também não podem ser muito diferentes com o estado em que o PS deixou o Estado. Se fizermos um exercício maldoso e compararmos com os subsídios que o governo inglês se comprometeu até ao final de Outubro (80% do salário até 2.500 libras) ficamos deprimidos.

Prognósticos só no fim do jogo

De quanto será a queda monumental? Como se pode ver no quadro abaixo, há previsões para tudo. As últimas são da PwC.


Se tivermos em conta que, com apenas 2 semanas de confinamento em Março, o PIB do 1.º trimestre caiu 2,4% em relação ao mesmo período do ano passado, se nos lembrarmos que o confinamento continuará no essencial até Maio, ou mais tarde, e o turismo, representando 20% das exportações totais, está irremediavelmente condenado este ano, as previsões do "cenário adverso" deveriam ser considerada as do cenário base, sendo que algumas destas são wishful thinking em estado puro.

Uma última palavra para o Dr. Centeno que depois da previsão «Não vamos chegar aos dois dígitos» fechou a loja de astrologia e nem no Programa de Estabilidade incluiu qualquer previsão o que levou o Conselho das Finanças Públicas a concluir que o Programa de Estabilidade não era um Programa de Estabilidade.

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