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20/04/2020

Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (28) - Em tempo de vírus (VI)

Avarias da geringonça e do país seguidas de asfixias

Senhor Contente, Senhor Feliz, a mesma luta?

Aproprio-me outra vez desta rábula, que me parece perfeita para etiquetar o par a quem competiria conduzir os trabalhos de desencalhe do Portugal dos Pequeninos requeridos por erros nossos e a má fortuna, mais os primeiros do que a segunda, e que, em vez disso, o estão a encalhar cada vez mais.

Um e outro dedicam-se agora à competição de popularidade, nela usando nela o talento que o Senhor lhes emprestou para produzir sound bites em entrevistas, aparições e eventos em que se desdobram todo o santo dia. Chegará a altura em que tentarão empurrar um para o outro as responsabilidades pela provável maior crise económica desde Dona Maria II, sendo certo que neste momento a balança pende mais para o lado de S. Exª. que, movido pela hipocondria e pela compulsão irreprimível de protagonismo, inventou um estado de excepção mais apropriado a um PREC do que a medidas para combater uma gripe.

Mestres do ilusionismo

Em intensa competição com S. Ex.ª, o Dr. Costa aviou em menos de um mês uma dezena de entrevistas e conferências de imprensa e até fez uma performance na "Cristina" e outra no "Goucha". E ainda teve tempo para fazer o número do rebelde sem causa, contrariando Bruxelas e convidando os portugueses a fazer férias cá dentro. Atingiu o pináculo da prestidigitação tirando da cartola, a propósito dos aumentos da função pública, núcleo central da sua freguesia eleitoral, a fórmula «pode não haver condições, como pode haver». Teria feito sucesso nos tempos em que nas feiras da província, regiões a que hoje se chama interior, eram animadas por uma criatura a quem chamavam "vendedor da banha da cobra".

O Lehman Brothers do Dr. Costa

Ponto de situação em constante actualização: 66 mil empresas em lay-off; um milhão de trabalhadores em lay-off,  353 mil desempregados. «Tudo somado» diz o Dr. Centeno são 20 mil milhões de euros só este ano. Tudo somado? Nem pensar. E ainda ao que somar à soma há que subtrair a quebra da produção de bens e serviços que resultante das medidas criadas pelos medos e falta de coragem da dupla Senhor Contente, Senhor Feliz.

Perguntava há um mês e meio o outro contribuinte se o Covid-19 não seria para o Dr. Costa o que o Lehman Brothers foi para o Eng. Sócrates. E eu respondo, sem dúvida, embora com algumas diferenças, a começar pela génese de crises profundamente diferentes e a acabar na quebra de produção que vai ser um múltiplo da crise de 2011. Há contudo uma coisa em comum: o Dr. Costa tentará usar a pandemia como o Eng. Sócrates usou o Lehman Brothers, isto é como um álibi para então justificar anos de desgovernação e, no caso presente, para justificar medidas de combate à pandemia inadequadas e excessivas que estão a matar a economia.

«Nunca estivemos tão bem preparados»

O Dr. Centeno não tem as desculpas dos ignorantes para dizer estas baboseiras, quando na UE28 somos em termos de posição líquida de investimento internacional o 2.º país mais vulnerável, a seguir ao Chipre, e o 3.º na dívida pública, a seguir à Grécia e Itália (segundo o Expresso que em matérias de mostrar buracos é uma fonte credível).

«Estamos preparados»

Não vou insistir nas máscaras, que é um case study da desorientação do ministério da Saúde e está relatado aqui em detalhe pelo Observador. Em vez disso, vou sugerir a leitura das actas das reuniões do estado de emergência ou, para simplificar, a leitura desta peça também do Observador. É todo um rosário de falta de equipamento, de falta de testes, de descoordenação, de desorganização, de urgências confundidas com importâncias e de miudezas com grandezas. Enfim, a constatação do não estamos preparados.

Na impreparação há, porém, uma coisa que não falha. É, não podendo exterminá-los, aproveitar "os privados" para tapar os buracos do SNS para na curva seguinte lhes tirar o tapete. Foi o que fez mais uma vez a ministra ao encaminhar os infectados para os hospitais privados para de seguida se recusar a comparticipar nesses custos que tiveram de suportar eles próprios.

Confinamento estatístico

Foi com esta colorida expressão que investigadores denunciaram o escamotear da informação sobre os impactos das medidas tomadas contra a pandemia no que respeita ao trabalho e emprego, a acrescer às acusações de autarcas de que «os números da DGS são inferiores aos reais» o que a ministra tenta «impor a lei da rolha».

Boa Nova

Prosseguem incansavelmente os anúncios de que ninguém se vai lembrar em pouco tempo, e podem por isso ser em breve ser repetidos, sem que a imprensa amiga dê conta: «Três mil milhões de obras públicas prontos para lançar» e «Estado duplica valor das linhas de crédito para as empresas»

Avariando ainda mais o elevador social

A única justificação aceitável para a existência de um sistema público gratuito de ensino é proporcionar oportunidades aos jovens com talento que não nascem no selecto grupo do esperma sortudo, como lhes chamou W. Buffett. Para desempenhar esse papel, o ensino não pode ser facilitista e tem de ser exigente, o que já deixou de ser, contaminado pelas políticas esquerdistas, pela "identidade de género" e todos os delírios do politicamente correcto. Para ajudar à festa, o governo do Dr. Costa resolveu manter confinados os seres com o sistema imunitário melhor preparado para combater qualquer infecção e mandar até às suas casas a telescola. É um excelente caminho para tornar mais miserável a aprendizagem dos filhos dos pobres a quem a ignorância dos pais ofereceu certamente um smartphone, parecido com o dos ricos para fazer jogos, mas não um portátil. Sim, «quase um terço dos alunos do ensino básico não tem equipamento».

Uma luminária socialista a gerir seja o que for é meio caminho andado para a falência

Não devemos culpar o Dr. Francisco George, um velhinho omnipresente na saúde "socialista" há décadas, que tem a vocação habitual das luminárias socialistas para gerir seja o que for, isto é nenhuma. Devemos responsabilizar quem o nomeou para presidente do Hospital da Cruz Vermelha que, dizem os profissionais que lá trabalham, está a caminhar para a falência pela mão segura do Dr. George. Este talvez possa ser desculpado por ter pensado que, se um dia foi presidente do hospital a esposa do Dr. Mário Soares - em seu tempo uma excelente actriz a que não se conheceram dotes de gestora - não haveria razão para ele próprio não o ser.

1 comentário:

Ricardo disse...

E enquanto o pagode luso vai sendo distraído pela dupla de "artistas"(e pelo circo socialista e afins)a China pula e avança https://www.thelibertybeacon.com/2019-house-intel-committee-testimony-warned-of-chinas-expanding-tyrannical-influence/