Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

18/03/2016

Mitos (224) – A mitologia anti cavaquista produzida pelas luminárias do regime

«Uma razão central do nosso atraso relativo está na má qualidade da classe intelectual. Há séculos que dirigentes e pensadores se deixam levar por fábulas e emoções, normalmente elegantes e convincentes, mas com pouca aderência à realidade. Os tempos rodam, o disparate torna-se evidente, mas então já a geração seguinte de analistas anda intensamente ocupada em criar novos mitos, que alimentam erros subsequentes.

Da epopeia do eldorado ao sonho sebastianista, do iluminismo tacanho ao esquerdismo arrasador, do salazarismo subserviente ao europeísmo ingénuo, os nossos brilhantes doutrinadores sempre andaram alheios à realidade e ao interesse nacionais.»

Começa assim o artigo de opinião «Mitos convenientes» de João César das Neves no DN sobre o anti cavaquismo epidémico que assolou a opinião publicada nos últimos anos e contaminou a opinião pública. Contaminação facilitada pelo ressabiamento devido às medidas resultantes da bancarrota socrática que, ao invés de cair sobre os responsáveis e os seus sucessores do mesmo partido, caiu sobre o governo PSD-CDS e, por tabela e apesar dos seus esforços iniciais para fugir com o rabinho à seringa, caiu sobre Cavaco Silva, ampliado pela sua proverbial aselhice.

Antes de passar aos mitos, faço uma declaração de interesse, inútil para quem leia regularmente o (Im)pertinências: não tenho afinidades ideológicas ou políticas com Cavaco Silva, nem simpatia pessoal, nem animosidade pela criatura. Frequentemente, o (Im)pertinências foi muito crítico das acções (e das omissões) de Cavaco Silva.
  • Mito Um - «a nossa agricultura, pesca e indústria foram desmanteladas a mando de Bruxelas», durante os mandatos de Cavaco Silva; 
  • Facto Um - «o produto agrícola não caiu nesses anos, antes subiu 20% acumulados, as pescas 18%, a indústria 57%»; 
  • Mito Dois - foi uma desgraça porque «o emprego caiu 20% na agricultura, 25% nas pescas e 4% na indústria transformadora»; 
  • Facto Dois - «Isto chama-se aumento de produtividade …Nesse período o emprego nos serviços aumentava 30%, absorvendo os trabalhadores dispensados»; 
  • Mito Três - «o sucesso cavaquista se dever exclusivamente aos fundos estruturais»; 
  • Facto Três - «o total acumulado de dinheiro obtido desde a entrada na CEE, em 1986, até 1995 (líquido do que pagámos) representou uns impressionantes 21% do PIB. Mas nesses anos o produto português aumentou 56% acumulados … nos dez anos seguintes, de 1996 a 2005, Portugal voltou a receber os mesmos 21% do PIB, mas o crescimento foi só de 29%.»; 
  • Mito Quatro - «nossa desgraça vem da entrada no euro, de que Cavaco Silva é o único responsável»; 
  • Facto Quatro – entrámos para a Zona Euro «mais de três anos depois de ele sair do poder».

1 comentário:

luis barreiro disse...

E quem assinou para que a nossa agricultura, pesca e indústria fossem desmanteladas a mando de Bruxelas, foi o bochechas.
Como já li na net: quando a notícia é sobre as vantagens de termos entrado na cee, aparece a imagem do bochechas, quando a notícia é sobre desvantagens aparece a imagem do cavaco na nossa comunicação social, e assim se vai educando um povo ignorante para o qual os factos não interessam.
PS. também não gosto do acabado silva.