Outras avarias da geringonça e do país.
A carga fiscal aumentou? Depende do que seja, como a democracia norte-coreana para o Sr. Jerónimo
Apesar dos prognósticos de há 3 anos do ex-ministro da Economia, o mais notável dos songamongas que passaram pelo governo, que profetizava uma redução da carga fiscal, esta, indiferente às inovações do Ronaldo das Finanças, não cessa de aumentar e bate novo recorde em 2018.
A inovação não se fica pela fórmula de cálculo da carga fiscal, também pretende adoptar uma solução original para a supervisão financeira. Que o BCE tenha achado que dessa solução resultaria uma pressão política sobre o BdP só mostra que não perceberam que é exactamente isso que se pretende para trazer o BdP pela trela.
«Electricidade em Portugal é a mais cara da União Europeia» bombearam os jornais com grande gáudio do povo e da comentadoria. E no entanto, o título mais adequado seria «Impostos sobre a electricidade em Portugal são os mais altos da UE» e, ainda assim, o preço incluindo impostos é o sexto, como se pode confirmar na newsrelease do Eurostat divulgou.
Falando de carga fiscal, registe-se que quase metade das famílias portuguesas não paga IRS, pelo seu rendimento não atingir o mínimo. Devem ser os 49% que segundo o survey da OECD “Risks that Matter” estariam dispostos a pagar mais 2% de impostos para terem acesso a melhores cuidados de saúde. Enquanto isso, 54% das famílias com rendimentos entre 13,5 e 50 mil euros pagam quase 44% e menos de 1% paga 20% da receita do IRS e, não, não são os ricos, são 44 mil famílias da classe média que têm rendimentos no escalão de 100 a 250 mil euros. (fonte) Portugal é um país muito desigual? É sim senhor. Mais do lado dos impostos do que do lado dos rendimentos.
Ainda não é o mafarrico, mas já se sente o cheiro das brasas
O relatório da OCDE divulgado a semana passada prevê menos crescimento e mais défice do que o governo e tem oito luzinhas a piscar, entre elas a a dívida que não diminui, o abrandamento das exportações, a falta de investimento público, a ausência de políticas para promover a produtividade, prazos das concessões dos portos demasiado longos, falta de reforma do sistema judicial e do ensino profissional. Nada de novo para quem esteja atento e não se deixe seduzir pelo coro dos amanhãs que cantam de Costa, coro abrilhantado com o solista de Belém.
A OCDE poderia ter acrescentado mais luzinhas, como a do crescimento estar a ser assegurado cada vez mais pela procura interna, com as exportações a cresceram a um ritmo cada vez mais baixo e, inevitavelmente, as contas externas a deteriorarem-se.
Tudo isto não impede Centeno de, nos intervalos da sua produção teórica sobre a carga fiscal, indiferente ao "pessimismo" do BCE sobre a recuperação da economia da Zona Euro, se mostrar muito confiante na aceleração do crescimento da economia portuguesa.
Depois de vários anos de excedentes orçamentais crescentes da Segurança Social, o ano passado o excedente reduziu-se de 155 milhões, um sinal claro de que, como dizem os matemáticos, a segunda derivada da curva passou de positiva a negativa. É um sinal claro - mas só para quem quer ver.
Boa nova
A produção de boas notícias nunca esmorece. Se o valor dos contratos de obras públicas diminui para metade nos primeiros quatro meses do ano, o valor dos concursos no mesmo período aumenta quase 80%.
O facto de no voto antecipado os boletins não caberem na ranhura das urnas, o que levou a deixaram as urnas destapadas sem garantia de confidencialidade, não impediu o governo de anunciar mais esta medida Simplex. E, falando em Simplex, vejam-se as «agressões, esperas de meses, mercado negro e um hacker: como se está a tornar impossível fazer o passaporte e o CC».
A família socialista tem imenso jeito para o negócio
O que se deve esperar de uma deputada líder do PS no distrito de Castelo Branco, membro da comissão nacional, mulher do presidente da câmara local e coordenadora do PS para a área do turismo que tem um pai com uma empresa de turismo de que ela própria era gerente? Ora, o que haveria de ser? Que mostrasse diligência e foi o que ela fez sacando 276 mil euros de fundos europeus destinados a projectos futuros. Por acaso a obra já estava feita no passado, mas isso era um pormenor que não travaria uma rapariga desenrascada como a Hortense - e não travou.
Há a família e há os amigos da família. Suspeito que o nome de muitos deles se encontra na lista dos grandes devedores da banca "trancada" pelo camarada presidente do parlamento. Lista que será revelada sem os dados individuais dos amigos - deve ser por causa do RGPD.
Paz social
Desta vez são os anestesistas do Hospital Amadora-Sintra em greve durante cinco dias para pressionarem a contratação de técnicos. Coincidência ou talvez não, há empresas a facturarem centenas de milhar de euros para prestarem esse serviço.
Cuidando da freguesia eleitoral
Como nas famílias, são todos iguais, mas há uns mais iguais do que outros. Como os militares que pagam rendas inferiores a 200 euros por apartamentos T0 a T6.
As dívidas não são para se pagar, foi isto que ele aprendeu
No primeiro trimestre deste ano em relação ao do ano anterior, o défice da balança corrente e de capital aumentou 15 vezes de 78 para 1.231 milhões e atingindo 2,5% do PIB. Ainda não estamos nos 10% do PIB dos anos socráticos mas para lá caminhamos. Como não poderia deixar de ser, a dívida externa no final do primeiro trimestre aumentou para 101,1% do PIB (era 100,8% no final do ano). No mesmo sentido, o endividamento da economia continuou a aumentar e atingiu 724,4 mil milhões ou 356,% do PIB no final do primeiro trimestre.
Perante isto, o que faz o governo? O costume - chuta para os amanhãs que hão-de cantar. Troca a dívida e adia 742 milhões de euros para 2026 e começa a tentar encontrar a sua Dona Branca e emite 260 milhões de panda bonds, seguindo o exemplo de outros países do terceiro mundo.
Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
27/05/2019
Crónica da avaria que a geringonça está a infligir ao País (189)
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