«José Sócrates anunciou com orgulho que cada português passaria a ter direito a uma caixa de correio electrónica. Três questões imediatamente se levantam. Afinal, para que é que eu preciso de um endereço electrónico fornecido pelo Estado, se já tenho ou posso ter uma conta gratuita em qualquer hotmail ou gmail? Se a ideia é passar a receber parte da minha correspondência com as empresas com as quais me relaciono via net, porque é que não posso fazê-lo através de uma destas contas de e-mail que já disponho? Para que é que quero um endereço que afinal só serve para relacionar-me com aquela meia dúzia de empresas aderentes? Mas enfim, vamos supor que a ideia de poder receber as contas da luz por e-mail é para mim suficientemente aliciante para me fazer correr atrás de um lugar ao sol neste gigante servidor estatal.Nem eu.
Primeiro tentámos a linha verde anunciada na esperança de resolver logo ali a questão. Ingenuidade. A operadora encaminhou-me para o site www.viactt.pt. Aqui, um extenso formulário é o primeiro teste à nossa paciência. Depois de vários campos de difícil compreensão, a cereja no topo do bolo está no último: preencher o “endereço de e-mail”. Que é complementado pela clara informação: “É fundamental o preenchimento do e-mail para a recepção dos alertas por mail solicitados no painel dos alertas”. Quais alertas? Qual painel? Mas então para ter este endereço electrónico tenho na mesma de ter outro e-mail? Avante, que o melhor está para vir. O processo, pasme-se, não está concluído. Tenho de a) optar por me dirigir a uma estação de Correios para fazer uma prova de identidade (e perder pelo menos uma manhã), b) optar por receber uma carta registada, contendo uma chave de activação (e esperar no mínimo uma semana). Simples, não? Talvez seja por isso que não conheço ninguém com uma destas caixas de correio... »
(Extracto do editorial da Directora-Adjunta do Semanário Económico)
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