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14/05/2022

Pro memoria (422) - O Dr. Rendeiro foi um pentelho na pentelheira socialista, um pentelho sem pedigree, filho de um sapateiro, só podia acabar assim

Pentelhos anteriores: PrimeiroSegundo e Terceiro.

Em retrospectiva:

Nos últimos meses as televisões e os jornais foram assaltados por resmas de jornalistas de causas, políticos comentadores e opinion dealers que nos intervalos de nos acagaçarem com a pandemia nos ensopam as meninges com os feitos do Dr. Rendeiro, como se de repente a criatura fosse o responsável por todos os desastres por que este país tem passado pela mão de vários governos, com um especial destaque para os governos do PS com os seus apparatchiks e toda a tralha que trazem pendurada e onde se penduram.

«(...) e quando a tendência do direito penal é para punir menos tempo, Rendeiro apanhou ao todo 19 anos de cadeia. Isto faz sentido? Faz, se analisarmos o fenómeno da ascensão social em Portugal. João Rendeiro continua a ser descrito como “filho de um sapateiro”. Este pecado imperdoável fez dele um milionário diferente de Ricardo Salgado, protegido pela dinastia de que era a cabeça e a providência, o distribuidor de fundos e de dinheiro, ao ritmo de milhões por mês, para manter o clã abastado e contente. João Rendeiro nunca teve uma das proteções nacionais que asseguram ou a impunidade ou o débil juízo moral.» (Clara Ferreira Alves, no Expresso)

Epílogo

«João Rendeiro, antigo presidente do BPP, foi encontrado morto na cela da prisão da África do Sul onde se encontrava em prisão preventiva, aos 69 anos. A notícia foi avançada pela CNN Portugal e confirmada pelo Observador junto de June Marks, advogada de Rendeiro, que se preparava para deixar de representar o antigo banqueiro por falta de pagamento pela sua representação legal. “Os fundos dele esgotaram-se há quatro dias.”» (Observador)

Suicidado ou assassinado? Na pior prisão da África do Sul, com uma população prisional dez vezes superior à lotação, numa cela com mais umas dezenas de prisioneiros, é igual ao litro. Enquanto isso, comparem-se os 43 milhões que ainda faltam recuperar do BPP do Dr. Rendeiro com os milhares de milhões do GES de um Dr. Ricardo Salgado possuidor de um currículo criminal muito mais extenso, dispensado de comparecer em tribunal, fazendo férias na Sardenha, tratado com reverência respeitosa pelo jornalismo de causas, que chama para o seu julgamento dezenas de testemunhas entre as quais um ex-primeiro-ministro, o presidente do BdP e outras luminárias. Às eventuais condenações do Dr. Salgado nos vários processos em que é arguido seguir-se-ão recursos que muito provavelmente lhe permitirão bater a bota em descanso na sua confortável mansão.

Moral da estória

Os ricos são todos iguais mas há uns mais iguais do que outros, tudo dependendo se nasceram filhos de sapateiros ou de banqueiros.

2 comentários:

António Ladrilhador disse...

Associo mais a questão da fuga ao problema estrutural de educação que, manifestamente, afeta grande parte da nossa sociedade.
https://mosaicosemportugues.blogspot.com/2021/11/rendeiro-no-rescaldo-de-uma-fuga.html

Bilder disse...

Acho que os tribunais(e as leis) por cá não vão resolver nada a sério,então era mandá-los todos de férias para a Africa do sul.