Quem só tem um martelo vê todos os problemas como pregos é o título de uma série de posts deste blogue que talvez explique a fé de inúmeras luminárias nos efeitos miraculosos de «ligar as rotativas em Frankfurt 24-sobre-24 horas, imprimir moeda e distribuí-la pelos países» para responder a uma crise que consiste essencialmente numa quebra da produção de bens e serviços resultante do confinamento obrigatório e da suspensão da maioria das actividades e, no caso português, em que o turismo representa directa e indirectamente mais de um quinto do PIB, de uma quebra da procura externa que não se resolve dando dinheiro aos turistas para visitarem Portugal.
Ou dito de outro modo, é difícil entender a fé em medidas, como o helicopter money, que talvez pudessem ser eficazes em resposta a uma recessão provocada por uma queda da procura mas que de pouco servem para aumentar a oferta, nem mesmo a oferta externa pois trata-se de uma pandemia que afecta todos os nossos parceiros comerciais. De que serve o dinheiro se não houver onde o gastar?
Quereis uma medida eficaz? Multiplicai os testes, aceitai uma letalidade mais elevada da pandemia (ou talvez apenas mais concentrada no tempo) limitando o confinamento aos infectados não curados e às pessoas com maior risco. É difícil? Sim e exige coragem cuja oferta também é escassa. Ainda assim, iria doer.
Quando não se dispõe das rotativas de Frankfurt e à pala da pandemia se tenta a mutualização da dívida, chutando o problema para Bruxelas ou Frankfurt, pode dizer-se o que escreveu a Economist:
«Manter as pessoas seguras é, afinal, a principal preocupação de um Estado. A saúde é da competência dos governos nacionais, de acordo com os tratados da UE . (...) Neste caso, a responsabilidade é clara. As acções dos governos nacionais determinarão quantos vivem ou morrem. Reclamar que a UE está a falhar em ajudar em questões de saúde é como comprar um gato e queixar-se que ele não corre para apanhar o pau.»ACTUALIZAÇÃO (Sugestão ao governo português, em alternativa a andar pedinchar dinheiro)
A ministra da Saúde britânica anunciou o objectivo de 100 mil testes por dia no final deste mês e confirmou que o governo está a ponderar emitir «certificados de imunidade», permitindo aos seus detentores comprovar que estiveram infectados e estão imunizados e, portanto, podem voltar a trabalhar.
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