Outras avarias da geringonça.
A semana que passou foi marcada pelos equívocos e apagões de memória relacionadas com as intervenções do governo na banca. Para não me repetir, remeto para o apagão (1) e o apagão (2).
Devemos ficar agradecidos ao Conselho de Finanças Públicas e à sua presidente Teodora Cardoso por estar a conseguir manter as distâncias em relação à manobra da geringonça, colocando em dúvida as previsões miraculosas em que se fundam as políticas de Costa-Centeno e antecipando no estudo «Finanças Públicas: Situação e Condicionais 2016-2020» que com o OE 2016 e as medidas previstas o crescimento económico e a criação de emprego irão abrandar.
Em consequência, a evolução da dívida pública irá piorar uns 6% em relação às previsões anteriores (125,6% do PIB em 2020 contra 121,0% em 2019 na previsão anterior). À dívida pública assumida haverá a somar os passivos contingentes (garantias prestadas, passivos de PPP fora do balanço e de empresas públicas não reclassificadas, mais crédito malparado) que segundo o Eurostat atingem quase 93% do PIB.
O ministro de Educação no intervalo de re-vogar as medidas do seu antecessor – e até as suas – anunciou que se propõe agora re-pôr o programa «Novas Oportunidades» do saudoso José Sócrates que, como se sabe, consistiu em distribuir umas centenas de milhar de diplomas do ensino secundário a umas almas que mal sabiam ler e desconheciam a tabuada e desta forma ajeitar as estatísticas que nos punham na cauda da Europa quanto a diplomados do ensino secundário.
Numa coisa a geringonça tem tido imenso sucesso: a sua «boa imprensa» continua a melhorar. Há todos os dias exemplos mas escolho um pouco óbvio que é o da privatização da TAP e da concessão dos transportes públicos: depois de longos meses de indignações e denúncias das negociações do governo neoliberal de direita, a geringonça «chega a acordo com Pedrosa [Barraqueiro] e Neeleman sobre a TAP… deixa entrar chineses no capital da TAP… (e) Barraqueiro fica na Metro do Porto por mais dois anos sem concurso público» (ver aqui tudo explicadinho neste post do Blasfémias). E esta heim?
Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
28/03/2016
Crónica da anunciada avaria irreparável da geringonça (24)
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