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23/09/2024

Crónica de um Governo de Passagem (19)

Navegando à bolina
(Continuação de 18)

A cabala incendiária. O costume

Na conferência de imprensa de terça-feira passada, o Dr. Montenegro resumiu aos «interesses» que «sobrevoam» os incêndios florestais as consequências de décadas de desertificação do interior, impotência ou desleixo dos que ficaram, negligência das autoridades, a começar pelo governo, da ausência de algo que se possa chamar gestão das florestas, das políticas erradas de combate aos incêndios florestais, de que resultou a acumulação de combustíveis que só esperavam por temperaturas muito altas, humidades muito baixas e ventos muito fortes para produzir incêndios devastadores, circunstâncias meteorológicas de ocorrência provável em qualquer Verão.

Nada disso foi novidade, porque é o costume. São atribuídas as responsabilidade umas vezes aos madeireiros, outras aos eucaliptos e às celuloses, e, sempre, aos pirómanos. Ninguém se dá ao trabalho de explicar porque os pirómanos actuam pouco no Alentejo, apesar das temperaturas muito altas, humidades muito baixas e por vezes ventos muito fortes.

A cabala incendiária. A novidade

Novidade foi a encenação do aparecimento dos incêndios numa reunião extraordinária do conselho de ministros que lhes foi dedicada com a presença insubstituível de S. Ex.ª o PR.

O orçamento. O costume

Continuam os jogos florais a pretexto do orçamento que ainda ninguém parece saber o que virá a ser, mas toda a gente tem uma opinião definitiva sobre a coisa. Uns que tem de ser aprovado, outros que não pode ser aprovado, e ainda outros que talvez se possa cozinhar qualquer coisa.

O orçamento. A novidade

A novidade é que a CE adoptou um novo indicador central para aprovar os orçamentos que é crescimento médio da despesa líquida (sem os juros da dívida), que não pode no mesmo período ultrapassar o crescimento potencial da economia, isto é o crescimento máximo estimado que a economia pode atingir sem criar tensões inflacionistas. E é aqui que a porca torce o rabo porque, segundo o Conselho das Finanças Públicas (CFP), o crescimento potencial da economia entre 2025 e 2028 não deve ultrapassar 3,6% e o crescimento nominal da despesa líquida será de 4,2%. Acresce que segundo o mesmo CFP a entrada em vigor do IRS Jovem levará ao défice orçamental em 2026 o que dá ao Dr. Pedro Nuno um excelente álibi para não o aprovar.

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