«Berardo, tal como Salgado, são homens do tempo de Sócrates. Para os homens que estiveram com Sócrates no governo e que agora governam eles são uns empecilhos, fantasmas que se obstinam em desmontar a Regra Número 1 para entender Portugal: à esquerda o passado começa hoje. Em 2011, o governo socialista fez um pedido de ajuda externa. Ainda o ano não tinha acabado e já o mesmo PS se manifestava contra o programa que ele mesmo tinha negociado. Em 2012 a culpa da crise já não era da falência mas sim das medidas tomadas para a evitar… Em 2019, mostram-se indignados com Berardo, o mesmo Berardo seu parceiro no assalto ao BCP. Não duvido que dentro de uns anos serão os primeiros a indignar-se com os incêndios de 2017 ou os lucros conseguidos pelos novos capitalistas de Estado. Sim, como dizem os espanhóis sobre as bruxas que los hay los hay. Os capitalistas de Estado, claro. Das bruxas não sei nada.
A Regra Número 2 é a que estabelece: se as pessoas quisessem perceber tinham percebido. A ideia piedosa que anima muitas pessoas de que um dia, quando os outros tomarem conhecimento dos factos , então tudo será diferente é isso mesmo: uma ideia piedosa mas nada mais. Não foi por falta de esclarecimento que em 2011 um milhão e meio de pessoas votou em José Sócrates. Não foi por falta de esclarecimento ou de avisos que o país faliu. Não é por as pessoas não perceberem que em Portugal os problemas se avolumam. É sim por as pessoas terem percebido que viver enganado é mais cómodo. pelo menos durante um tempo, do que enfrentar as decisões inerentes à hora do desengano.»
Excerto de «E Berardo deixou-os nús», Helena Matos no Observador
Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
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