«Foi criada a ideia de que Trump foi eleito por uma América branca e racista, uma América empenhada em destruir o legado do primeiro presidente negro, empenhada em destruir a coligação politicamente correta das minorias raciais e sexuais. O maniqueísmo da narrativa é total: o império branco, racista e cristão "versus" a multidão das minorias oprimidas. Problema? O lero-lero não bate certo com a realidade. Em primeiro lugar, a participação eleitoral dos brancos não aumentou em relação ao passado; não houve uma intifada branca nas urnas; Trump não despertou da abstenção hordas de racistas adormecidos. Em segundo lugar, Trump subiu a votação do Partido Republicano junto de negros, hispânicos e outras minorias e, nesse sentido, a sua percentagem de voto branco é inferior à de Romney. Estes factos tornaram-se tabus, porque no reino do politicamente correto são equivalentes à suspensão das leis da Física.
Em 2016, a participação eleitoral dos brancos foi idêntica à de 2012 (quando Obama foi reeleito) e foi até mais baixa do que em 2008 (quando Obama foi eleito). Romney teve maior percentagem de voto branco do que Trump. Trump teve maior percentagem de voto de negros, hispânicos e asiáticos do que Romney. Trump conseguiu a maior percentagem de voto negro dos republicanos desde 2004. Como dizia há dias Musa Al-Gharbi na "American Conservative", estas são verdades incómodas, porque dizem algo muito simples: a revolta contra a pressão social e intelectual do politicamente correto é transversal, não é um nicho de brancos; há negros, hispânicos e asiáticos igualmente enfurecidos com os dogmas do politicamente correto, que se tornou a linguagem legítima ao nível das elites; a revolta contra o "identity politics" do Partido Democrata é uma revolta que abrange a cidadania americana por inteiro.
O espantoso é que, apesar desta realidade factual, foi criada a narrativa de que o homem branco é sempre um racista em potência. Sucede porém que a esmagadora maioria dos brancos não votou Trump. 27% votaram noutro candidato (Clinton, Johnson), 37% ficou na abstenção. Como é que daqui se pode inferir a existência de uma América branca e racista? Mais: como é que se pode argumentar que os 36% de brancos que votaram em Trump são todos racistas? Como é que se pode provar que o seu voto é uma revolta racista? É uma generalização sem qualquer base factual, é abusiva e, sim, preconceituosa. E um erro. Contudo, se fosse feita em relação a negros, por exemplo, esta generalização seria vista como um mero erro, seria encarada como uma calúnia racista reveladora da conspurcação do sonho americano pela xenofobia, ou qualquer coisa assim.»
«O mito do omnipresente racismo branco», Henrique Raposo no Expresso Diário
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Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
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Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
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29/09/2017
Mitos (264) - O racismo branco como "facto alternativo" do agitprop da esquerdalhada p.c.
Etiquetas:
Desconformidades,
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