«Entre a direita pendurada no Estado e a esquerda pendurada no Estado, a esmagadora maioria do eleitorado (cada vez mais dominado por pensionistas e funcionários públicos) prefere a versão socialista. Por isso, fechado o ciclo cavaquista em 1995, o PSD passou a ser o suplente do PS. Governou apenas quando o PS apodreceu. As duas vezes (2002-2005 e 2011-2015) foram experiências desastrosas. Em vez de reformismo, houve cortes orçamentais. Em vez de novas ideias, houve reciclagem de ideias velhas. Em vez de abertura à sociedade civil, optou-se cada vez mais pelo aparelho puro e duro.»
Excerto de «A crise do PSD (I): o sorpasso», Nuno Garoupa no DN
E não há solução? Haver há, mas não com nenhum dos Marretas saídos da naftalina.
«Ao escolher ficar exclusiva e permanentemente apoiado na bengala comunista-bloquista, Costa tornou o seu Governo ainda mais frágil e refém de interesses instalados do que o de Guterres já fora. O resultado da necessidade deste último de comprar a boa vontade de todos não foi só a sua fama de “indeciso”, mas também os 70 mil novos funcionários públicos que se juntaram à mesa do orçamento entre 1996 e 2000, o aumento da despesa pública, e o défice de 4,3% que deixou a quem veio depois.
Mas, ao menos, podia dar-se ao luxo de ser “indeciso”, porque podia escolher o que e a quem ceder.
Já Costa sabe que tem de dar o que quer que os únicos que o podem sustentar dele pretenderem, sob pena de perder o poder, a única coisa que o seu “pragmatismo” não pode aceitar. O resultado da “capacidade negocial” de Costa será o fortalecimento dos sindicatos do PCP, o agravamento dos problemas estruturais do país, a continuação da degradação dos serviços públicos e uma desconfiança da população em relação aos políticos ainda maior que a que já hoje se faz sentir. Pior que o “guterrismo”, talvez só mesmo um “guterrismo” perneta.
É claro que este poderá ser suficiente para Costa renovar a sua estadia em São Bento em 2019, talvez até para obter uma maioria absoluta na Assembleia, se o que os eleitores desejam é um Governo que se limite a fazê-los sentir que as coisas já não estão tão complicadas como estavam há uns anos atrás, mesmo que nada tenha realmente mudado. Mas isso não será suficiente para evitar que, mais tarde ou mais cedo, as coisas se compliquem ainda mais, e deixe de ser possível fingir que não.»
Excerto de «Um “guterrismo” amputado», Bruno Alves no Económico
E não há solução? Não, não há. Há sempre um Costa à espera de vaga no PS.
«Desta feita, em jeito de presente de aniversário, Marcelo Rebelo de Sousa convidou o histórico e deveras competente assessor de imprensa do PSD, Zeca Mendonça, para a assessoria de imprensa da Presidência da República. Ora, o Presidente que diz ser o político mais independente de todos leva para a sua equipa a pessoa que melhor conhece e domina a máquina do PSD – em pleno processo eleitoral nesse partido! Ou seja: Marcelo quer estar por dentro da luta entre Pedro Santana Lopes e Rui Rio. Mais: Marcelo apoia Santana Lopes, mas já está a queimá-lo para 2019, lançando (de forma inaudita e só possível em Portugal) Carlos Moedas como o futuro do PSD. E resta esperar para perceber qual será a “facada final” que Marcelo dará (ou tentará dar) na candidatura de Rui Rio. Para nós, é a grande incógnita da política portuguesa nos próximos dias, em plena época natalícia.»
Excerto de «Os 69 de Marcelo», João Lemos Esteves no ionline
E não há solução? Não, não há. Elegeram-no, agora aguentem até 2026.
Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
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Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
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