Sendo muitos portugueses, desde o mais anónimo até ao mais mediático (o papagaio mor do reino, quem haveria de ser?), verdadeiros álvares cabrais obcecados com a descoberta de portugueses no topo do mundo, é para mim um mistério ainda não ter sido concedida verdadeira atenção ao português mais emérito no mundo empresarial internacional, para além de artigos de circunstância com menos relevo do que os dedicados aos êxitos de Jesus, o treinador do Fla. E muito menos uma comenda, num país onde um dramaturgo e poeta de nomeada ironizou «Foge, cão, que te fazem barão! (...) Para onde, se me fazem Visconde».
Carlos Tavares, antigo número dois da Renault, onde começou a trabalhar como piloto de testes, actual presidente do grupo francês PSA (Peugeot e Citröen), liderou o ano passado o takeover à Opel do grupo General Motors e está a liderar a fusão da PSA+Opel com a Fiat Chrysler para criar o quarto maior construtor automóvel.
Não é qualquer um que merece um artigo como «Peugeot’s boss, Carlos Tavares, plans a merger with Fiat Chrysler» com um lead que é um verdadeiro tributo «What a great European car boss can teach a troubled industry». Tudo numa página inteira ilustrada por Brett Ryder, numa secção significativamente chamada Schumpeter da Economist, provavelmente a melhor revista de economia e finanças desde dona Maria II, ou, mais rigorosamente, desde 1843.
Por isso, e porque Carlos Tavares faz parte duma subespécie ameaçada de extinção de portugueses tesos, tenho de atribuir-lhe a pontuação máxima da tesura - cinco afonsos. A S. Exª que pendura medalhas em todos os patetas do Reino de Pacheco, atribuo-lhe também a pontuação máxima em chateaubriands, por confundir o seu papel do PR com o de enternainer do Portugal dos Pequeninos.
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