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07/08/2020

TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: Os portugueses que trabalham fora de Portugal não precisam de idiotas

«António Rolo Duarte – candidato a uma bolsa da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), que nem tinha a garantia de que a iria obter – dizia que estava a angariar dinheiro porque “a atribuição da bolsa que lhe financiaria o doutoramento na Universidade de Cambridge tinha sido adiada indefinidamente”» (Público)

Rita Carreira, que vive há décadas nos EUA, escreveu sobre esta parvoeira um post que me dispensa de acrescentar seja o que for. Aqui vai a tradução:
  
«Nos últimos dias, vi ser mencionada uma colecta de fundos por António Rolo Duarte, um rapaz que decidiu estudar história portuguesa em Inglaterra à custa dos contribuintes portugueses, mas afirma que a sua bolsa foi adiada indefinidamente. Há algumas coisas que me vêm à mente.

Primeiro, se você vai estudar história de Portugal, por que precisa ir para o exterior? Não ficaria melhor se ficasse em Portugal e convidasse um professor estrangeiro para a sua comissão? Isso é o que faz mais sentido para mim. Por exemplo, nunca vi um estudante americano ir para o exterior para estudar uma questão americana, mas vi estudantes americanos irem para o exterior para estudar questões que dizem respeito ao país para onde vão. No máximo, faria sentido ir à Inglaterra estudar um trecho da história portuguesa que tivesse a ver com a Inglaterra.

Em segundo lugar, como é que isto serve o interesse público dos contribuintes portugueses? Trata-se de um tema que o aluno não conseguiria pesquisar em Portugal, pelo que os contribuintes precisam de financiar o acesso a um lugares/especialistas estrangeiros? 

Terceiro, se uma universidade estrangeira o convida para fazer um Ph.D., por que ela não facilitaria o acesso ao financiamento interno por meio de bolsas de estudo ou estágios? Se você é tão bom que eles o convidam para ficar, então eles obviamente sentem que têm algo a ganhar com o seu trabalho, então eles deveriam estar dispostos a pagá-lo pelo seu doutoramento. Basta escolher um tópico para o qual eles possam proporcionar-lhe financiamento ou um estágio de ensino. 

Em quarto lugar, a motivação para esta angariação de fundos parece basear-se na mentira e na deturpação da conduta de uma entidade pública portuguesa. Presumo que a sua bolsa será cancelada e que terá de enfrentar dois processos: um por fraude e outro por difamação, nos termos do artigo 187.º do Código Penal Português.

Quinto, ele deveria ser expulso do doutoramento. Um aluno que exibe este tipo de comportamento e falta de moral não deve obter o título de doutor. 

Em sexto lugar, tenho pena da família dele, que tem de suportar as suas birras públicas e estou chateada pelo seu comportamento fazer os portugueses ficarem mal no estrangeiro. Nós, as pessoas que trabalhamos fora de Portugal e fazemos o nosso melhor para nos retratarmos a nós mesmos e ao país da melhor forma possível, não precisamos de idiotas que nos façam parecer mal.»

1 comentário:

Afonso de Portugal disse...

«Quinto, ele deveria ser expulso do doutoramento. Um aluno que exibe este tipo de comportamento e falta de moral não deve obter o título de doutor. »

O resto do comentário da Sr.ª Rita é aceitável, mas esta parte é absolutamente condenável. O que tem o mérito académico ou falta dele a ver com a conduta moral ou mesmo criminal das pessoas? Se o Einstein tivesse sido um violador ou um ladrão, a Teoria da Relatividade deixaria de ser válida? É claro que não!

Haja a decência e o civismo de separar as pessoas do seu trabalho. Senao cairemos no mesmo "erro" dos esquerdistas que despedem pessoas por apoiar Trump ou por serem contra a ideologia de "género".