«Os portugueses não gostam de maiorias absolutas». Nós gostamos, mas fingimos que não gostamosDe tanto fingirem vão acabar a ter de gostar, porque até para os (alguns) eleitores portugueses há um limite e depois do desmoronar do castelo de Tancos de onde fugiram os ratos do regime, o PS vê mais longe a maioria absoluta. Uma semana depois, perde 3,5% nas intenções de voto e o PSD que chegou a 28,5% está agora nos 26,4% a 10,4% (fonte)
Tão amigos que nós fomos
Depois de ser pegado com Catarina Martins a propósito da paternidade/maternidade da geringonça que ambos disputam, Costa acabou a pegar-se com Rio que, depois de um ano e meio de grande convergência, viu no caso Tancos a sua oportunidade de aumentar a sua esperança de vida política concluindo o óbvio: ou bem Costa sabia e é mentiroso, ou bem Costa não sabia e é incompetente. De caminho, deixou cair mais um dos seus princípios éticos, na circunstância o de que se deve deixar funcionar a justiça e não antecipar condenações na praça pública.
O Estado sucial tem de ter instituições socialistas
Desde logo uma justiça compatível e daí a preocupação de Costa (Marcelo deu uma ajudinha) em não renovar o mandato de Joana Marques Vidal. Já está a dar frutos. O parecer do Conselho Consultivo da PGR pedido por Costa sobre a lei das incompatibilidades «inventou um novo método de interpretação das leis: a interpretação irreal. Ou seja aquela que mais se afasta da literal» confirmando o que mais convinha a Costa e à família socialista que parasita o Estado Sucial.
Também é fundamental que o Estado Sucial seja ocupado por socialistas encartados e daí a preocupação de Costa (esperemos para ver se Marcelo dá uma ajuda) em exterminar um órgão criado pelo governo "neoliberal" nos finais de 2011 - a CRESAP (Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública). Para já está no programa eleitoral a revisão do modelo de nomeação dos dirigentes do Estado Sucial.
Sem esquecer os mídia, onde em algumas aldeia gauleses "astérixes" ainda resistem à ocupação socialista. Sem o controlo total dos mídia haverá ministros a quem jornalistas irresponsáveis apontam o dedo fazendo baixas nos governos e na administração pública. Vinte secretários de Estado e cinco ministros caíram em quatro anos e só no caso de Tancos, além de um ministro, há vários militares e meliantes variados, incluindo o "Fechaduras" (não há a certeza se estes últimos fariam parte da administração pública).
As dívidas não são para se pagar, foi isto que ele aprendeu
Pode ser difícil de acreditar que o ministro das Finanças de um país que tem uma das dívidas mais elevadas em todo o mundo e a terceira na UE28 e voltou a ser revista em alta diga que quer ver «Portugal na Liga dos Campeões» da dívida. E não, ele não estava a ironizar.
Hoje há conquilhas, amanhã não sabemos
De Londres vê-se melhor. Horta Osório veio cá visitar-nos e de caminho avisou-nos que não podemos ser complacentes com uma dívida total que quase chega aos 300% e vem aumentando todos os anos, apesar das empresas e das famílias estarem menos endividadas. É claro que isto é igual ao litro para os ouvidos da esquerdalhada que vê nos amanhãs que cantam os banqueiros a borrarem-se de medo e, sofrendo de inumeracia terminal, não conseguem interpretar indicadores como os do quadro abaixo que nos mostra cada vez mais descapitalizados, menos produtivos e a consumir cada vez mais. Desta vez também não vai acabar bem, não é verdade?
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| Avelino de Jesus |
E, falando de consumir cada vez mais, o consumo privado ultrapassou em 2018 o máximo atingido em 2008 e a coisa veio para ficar porque a confiança dos consumidores potenciada pelo ilusionismo costista-centenista aumenta há seis meses.
E, falando de consumir cada vez mais, falamos de importar cada vez mais, porque 40% do consumo é procura externa e é bom para a economia dos outros países. E se falamos de importar cada vez mais falamos de aumentar o défice da balança comercial agora novamente crónico.
