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10/02/2017

A arte de fazer sondagens e a arte de as comentar

Se alguém pretendesse saber através de uma sondagem se os portugueses acharam que o PSD fez bem em votar contra a redução da TSU para compensar o aumento do salário mínimo como faria pergunta? Que tal ir direito ao assunto:
«O PSD fez bem em votar contra a redução da TSU para compensar o aumento do salário mínimo?» 
Numa sondagem para o Expresso da Eurosondagem (do ex-deputado e dirigente do PS durante 20 anos e comentador desportivo, entre outras actividades) a pergunta em causa foi feita nos seguintes termos:
«O PSD fez bem em unir-se ao BE e à CDU para chumbar a baixa da TSU?»
66,3% dos inquiridos responderam não. A quê? O não é um não a «fez bem em unir-se ao BE e à CDU» ou é um não a «chumbar a baixa da TSU» ou é um não a ambas?

A jornalista Cristina Figueiredo do Expresso, embarcando gostosamente no enviesamento da pergunta condicionada, introduziu mais o implícito subliminar se visava revitalizar o PSD aos olhos dos eleitores, e comentou assim os resultados das respostas:
«A estratégia, se visava revitalizar o PSD aos olhos dos eleitores, não deu bons frutos. De acordo com o estudo de opinião de fevereiro da Eurosondagem para Expresso e SIC, a esmagadora maioria dos inquiridos (66,3°/o) entende que o partido liderado por Pedro Passos Coelho não fez bem em unir-se ao BE e à CDU para chumbar a baixa da TSU. Confrontados com esta pergunta, apenas 21,8°/o dos eleitores avalizam a atuação dos sociais democratas.»
Moral da estória: como a guerra para von Clausewitz, as sondagens da Eurosondagem e o jornalismo do Expresso são a continuação da política por outros meios.

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