Devidamente amplificado pelo jornalismo de causas que ocupa os mídia, o comunista António Filipe, secundado pela berloquista Helena Pinto, lembrou ontem no parlamento a propósito do voto de pesar que «uma resolução exigindo a libertação incondicional de Nelson Mandela … teve 3 votos contra, apenas três votos contra, esses votos contra foram dos Estados Unidos, de Ronald Reagan, do Reino Unido, de Margaret Thatcher, e de Portugal, de Cavaco Silva». Como se esperava, a dupla aproveitou para zurzir Cavaco Silva.
É verdade que há boas razões para zurzir Cavaco Silva (basta ler o que temos escrito sobre as suas acções e omissões), mas esta não é uma delas. O que a dupla e os jornalistas de causas não disseram foi que nesse mesmo dia de 1987 foram votadas separadamente nas Nações Unidas várias moções da mesma resolução condenando o apartheid e pedindo a libertação de Mandela.
A moção que o governo de Cavaco Silva votou contra reafirmava «the legitimacy of the struggle of the people of South Africa and their right to choose the necessary means, including armed resistance, to attain the eradication of apartheid» e o voto foi assim justificado: «não concordamos que as resoluções da Assembleia Geral devam endossar a violência sob que forma for, como único meio de corrigir situações de injustiça».
Nesse mesmo dia, Portugal votou a favor da moção G, que pedia a «libertação imediata e incondicional de Nelson Mandela a todos os outros prisioneiros políticos» sem mencionar a resistência armada.
[Rectificada a referência a resoluções em vez de moções.]
ADITAMENTO:
A memória de elefante da esquerdalhada só funciona (e mal) para tentar entropiar os seus adversários políticos. Nunca lhe dá para se recordar dos episódios embaraçantes para os seus prosélitos, como no caso da justificação de Álvaro Cunhal, contra o resto dos ministros do I governo provisório, da venda de munições para o Chile de Pinochet como «um contrato comercial vulgar». (recordado por José Paulo Fafe, via Insurgente)
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Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
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Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
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07/12/2013
ARTIGO DEFUNTO: A omissão da verdade como arma de agitprop
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