Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

08/12/2013

DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: A fábula do surto inventivo que nos assola (2)

No melhor do pensamento social-keynesiano, as luminárias e o coro de fazedores de opinião celebraram durante anos o aumento contínuo (eles chamam «sustentado») do «investimento» em investigação e desenvolvimento. Celebraram, mas deixaram de celebrar porque em 2011, «ano em que o actual Governo de Passos Coelho entrou em funções, depois de ter sido eleito em Junho (…) a despesa total em I&D (teve) uma quebra de 140 milhões face ao ano anterior» (Público). Pronto, está explicado. É o neoliberalismo, segundo o neobobismo.

Como habitualmente, há aqui vários equívocos. O primeiro é que uma parte importante do «investimento» em investigação e desenvolvimento não é «investimento» mas pura e simples despesa que só marginalmente contribui para aumentar o stock of knowledge. (*) O segundo é que uma parte do que será «investimento» muito discutivelmente poderá com propriedade classificar-se como «investigação e desenvolvimento». Por exemplo em 2008, a PT, o BCP e a EDP foram as 3 empresas que mais investiram em «investigação e desenvolvimento».

O terceiro equívoco é procurar aumentar a despesa baptizada de investimento em vez de procurar aumentar os resultados da bendita «investigação e desenvolvimento». Sobre este equívoco vejam-se os resultados medíocres medidos em novas patentes citados neste post de há 3 anos. Isso era há 3 anos, dirão. A verdade é que também era há 2 anos, como neste outro post se concluiu. E a verdade é que continua, como concluiu o Expresso há umas 3 semanas, no artigo «Uma vitamina para gerar riqueza», surpreendido por não sair milagrosamente inovação do torrar de dinheiro.

Aqui ficam para memória futura os diagramas publicados no dia 16 de Novembro com base no estudo da PwC «Inovação: ADN ou atitude?»

Fonte: Expresso (dados da PwC)
CLIQUE PARA AMPLIAR

Se esta estória tivesse moral, poderia ser: quando se torra dinheiro a única garantia é a de que dinheiro ficará torrado.

(*) Definição da National Science Foundation para fins de classificação estatística da despesa:
«Research and development (R&D) activities comprise creative work undertaken on a systematic basis in order to increase the stock of knowledge, including knowledge of man, culture and society, and the use of this stock of knowledge to devise new applications

Sem comentários: