Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos
de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.
» (António Alçada Baptista)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

02/06/2011

Lost in translation (106) - os estrangeiros são seriam parvos, queria ele dizer

Confirmando a vertente comicieira que já se tinha revelado enquanto ministro da Economia, o inefável Manuel Pinho garantiu no comício de vila de Feira do PS que «os estrangeiros não são parvos e quando virem que Portugal pode eleger um primeiro-ministro que nem sequer foi secretário de Estado … eles não vão acreditar». Apesar do tempo passado no estrangeiro a ministrar cursos pagos pelos consumidores de electricidade, via o amigo Mexia, este empregado dos banqueiros do regime parece imaginar que os estrangeiros preferem um PM com a experiência de ter criado a dívida pública mais elevada nos últimos 160 anos, a dívida externa mais elevada dos últimos 120 anos, o desemprego mais elevado dos últimos 80 anos e a segunda maior vaga de emigração desde meados do século XIX, a um outro sem este glorioso curriculum.

É caso para dizer, como disse o outro inefável Carrilho: ninguém leva a sério esta lengalenga. Salvo claro aquele 1/3 dos portugueses (metade do partido do Estado).

Pro memoria (29) - José Sócrates não costuma ofender a verdade …

… ao contrário do que dizem os seus detractores, ele jamais se aproxima o suficiente dela para lhe infligir danos corporais, como demonstra o último episódio da saga "best of sócrates" do 31 da armada.

01/06/2011

«Ninguém leva a sério a lengalenga de Sócrates»?

«O PS está a ser muito penalizado pela responsabilidade que as pessoas lhe atribuem. Há uma cassete de Sócrates, que se tornou numa lengalenga que ninguém leva a sério. Parece brincar com os portugueses e depois revela uma cegueira em relação aos problemas, aos erros. Nunca se viu José Sócrates assumir qualquer erro e isso é algo que quase assusta. Ao mesmo tempo também não se vê que tenha os olhos muito abertos a soluções».

Isso é conversa de intelectuais ressabiados, como o professor doutor Manuel Maria Carrilho. Segundo os inquéritos e sondagens, há pelo menos 1/3 dos portugueses (metade do partido do Estado) que o levam a sério, não acham que tenha errado, nem percebem qual a necessidade de soluções quando não vêem qualquer problema. E se o houvesse, sublinho se o houvesse, seria por certo culpa da crise mundial, das agências de rating, dos especuladores e da oposição ou, se preferirmos abreviadamente, dos mercados e da democracia.

CASE STUDY: Uma demonstração prática da «máquina de propaganda» ao serviço do «robô»

O artigo de José António Saraiva, na Tabu do jornal SOL, aqui reproduzido, descreve o funcionamento do que Saraiva chama «máquina de propaganda» - aqui no (Im)pertinências costumamos chamar-lhe central de manipulação. Para quem pense que é um exagero, recomenda-se a leitura deste post do Blasfémias onde se identificam alguns dos certamente muitos mais manipulados plantados pela «máquina de propaganda», que incluem produção da ex-namorada Câncio e do incontornável Galamba, tudo a propósito duma inócua observação de Passos Coelho: «está um dia bonitito».

CASE STUDY: Here we are, still (3)

[Continuação de (1) e (2)]


Os mercados não parecem muito preocupados com a cada vez mais provável indisponibilidade do querido líder para continuar à frente dos destinos do país. Sem prejuízo de continuarem a esperar um haircut substancial. Apesar dos investidores especuladores não lerem o (Im)pertinências, não vão na conversa porque, ao contrário do querido líder, metem o dinheiro onde põem a boca.

29/05/2011

SERVIÇO PÚBLICO: O efeito do tempo sobre os objectivos do governo (Parte IV)

[Outros efeitos: I, II, III, e ainda este e este]

Pelo menos desde este post de Fevereiro de 2008, venho desmontando a conversa da clique de Sócrates que escreveu no programa do seu primeiro governo «Portugal deve ter como objectivo recuperar, nos próximos quatro anos, os cerca de 150.000 postos de trabalho perdidos na última legislatura» (*) e quando por volta do 2.º ano começa a desconfiar que nunca iria atingir esse objectivo, reformula a posteriori o objectivo de «recuperar» para «criar 150.000 postos de trabalho», o que até uma cavalgadura percebe ser um objectivo completamente diferente e alcançável destruindo ao mesmo tempo 550.000 postos de trabalho e, consequentemente, reduzindo o emprego em 400.000, aproximadamente o que aconteceu.

Recordei esta saga ao ver o vídeo publicado por João Miranda no Blasfémias onde José Sócrates por volta de 2005, muito longe de perceber as consequências perversas das suas acções sobre as suas promessas, garante «queremos recuperar os 150.000 empregos que se perderam nestes últimos 3 anos».


(*) Programa de XVII Governo (CAPÍTULO I UMA ESTRATÉGIA DE CRESCIMENTO PARA A PRÓXIMA DÉCADA, I. VOLTAR A ACREDITAR, 1. Uma estratégia mobilizadora para mudar Portugal, página 8

SERVIÇO PÚBLICO: O robô e a máquina de propaganda

O robô e a máquina de propaganda

«Muitas vezes fala-se da 'máquina de propaganda' do Governo socialista. Mas nunca houve uma tentativa séria de investigar como funciona, que métodos utiliza, quantas pessoas envolve, quem a dirige, etc.

Vou dizer o que sei.

Essa máquina desdobra-se por várias frentes. Tem uma espécie de redacção central, que funciona como a redacção de um jornal, cuja missão é fazer constantemente contra-propaganda. Dispõe de um blogue chamado Câmara Corporativa (http://corporacoes.blogspot.com) e está permanentemente atenta a tudo o que se publica, desmentindo as notícias consideradas negativas para o Governo.

Além disso, critica artigos de opinião publicados nos jornais, rebatendo os argumentos e, por vezes, ridicularizando ou desacreditando os seus autores.

Mobiliza pessoas para intervir nos fóruns tipo TSF que hoje existem em todas as estações de rádio e TV.

Selecciona na imprensa internacional notícias, artigos ou entrevistas favoráveis ao governo português e põe-nos a circular entre jornalistas e colunistas ‘amigos’.
A máquina do governo dispõe de uma redacção que ataca os artigos e os colunistas considerados hostis.
É por esta última razão que vemos às vezes opiniões publicadas em obscuros órgãos de comunicação estrangeiros citadas em Portugal por diversas pessoas como importantes argumentos.
Outra vertente são as relações com jornalistas. Há uma rede de jornalistas 'amigos' e a coisa funciona assim: um assessor fala com um jornalista amigo e dá-lhe determinada informação. Chama-se a isto 'plantar uma notícia' - e todos os Governos o fazem. Só que, uma vez a notícia publicada, às vezes com pouco destaque, os assessores telefonam a outros jornalistas e sopram-lhes: «Viste aquela notícia no sítio tal? Olha que é verdade! E é importante!». E assim a notícia é amplificada, conseguindo-se um efeito de confirmação.

Umas vezes as notícias plantadas são verdadeiras, outras vezes são falsas. O Expresso, por exemplo, chegou a publicar em semanas consecutivas uma coisa e o seu contrário. Significativamente, o que estava em causa era Teixeira dos Santos, que o PS queria queimar.

E constata-se que as notícias desagradáveis para a oposição têm mais eco do que outras. Veja-se a repercussão que teve uma carta de António Capucho publicada no SOL, que era um documento interessante mas não tinha a relevância que acabou por ter. A máquina de propaganda amplifica as notícias que interessam ao Governo.

Em seguida, os comentadores colocados pelo PS nos vários programas de debate que hoje enxameiam as televisões repetem os argumentos convenientes. José Lello, Sérgio Sousa Pinto, Emídio Rangel, Francisco Assis, etc., repetem à saciedade, às vezes como papagaios, as mesmas ideias. E mesmo António Costa, na Quadratura do Círculo, um programa de características diferentes, não foge à regra: nunca o vi fazer uma crítica directa a Sócrates. Mas vi-o fazer uma crítica brutal a Teixeira dos Santos, na tal altura em que começou a cair em desgraça.

As únicas situações em que as coisas fugiram do controlo da máquina socrática foram os casos Freeport e Face Oculta. Só que aí era impossível abafá-los. E para os combater foram lançadas contra-campanhas, como expliquei noutros artigos. E houve pessoas que pagaram por isso.

A par das relações com os jornalistas, que se processam diariamente, há outro aspecto decisivo que passa pelo controlo dos principais meios.

A tentativa de comprar a TVI falhou, mas José Eduardo Moniz e Manuela Moura Guedes foram afastados e a orientação editorial da estação mudou. José Manuel Fernandes foi afastado do Público, e a orientação do jornal também mudou. Medina Carreira foi afastado da SIC. O SOL foi alvo de uma tentativa de asfixia. E estes são apenas os casos mais conhecidos.

Por outro lado, o Governo soube cultivar boas relações com os patrões dos grandes grupos de media - a Controlinvest, a Cofina e a Impresa -, também como consequência das crises financeiras em que estes se viram mergulhados.

Podemos assim constatar que, das três estações de TV generalistas, nenhuma hoje é hostil ao Governo. A RTP do Estado, a TVI - que era muito crítica - foi apaziguada, a SIC tem-se vindo a aproximar do Executivo. Ora isto é anormal na Europa. Em quase todos os países há estações próximas da esquerda, há estações próximas da direita, há estações próximas do Governo, há estações próximas da oposição. Em Portugal é diferente.

Ainda no plano da contra-propaganda, já falei noutras alturas da técnica do boomerang. Como funciona? Quando alguém da oposição (regra geral, o líder do PSD) diz qualquer coisa passível de exploração negativa, toda a máquina se põe a mexer para usar essa ideia como arma de arremesso contra quem a proferiu.

Passos Coelho diz que quer mudar certas regras na Saúde - e logo Francisco Assis, Silva Pereira, Vieira da Silva, Jorge Lacão ou Santos Silva, os gendarmes de serviço, vêm gritar: «O PSD quer acabar com o Serviço Nacional de Saúde!». Passos Coelho diz qualquer coisa sobre as escolas públicas e as privadas - e lá vêm os mesmos dizer: «O PSD quer acabar com o ensino público gratuito!». Passos Coelho diz que quer certificar as 'Novas Oportunidades' - e os mesmos repetem: «O PSD ofendeu 500 mil portugueses!». E, no final, todos dizem em coro: «O PSD quer acabar com o Estado Social!».

Passos Coelho não soube lidar com isto de início. E, perante estes ataques, acabou muitas vezes por bater em retirada. Propôs uma revisão constitucional e recuou. Outras vezes explicou-se em demasia. E com isso deu uma ideia de impreparação e falta de convicção, que só recentemente conseguiu corrigir.

Mas a máquina não fica por aqui. Tem muitas outras frentes de combate. Os assessores do primeiro-ministro organizam dossiês para cada ministro, dizendo-lhes como devem reagir perante o que diariamente é publicado na imprensa. Assim, bem cedo pela manhã, um assessor telefona a um ministro, faz-lhe uma resenha da imprensa e diz-lhe o que ele deve responder a esta e àquela pergunta.

Claro que há ministros que não aceitam este paternalismo. Que querem ter liberdade para responder pela sua cabeça. Mas esses ficam logo marcados. Admito que Luís Amado não aceite recados, estou certo de que Campos e Cunha não os aceitou, Freitas do Amaral também não. Mas a maioria dos outros aceitou-os ou aceita-os, até para tranquilidade própria: assim têm a certeza de não cometer gaffes e não desagradar ao primeiro-ministro.

E já não falo nos boys colocados em todos os Ministérios e em todas as administrações das empresas públicas e que funcionam como correias de transmissão da opinião do Governo. Rui Pedro Soares é o caso mais conhecido. Mas obviamente não é o único. Eles estão por toda a parte. Muitas vezes nem têm posições de grande relevo. Mas o facto de se saber que são os porta-vozes do poder confere-lhes importância acrescida, porque as pessoas receiam-nos.

Como resultado de tudo isto, muita gente, mesmo dentro do PS, tem medo. Evita falar. No congresso socialista, que mais parecia um encontro da IURD, vimos pessoas respeitáveis participar alegremente na farsa sem um gesto de distanciação. Chegou a meter dó ver António Costa, António Vitorino, o próprio Almeida Santos, envolvidos naquela encenação patética.
Há boys colocados nas empresas e organismos públicos que nem têm posições de destaque, mas têm muito poder - porque veiculam a opinião do Governo.
Que foi produzida como uma superprodução, com sofisticados meios audiovisuais. Quando Sócrates começou a proferir a primeira das três últimas frases do seu último discurso, uma música 'heróica' começou a ouvir-se baixinho. E foi subindo, subindo de tom - e quando Sócrates acabou de falar a música estoirou, as luzes brilharam, não sei se houve fogo preso mas podia ter havido, choveram flores, foi a apoteose.
Quem dirigirá esta poderosa e bem oleada da máquina de propaganda e contra-propaganda?

Haverá certamente um núcleo duro ao qual não serão alheios aqueles que dão a cara nos momentos difíceis: Francisco Assis, Jorge Lacão e os três Silvas: Vieira da Silva, Augusto Santos Silva e Pedro Silva Pereira.

Há quem fale numa personagem misteriosa, sibilina, que não gosta dos holofotes e dá pelo nome de Luís Bernardo. Actualmente é assessor de Sócrates, antes foi assessor de Carrilho na Cultura. Pedro Norton número 2 da Impresa e seu amigo, diz é «o homem mais inteligente que conhece».

Acontece que uma máquina pode ser muito boa, pode estar muito oleada, pode funcionar na perfeição, mas tem sempre um ponto fraco: depende em última análise da performance de um homem.

Durante anos essa performance foi quase perfeita - por isso chamei a Sócrates um robô político. Ora esse robô, agora, começou a falhar. E a derrota televisiva perante Passos Coelho pode ter posto em causa toda a engrenagem. O robô engasgou-se, exaltou-se, esteve à beira de colapsar.

E quando isso acontece não há não há máquina de propaganda que valha

José António Saraiva, na Tabu do jornal SOL

[Não revelando exactamente novidades, pelo menos para quem atentamente acompanhe a comunicação social, este artigo traça um retrato da máquina impressionante de manipulação montada por José Sócrates. À escala da nossa habitual incompetência e preguiça e da nossa dimensão microscópica, não é exagero considerá-la um paradigma de agitprop numa sociedade democrática, ainda que a democracia seja asmática. Que tenha sido possível manter esta máquina a funcionar na perfeição, sem que a esmagadora maioria dos portugueses sequer suspeitasse, exigiu a cumplicidade activa e passiva de muitos jornalistas, a infestação da mídia com jornalistas de causas, na melhor hipótese, e com gente sem escrúpulos disposta a tudo, na pior, e um clima de dependência económica dos mídia ao governo, directa através do aparelho socialista ou indirecta através da teia de interesses do que aqui temos chamado complexo político-empresarial socialista. É mais uma razão, a adicionar à devastação económica e social e à decomposição ética que a clique socrática nos trouxe para a sua derrota constituir um imperativo patriótico.]

28/05/2011

AVALIAÇÃO CONTÍNUA: Os 200 palhaços que vão à televisão falar de economia

Há quase 7 anos, numa noite inspirada, durante um debate com Oliveira Martins, nos «Negócios da Semana» na SIC Notícias, João César das Neves disse a seguinte frase lapidar:
«A economia depende dos dez milhões de portugueses e não dos duzentos palhaços que vão à televisão falar de economia»
Por essa frase, César das Neves levou na altura três afonsos pelo que o caso com ele está arrumado. Quem ficou por premiar foram os duzentos palhaços que durante todos estes anos foram à televisão falar de economia.

Sem tempo para desenterrar as dezenas de gráficos que durante esses mesmos anos se reproduziram no (Im)pertinências em centenas de posts sobre o caminho para a insolvência visivelmente percorrido pelo menos desde os finais dos anos 90, socorro-me de uns quantos anteontem publicados por Alvaro Santos Pereira no seu post Verdadeiro legado deste governo.

Pergunto-me, seria necessário um génio económico-financeiro para explicar aos palhaços que foram à televisão falar de economia onde desembocaria o caminho que estava a ser percorrido?

Pergunto-me, com excepção de Medina Carreira, em geral, e de João Ferreira do Amaral, em particular quanto às consequências da pertença à Zona Euro, quantos desses palhaços avisaram a turba ignara do que a esperava se o país não mudasse de vida? Nenhum, que me lembre. E quantos desses palhaços, ao contrário, não trombetearam nas orelhas da turba ignara os amanhãs que iriam cantar? Muitos, se bem me lembro.

Os palhaços que durante todos estes anos foram à televisão falar de economia, passaram ao lado da crise financeira de 2007 para a qual, segundo eles, Portugal estaria imunizado e continuaram a assobiar para o lado. Para ouvir os primeiros balbúcios dos mais atentos à necessidade de mudar de comboio na altura própria, foi preciso esperar pela derrota do PS nas eleições europeias de 2009. Ainda assim, desde então e até há poucos meses, para maioria deles o problema era a crise «mundial», as agências de rating, os especuladores, os alemães, e até, para os mais desavergonhados, a oposição.

É por isso que é justo premiar Medina Carreira e João Ferreira do Amaral com afonsos. É igualmente justo premiar os palhaços que perceberam mas não tiveram tomates com urracas, os palhaços que perceberam e acharam que o problema não era deles com pilatos, os palhaços que não perceberam com chateaubriands, os palhaços que perceberam bem demais e não arriscaram as sinecuras com ignóbeis e com bourbons quase todos eles, porque nada aprendem e nada esquecem.

27/05/2011

Frases que valem por um programa


«Se o eleitorado que depende do PS for votar, nada está perdido, resume um elemento da entourage do líder socialista». (Jornal SOL de hoje)

Talvez a única verdade que foi dita até agora nesta campanha pela entourage.

AVALIAÇÃO CONTÍNUA: O oráculo da rua de S. Caetano à Lapa

Secção Still crazy after all these years

«Neste momento, o cenário de o PS ganhar as eleições é um cenário que tem uma probabilidade, a meu ver, de 10%» profetizou o comentador professor doutor Marcelo, na sua encarnação de oráculo da rua de S. Caetano.

Leva 5 bourbons por não conseguir deixar de ser ele próprio e 4 chateaubriands por se convencer das suas profecias.

Lost in translation (105) – se o PS perder, deixamos cair o querido líder e corremos para o albergue espanhol, queria ele dizer

«Acho que José Sócrates, se não ganhar as eleições, vai ser difícil de segurar, mesmo como líder de partido. Eu tentarei de tudo, mas vai ser difícil. Ele próprio há-de querer fazer tudo para simplificar uma solução nacional», disse Almeida Santos, preparando o terreno para a bendita «solução nacional» capaz de segurar pelo menos uma parte das sinecuras dos novos situacionistas.

26/05/2011

Lost in translation (104) – Rigor? Já fizemos engenharia orçamental no passado. Voltaremos a fazê-lo no futuro, queria ele dizer (XXV)

[Mais engenharias orçamentais: pesquisa Google]

Como se não fosse suficientemente vergonhosa a desmistificação pela outrora colaborante mídia (sempre em movimento para não perder comboios), como aqui no Económico ou aqui no Negócios online, dos auto-elogios do governo na execução orçamental, também a imprensa internacional (WSJ) se associa à festa e cita o relatório da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) para concluir que a alegada melhoria das contas se ficou a dever à irregularidade no pagamento de juros e, sobretudo, ao empurrar de despesas por pagar que aumentaram mais de 200 milhões.

É claro que a credibilidade do governo português já atingiu mínimos que devem ter ultrapassado os do governo grego anterior da Nova Democracia de Konstantinos Karamanlis que falsificou as contas durante 10 anos. Mas isso não parece afectar o terço de portugueses devotos, cuja fé no senhor engenheiro parece inabalável.

A atracção fatal entre a banca do regime e o poder (10) - Les bons esprits se rencontrent

[Mais atracções fatais: pesquisa Google]

Pelos vistos, esta atracção fatal não é só com os poderes nacionais. Sabe-se agora que obrigações de dois dos pilares da banca do regime foram compradas pela Libyan Authority Investment (LIA), que apesar do nome não passa dum instrumento privado de Kadhafi. O BES com 12 milhões e o BCP, que depois do assalto à vara passou também a fazer parte da banca do regime, com 13 milhões são alguns dos investimentos em Portugal, que tem a honra de pertencer ao top 10 da compra de títulos pela LIA.

25/05/2011

As Novas Oportunidades são uma oportunidade...

... para desvalorizar os diplomas dos que trabalharam para aproveitar as velhas oportunidades. Foi o que me veio à cabeça quando li isto.

O (IM)PERTINÊNCIAS FEITO PELOS SEUS DETRACTORES: Novo patrocinador do SLB

(Enviado por JARF)
Declaração de interesse: sou lagarto.

Estado empreendedor (47) – a "viabilização" do investimento público



[Continuação de outras aterragens: aqui, aqui e aqui]

Como aqui se previu, o aeroporto de Beja está a ser um sucesso: em dois meses já houve dois voos, ambos esgotados. O primeiro foi para Cabo Verde cheio de convidados, o segundo veio de Londres com 4 turistas e o resto composto por jornalistas e operadores turísticos. Estes ficaram preocupados, sem surpresa para quem conheça a região, com a falta de oferta de hotelaria na região. Recordemos como tudo começou.

Primeiro havia um aeroporto militar alemão abandonado. Depois, encomendou-se um estudo e inventou-se a necessidade de «reconverter» o aeroporto em «plataforma logística» para «carga recebida no porto de Sines, passível de ser transportada por meios aéreos, frescos agrícolas produzidos na zona de regadio do Alqueva e Andaluzia». Depois, para «viabilizar» a plataforma logística foi preciso torrar mais dinheiro no IP8 Sines-Beja. A seguir a carga de Sines e os  frescos agrícolas  não apareceram e inventou-se uma «plataforma turística». O passo lógico seguinte será «viabilizar» a «plataforma turística» torrando mais dinheiro em subsídios e incentivos para a hotelaria. E assim sucessivamente.

A qualquer mente não contaminada pelo síndrome de dependência do Estado, é óbvio, não conseguindo os governantes sequer governar eficaz e eficientemente a máquina administrativa do Estado, ser absurdo esperar que tomem decisões de investimento acertadas com o dinheiro alheio do qual nunca prestarão contas. Infelizmente, e esse é o peso que o país tem de arrastar, uma parte dos portugueses (a constante de Sócrates?) é completamente imune a este tipo de considerações e continua a esperar que seja positivo o saldo entre o que espolia aos outros contribuintes através do Estado e aquilo que lhe é espoliado pelo Estado.

24/05/2011

BREIQUINGUE NIUZ: De inexistente a longamente discutida em apenas 2 semanas

Afinal a redução da taxa social única que nunca teria sido considerada, apesar de estar no Memorandum of Understanding assinado pelo governo, e depois passou a estar «em estudo» e a ser uma descida «pequena e gradual», é agora em NY, pela boca do falecido ministro das Finanças, «uma matéria longamente discutida com a troika … e com certeza que vai implicar aumentos de impostos, nomeadamente impostos sobre o consumo».

Concurso de insultos à inteligência do eleitorado (5) – com a (quase) verdade nos engana

[Continuação dos exemplos reveladores de que as luminárias do PS consideram desprovido de inteligência o seu próprio eleitorado: (1), (2), (3) e (4)]

Da clique socrática já ouvimos de tudo para justificar o estado calamitoso da economia, o desemprego e a falência das finanças públicas. A crise internacional, as agências de rating, os especuladores, Frau Merkel, a oposição. Faltava-nos ouvir da boca do ministro mais credível depois da queda em desgraça de Teixeira dos Santos (daqui se intui a credibilidade dos restantes), a explicação mais pitoresca para justificar o agravamento das finanças públicas: «em 2009, os partidos queriam mais despesa e menos receita». Por acaso, surpreendentemente mais próxima da verdade se o plural «partidos» for convertido no singular PS.

DIÁRIO DE BORDO: Uma enorme ousadia e uma chocante falta de vergonha

Durante o debate de 6.ª feira passado, José Sócrates tentou, ao que parece (por recomendação médica eu não vi), entalar Passos Coelho abrindo o dossier das trafulhices e confrontando-o com o facto de uma empresa à época presidida por ele ter sido «condenada a pagar 60 mil euros por negligência devido a descargas de águas residuais».

O homem tem uma enorme ousadia e uma chocante falta de vergonha, felizmente para ele sem consequências, porque do outro lado estava um sujeito mais ou menos normal, que parece ter feito alguma coisa pela vida, tem um apartamento em Massamá pago com o seu dinheiro, em vez de um apartamento no Héron Castilho, pago não sabemos como, um sujeito que defende o ensino privado mas tem os filhos no ensino público, em vez de atacar como Sócrates o ensino privado onde tem os seus filhos (colégios Moderno e Alemão). Se tivesse de se confrontar com um seu semelhante, José Sócrates teria pela frente uma criatura destilando hipocrisia e fel e abrindo uma dúzia de pastas de arquivo com a pletora das suas trafulhices e trapalhadas que encheu os jornais nos últimos 6 anos, apesar do filtro da central de manipulação.

23/05/2011

A constante de Sócrates

Deve haver uma explicação para isso. Em quase todos os inquéritos de opinião e sondagens cerca de um terço dos inquiridos e sondados manifesta a sua admiração, ou confiança, ou avaliação positiva do querido líder que nos conduziu ao desemprego, à recessão, à falência, ao endividamento e ainda mente e deturpa com a maior das faltas de vergonha. Não admira que esse terço tivesse achado o mesmo da sua prestação no debate com Passos Coelho onde, para usar as palavras de Alberto Gonçalves, «ao longo de uma penosa hora, o eng. Sócrates revelou as costuras de um método que só funciona na cabeça dos devotos