E, falando de consumir cada vez mais, falamos de poupar cada vez menos: a poupança das famílias desceu para 5,9% do rendimento disponível no segundo trimestre, menos duas décimas que no trimestre anterior.
E, falando de poupar cada vez menos, falamos investir cada vez menos (a menos que os estrangeiros invistam, claro), e se falamos de investir cada vez menos, falamos de uma produtividade estagnada ou em queda, e se falamos de uma produtividade estagnada ou em queda, falamos de... o resto é conhecido.
Boa Nova
A uma semana das eleições não poderia faltar uma boa nova. O anúncio do aumento das pensões que se tornará possível com outra boa nova, a «pequena revolução de crescimento com dados impressionantes», como chamou Centeno ao fenómeno que a seguir trato.
O crescimento contabilístico a que o Ronaldo das Finanças chama “pequena revolução de crescimento”
Como dizem os galegos «eu non creo nas meigas, mais habelas hainas», e neste caso as bruxas foram a revisão dos critérios metodológicos de cálculo do PIB que são revistos em cada 5 anos e, logo por um grande acaso, o aumento do PIB em 2017 e 2018 calculado em função da dessa revisão foi divulgado na semana anterior às eleições.
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| Expresso |
O que apesar de modesto e nos deixar praticamente na mesma atrás de quase todos os países com que nos temos de comparar, foi aproveitado por Centeno e pelo governo para embandeirar em arco com um aumento que resulta de coisas como a alteração do método de cálculo do consumo de activos intangíveis (propriedade intelectual como patentes, software, marcas), a consideração de parte das vendas de veículos como investimento, entre outras. Finalmente são louvados os estaticistas que se ocupam das contas nacionais, (uma subespécie de contabilistas com um bocadinho mais de estilo) tão desprezados pela esquerdalhada quando ficam evidentes os resultados da sua governação.
Ainda não é o mafarrico, mas já se sente o cheiro das brasas
Mesmo depois do crescimento contabilístico, a produtividade revista cresceu entre 2016 e 2018 apenas 0,4%, 0,2% e 0,1%, continuando a uma distância enorme da média europeia sem esquecer que entre 1995 e 2018 a produtividade portuguesa desceu de 68,0% da média para 64,1% (ou um pouco mais depois desta revisão.
O estado do Estado Sucial sob administração socialista
Ainda não é um balanço da governação costista, que a seu tempo tentarei fazer, são apenas três referências soltas. A primeira refere-se à espantosa mistificação que foi apresentar a redução do horário semanal dos funcionários públicos de 40 para 35 horas como não tendo impacto orçamental. É uma mentira tão grosseira que só uma oposição incompetente, um jornalismo alinhado e oficioso e um eleitorado analfabeto poderiam deixar passar em branco. Veja-se o resumo no último post da série «A reversão para as 35 horas não iria custar nada».
A segunda referência, é a responsabilidade partilhada com governos socialistas do PS-D (incluindo numa escala menor o último), a manutenção do elefante branco do sector público empresarial que com as suas 188 empresas, que vão de lojas, mediação de seguros, etc. até um autódromo, que geram um prejuízo mastodôntico de centenas de milhões e detêm uma dívida de 30 mil milhões. Se a isto juntarmos a Caixa e os 50% da TAP e as 200 empresas municipais temos o maior grupo do país, o complexo político-empresarial socialista, ou, para citar Luís Marques, «um enorme sorvedouro de recursos públicos, um monstro ineficiente e que, em muitos sectores, distorce a concorrência. É também uma máquina de poder e de distribuição de poder. Não é por acaso que este tema está ausente da atual campanha eleitoral. Todos querem esse poder. Ou parte dele.»
A terceira referência é a enorme carga fiscal necessária para sustentar o Estado Sucial ineficiente e omnipresente. Mesmo depois da revisão do PIB (ver o ponto acima) a carga fiscal de 2018 continua a ser um recorde de 34,9% do PIB e a subir porque a execução orçamental até Julho mostra um aumento da receita fiscal de 1,5 mil milhões para 25 mil milhões.
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