No Estado Novo as eleições eram uma mera formalidade, a Situação não precisava de apresentar obra feita para ganhar as eleições, ganhas à partida na secretaria, e os situacionistas tinham tença garantida.
No Estado Sucial pós-PREC as eleições são disputadas e os principais partidos candidatos a gerir o Estado Sucial batem-se não por visões ou políticas alternativas mas por ocuparem os lugares disponíveis e garantirem uma tença aos seus novos situacionistas.
Até à bancarrota do Estado Sucial, promovida pelos sociais-situacionistas do PS, a obra feita pelo governo incumbente e inaugurada com grande foguetório, era vista como um argumento eleitoral de peso. Foi assim com os governos de Cavaco Silva, com os de Guterres, antes da sua fuga do pântano, e com os de Sócrates, antes da sua fuga para frequentar Sciences Po e viver na sua maison à Passy, 16ème Paris.
Passos Coelho, talvez por falta de convicção e seguramente por falta de dinheiro, inaugurou um novo paradigma onde no lugar da obra feita se fazem promessas de amanhãs que cantam. Neste novo paradigma, na campanha para as eleições de 2015, Costa bateu irremediavelmente Passos Coelho, o que não evitando que perdesse as eleições evitou que Passos Coelho as ganhasse.
Na campanha em curso mantém-se o paradigma das promessas universais de amanhãs que cantam e, fruto de um marketing mix mais refinado, adicionou-se uma particularidade. Costa e os parceiros da geringonça apostam quase todas as fichas no eleitorado a que o falecido Medina Carreira chamou o Partido do Estado, funcionários públicos e pensionistas e respectivas famílias, o que por junto dá para vencer as eleições, e, depois de quatro anos a trazer ao colo esta freguesia, fazem-lhes agora promessas específicas para o seu segmento de mercado garantindo-lhes a continuação de um futuro radioso.
Assim, em síntese, em vez da obra feita, agora remetida para o nível autárquico, privilegia-se a freguesia eleitoral durante a governação, fazem-se promessas universais para o eleitorado em geral e promessas especiais para freguesia eleitoral.
Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
1 comentário:
Gostaria de saber porque chamam debates aos monólogos televisivos dos líderes dos partidos que, em conjunto, colheram 15% de votos nas europeias?
E porque não dão voz aos outros partidos que, nas europeias, tiveram, também em conjunto, quase 10% dos votos? Afinal eles só representam menos 5% do que estes que dominam o espaço mediático.
E, nas sondagens, onde estão os 75% de eleitores que não votaram em nenhum partido?
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